sexta-feira, janeiro 16, 2009

REGRAS BÁSICAS DE SEGURANÇA TRABALHOS COM CORTE E SOLDA


Muitas são as preocupações dos integrantes do SESMT. Por toda parte há riscos e perigos e muitas vezes nos sentimos perdidos sem saber ao certo para que lado devemos ir primeiro. Obviamente não há um receita única aplicável a todos os casos e tipos de empresas. Vale mesmo o velho bom senso aliado ao conhecimento técnico.
No que diz respeito ao conhecimento técnico, não é de hoje que ressentimos a falta de boas fontes de consulta; a literatura destinada à prevenção de acidentes é ainda muito restrita e dentre as poucas existentes a grande maioria ainda peca pelo conteúdo essencialmente teórico de difícil aplicação no dia a dia.
No tocante ao bom senso a coisa torna-se ainda mais difícil Importante mencionar nesta parte do texto que no nosso entendimento nos cursos de formação falta ainda algo voltado ao aprendizado das técnicas de negociação - ou seja - preparar o profissional para saber oferecer o produto segurança de uma maneira mais moderna e consistente. Tais ensinamentos também seriam muito úteis em cursos oferecidos a muitos dos profissionais já formados.
Tenho especial preocupação com os colegas que chegam agora ao mercado de trabalho. Trazem em si muito boa vontade e uma carga imensa de conhecimentos teóricos - lamentavelmente ministrado algumas vezes pessoas que jamais atuaram no chão de fábrica. Encontram realidades confusas e complexas. Tem sido comum hoje em dia encontrar nos jornais anúncios classificados pedindo técnicos recém formados e por detrás de muitos destes anúncios há uma realidade oculta: a intenção de contratar alguém apenas para fazer frente as necessidades burocráticas sem atentar de forma mais firme para a grave condição de insegurança do chão de fábrica. Precisando do empregado, muitos destes colegas são maldosamente moldados pelas empresas e logo se tornam auxiliares de todos os assuntos, legando a prevenção a segundo ou terceiro plano. Esquecem no entanto, que a responsabilidade técnica continua sobre seus ombros e muitas vezes apenas lembram disso quando já é tarde demais.
O QUE MATA
Tenho conversado muito com colegas recém formados; Acho de suma importância para a prevenção de acidentes como um todo que tenhamos esta preocupação. Em comum tenho ouvido destas pessoas uma pergunta: - Por onde começar? A resposta tem sido única: - Por aquilo que mata 1 A resposta parece seca e obvia, mas na verdade não e.. Pode soar estranho dizer - comece pelo que mata! Mas na prática é o caminho correto num país onde a prevenção de acidentes ainda é descrita em algumas empresas como beneficio.
Neste ponto é importante lembrar algumas coisas. A primeira delas é que toda empresa quer ter uma “imagem” de empresa segura - ate ai nada contra - desde que não fique apenas na imagem. Com isso quero dizer, que algumas empresas tentam transformar o profissional de segurança do trabalho num verdadeiro “Vendedor de Ilusões” - Querem fazer crer que há segurança no local de trabalho apenas enchendo as paredes e quadros de cartazes; realizando as tais “palestras” onde se tenta convencer o trabalhador de que os acidentes ocorrem meramente por sua culpa quando na verdade o local de trabalho e suas condições impróprias são as verdadeiras causas de acidentes. Logo em seguida, impõe ao profissional técnico, funções policialescas, transferindo a responsabilidade da prevenção e os conflitos dos supervisores para os ombros do profissional de segurança. Obviamente, o profissional de segurança que tal como todos demais, precisam do emprego, acaba se sujeitando a tais situações - e não deve ser diferente já que se não o fizer outra com certeza o fará. Deve no entanto, zelar para que não perca de vista os objetivos reais de sue trabalho e saber de dentro destas adversidades ir aos poucos buscando seu verdadeiro espaço com muita habilidade e tato. Na verdade, empresas que agem desta forma são “doentes no tocante a prevenção” e precisam muito dos préstimos lúcidos de profissionais prevencionistas.
O que mata ? Na verdade tudo mata. Dizem os entendidos que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose. Pela prática aprendemos ao longo dos anos que todos os trabalhos merecem ser checados. No entanto, corre contra nós o fator tempo. De nada adiantará um belo e amplo programa de análise de riscos se em meio a tudo isso tivermos um acidente mais grave ou fatal. Com certeza raras são as empresas que teriam tal entendimento - e diante de um fato mais grave - certamente pagaria pelo evento o próprio profissional com seu emprego. Cabe então lançarmos mão do conhecido, ou seja pautar nossos trabalhos iniciais pela experiência geral, pela estatística ou outras fontes que tivermos disponíveis. Em tais fontes fica claro que o que mais mata são as quedas de altura, os choques elétricos e as explosões e incêndios. No que diz respeito às quedas, a própria legislação fornece dados que permitem com um pouco mais de atenção o desenvolvimento de ações capazes de controlar o risco; Estamos diante na verdade da lei da gravidade; No caso da eletricidade, há também boas fontes para consulta e o atendimento a NR especifica diminui bastante a possibilidade de acidentes. Já no caso das explosões e incêndios a questão é mais complicada visto que a possibilidade da ocorrência abrange uma variedade imensa de atividades e ações, que vão desde a simples limpeza de um piso com produtos inflamáveis até o processo industrial mais complexo. Em meio a isso: estão os trabalhos de corte e solda, sem dúvida algumas responsáveis por muitas tragédias ao longo da história, mas que infelizmente até hoje são realizados sem cuidados de segurança.
Sobre este tipo de trabalho, estaremos falando a seguir. Na verdade não temos como esgotar o assunto, mas com certeza estaremos fornecendo alguns caminhos para que se faça um bom trabalho.
CHAMAS ABERTAS E FAGULHAS
O que nas indústrias químicas - por serem conhecedoras dos riscos - é uma constante preocupação - na maioria dos locais de trabalho geralmente é tratado sem maiores cuidados. Na história das explosões - chamas abertas e fagulhas - são uma constante. Neste ponto a questão da ignorância assume uma importância fundamental; Ninguém quer uma explosão, mas raramente as pessoas associam que um simples fagulha pode ser causa de um acidente tão grave
É essencial que toda empresa tenha claramente definido e divulgado um procedimento a ser aplicado nos serviços de solda, corte, lixamento e outros trabalhos com chamas abertas ou que produzam fagulhas. Engano comum ocorre em algumas empresas, onde tais atividades não existem em seu processo produtivo, mas que ocorrem eventualmente em trabalhos de manutenção. O mesmo engano ocorre em empresas cuja atividade não exige a existência de uma equipe própria de manutenção, mas como em qualquer prédio ou instalação vez por outra ocorrem reparos e reformas feitos por terceiros. Portanto, o procedimento deve existir já que em algum momento , seja por empregado, seja por terceiro algum trabalho desta natureza vai ser realizado.
Vale citar aqui um caso conhecido de um Banco. Durante anos os empregados da faxina - de uma empresa terceirizada - adotaram por conta própria e para ganhar tempo na limpeza o uso de produtos inflamáveis. Isso causava incômodos e até mesmo chegou a gerar reclamações de alguns empregados do Banco. Certo dia uma outra empresa veio fazer a troca das ferragens das janelas dos banheiros e durante o trabalho necessitou fazer uso de solda. Ocorreu uma explosão. Não são tão incomuns quanto parecem casos de acidentes em estabelecimentos comerciais e mesmo residências pelo uso destes mesmos produtos e logo em seguida o uso de enceradeiras. Como se pode ver, por toda parte há riscos deste tipo.
O acidente do Banco poderia ter sido evitado tanto se os empregados da limpeza tivessem instruções adequadas quanto aos produtos - e fosse feita a supervisão dos trabalhos, como em especial se os contratados para realizar a solda fossem habilitados para operar este tipo de equipamento. Este deve ser o primeiro ponto de um procedimento para trabalhos com corte, soldas e similares - HABILITAÇÃO DOS EMPREGADOS. Tanto na realização dos trabalhos internamente, como na contratação de serviços devemos EXIGIR que tais profissionais possuam certificado de participação em curso especifico. Além disso, devemos ter o mesmo procedimento com relação à exigência de treinamentos para prevenção de acidentes, primeiros socorros e Prevenção e combate a incêndios. Agindo desta forma, com certeza estaremos minimizando muito os riscos de acidentes. Caso em sua empresa existam muitas pessoas treinadas para este finalidade, recomenda-se a criação de um banco de dados para controle das mesmas e até mesmo a emissão de uma identificação especifica para tais empregados. Uma questão importante é definir um critério de tempo para validade destes comprovantes de habilitação, já que pode ocorrer de profissionais com treinamentos feitos há muito tempo não conhecerem tecnologias e processos mais modernos. Recomenda-se que a validade não seja superior a dois anos, mesmo tempo que devemos tomar como referência para programarmos reciclagens para os empregados da própria empresa.
Um outro ponto importante e a questão dos EPI utilizados pelos soldadores - assunto amplamente tratado pela literatura especifica - mas que raramente mencionam que estes devem estar isentos de óleo, graxa e líquidos inflamáveis. Por mais obvio que pareça, na prática isso raramente é checado
SISTEMA DE CONTROLE
As OS (Ordens de Serviço) são muito comuns nas grandes empresas, onde recebem inclusive outros nomes conforme a organização local. Através delas busca-se garantir que todos os trabalhos que impliquem em maiores riscos sejam controlados e em alguns casos submetidos previamente a analise do SESMT. Cabe aqui ressaltar que trata-se de uma verdadeira faca de dois gumes, visto que o profissional deve ter convicção de que seu conhecimento técnico irá mesmo contribuir para a realização do trabalho mais seguro, caso contrário, passará a ser mais um documento desfavorável no caso de um acidente.
Prevenção de acidentes deve ser algo que contribua para o bom andamento das coisas, jamais deve ser um empecilho burocrático. O entendimento real passa pela utilidade que temos de garantir a continuidade do processo e atividades da empresa e não ficar gerando proibições absurdas. Com isso quero dizer que na definição de um sistema de OS devemos deixar claro quais as áreas estão submetidas a este processo. Obviamente existem áreas regulares a esta finalidade, tais como cabines, bancadas ou áreas designadas onde a presença de chamas abertas é normal, comum e segura, o mesmo ocorrendo em locais onde a solda é o processo em si. Entende-se, que tais locais esteja dotados de sistemas de exaustão e outros meios preventivos, como no caso das soldas a arco elétrico - os biombos - para impedir a propagação de radiações.
For a estas situações acima mencionadas, geralmente os demais trabalhos devem ser submetidos a autorização prévia. Atenção mais do que especial deve ser dada com trabalhos desta natureza forem ser realizados em espaços confinados, onde os riscos tomam-se potencialmente muito mais graves.
O procedimento para autorização dos serviços deve ser claro, escrito em linguagem compreensível pelos executantes. No caso de locais onde os riscos sejam constantes e significativos , o procedimento deve deixar claro logo em seu inicio que sempre que possível outros meios são preferidos nos casos onde o emprego de aparelhos de solda e lixamento possam ser substituídos. Importante também mencionar que sempre que possível os materiais ou peças a serem soldados ou lixados deverão ser removidos para locais mais apropriados.
Deve estar claro também neste procedimento, a necessidade de haver nas proximidades equipamentos para combate a incêndio - compatíveis a classe da operação, bem como as seguintes verificações:
a) No caso de piso de madeira deve ser providenciado o umedecimento do mesmo ou cobertura com areia. Cuidados especiais com divisórias de madeira.
b) Verificar a existência de encanamentos abertos, galerias de água e esgoto e outras aberturas que possam conter líquidos ou vapores inflamáveis.
c) Checar aberturas no piso e/ou frestas que possam possibilitar a passagem de fagulhas para pisos inferiores.
d) Verificar a utilização/realização nas proximidades de atividades com uso de tintas ou outros produtos inflamáveis, bem como e principalmente a existência de resíduos de líquidos inflamáveis ou outros materiais combustíveis.
e) Checar mobiliário e instalações que possam ser atingidas pelas chamas ou calor.
f) Em todos os casos, materiais inflamáveis devem ser retirados, quando não possível devem ser cobertos por mantas apropriadas. Como afastamento mínimo sugere-se à distância de 12 metros.
Nos casos mais complexos, deve se prever também a necessidade de acompanhamento seja por bombeiro industrial - no caso onde estes existam - ou mesmo pelo Brigadista de Incêndio. Tal presença pode ser decisiva para a contenção do fogo na sua fase inicial evitando um incêndio.
Devem ficar claros também que algumas situações, devido ao potencial de riscos, deverão ser tratadas como especiais. Isso vai depender muito da natureza da atividade desenvolvida, mas em comum: dutos de exaustão de cabines onde são utilizados materiais inflamáveis, tanques de óleo, tambores e latões anteriormente usados com líquidos ou gases inflamáveis. Etc.
OS EQUIPAMENTOS
Tão importante quanto aos controles realizados no homem e no método e o controle que deve ser feito nos equipamentos. Para a obtenção de um padrão de segurança deve ficar claro no procedimento alguns requisitos a serem exigidos. Mais importante do que o procedimento é a realização da verificação dos mesmos. Recomenda-se que no caso da contratação de serviços, a mesma seja realizada na chegada do equipamento e caso o serviço dure um certo tempo, periodicamente. No caso dos equipamentos da própria empresa deve ser criada uma sistemática de revisões, cuja freqüência não ser superior a 6 meses. Para ambos os casos, caso seja possível, facilita muito a geração de um meio (selo ou ficha) que permita a identificação imediata de equipamentos 0K
No caso dos equipamentos para soldagem a arco elétrico, devemos garantir que todos estejam aterrados durante todo o tempo de uso e que a fiação utilizada para conexão a rede elétrica esteja em perfeitas condições de uso, com ênfase em especial as possíveis emendas e seus isolamentos e que esta fiação não possam ser atingidas por veículos ou carrinhos manuais. Já os cabos de solda devem ter o mesmo tamanho e caso exista necessidade de emenda esta só pode ser feita por conector apropriado. Recomenda-se ainda que os meios de fixação dos cabos de solda sejam de bronze.
Já para as operações com oxiacetileno, devem observar pelo menos as seguintes regras:
Instalações em pontos fixos:
Nos terminais das tubulações onde são conectadas as mangueiras deve existir um registro de fechamento rápido e estes devem estar soldados na tubulação.
Após o registro de fechamento de acetileno, na extremidade da tubulação deve existir válvula contra retrocesso de chamas.
Após o registro de oxigênio, deve ser instalado um regulador de pressão de um estágio. Na tubulação de acetileno, a utilização de regulador de pressão deve ser feita na central de distribuição de gases.
No tocante as mangueiras devem ser seguidas as mesmas instruções mencionadas a seguir para os conjuntos portáteis.
Conjuntos Portáteis
Devem preferencialmente ser montados sobre um carrinho metálico, com rodas metálicas ou de borracha, dotado de separador entre os cilindros e suportes para fixação dos mesmos.
Neste carrinho deve haver ainda suporte para as mangueiras e um compartimento com orifícios de ventilação onde serão guardados os maçaricos. Recomenda-se que este compartimento seja trancado com cadeado.
Os cilindros só podem ser manuseados ou transportados com seus capacetes de proteção e mesmo quando vazios devem estar presos, sempre na posição vertical. Caso por algum motivo acidental o cilindro de acetileno venha a ficar na horizontal e necessário deixa-lo em pé por 24 horas antes de coloca-lo em uso. Cilindros com vazamento não devem ser utilizados, bem como deve ser proibida a transferência de gases de um cilindro para outro.
A abertura de válvulas dos cilindros devem ser feitas manualmente, sendo expressamente proibida a utilização de martelos e outras ferramentas.
Devem ser providos de reguladores de pressão, de dois estágios, sendo que a finalidade do primeiro e reduzir a pressão de entrada e a do segundo, através do parafuso de regulagem manual, reduzir a pressão do primeiro estágio para a pressão de trabalho desejada. No caso do acetileno a pressão nunca deve exceder 1,05 kgf/cm2.
O cilindro de acetileno deve sempre estar acompanhado de chave adequada que permita o rápido fechamento da válvula.
Para acender o maçarico deve ser utilizado um equipamento próprio ou isqueiro a gás jamais devendo ser utilizada chama, O conjunto deve sempre ser mantido for a do alcance das fagulhas e em hipótese alguma deve-se permitir que cilindros ou tubulações de oxigênio fiquem em contato com óleos, graxas e fontes de calor.
Atenção especial deve ser dada a guarda dos conjuntos quando não estiverem em uso. Tal local deve ser clara e previamente definido e sinalizado.
No que diz respeito as mangueiras, deixamos o assunto propositadamente para o final., A de oxigênio deve ser verde e a de acetileno vermelha, ambas com no máximo 10 metros de comprimento, sendo que maiores do que estas apenas com a aprovação da Segurança do Trabalho. As conexões com as válvulas e canetas devem ser feitas com braçadeiras. Quanto as emendas - fica aqui um critério de decisão conforme a atividade da empresa - sendo recomendáveis que não existam e caso sejam autorizadas no máximo em número de duas e feitas com braçadeiras. Junto ao regulador de pressão do cilindro de acetileno deve ser instalado um dispositivo de segurança contra retrocesso de chamas.
Espero que este breve artigo contribua para melhoria das condições de segurança nos ambientes de trabalho

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