terça-feira, janeiro 20, 2009

Acidentes com Agrotóxicos - APLICAÇÃO DO PRODUTO

A maioria dos acidentes com agrotóxicos ocorre, justamente, durante o seu manuseio; no preparo da calda e na aplicação do produto no campo.
Muitas vezes, o erro é anterior a esta etapa, quando o agricultor se dirige a uma venda e, sem consultar um Técnico, compra "um remédio para a praga tal...". Para evitar esse desatino, existem os Engenheiros Agrônomos e os Receituários Agronômicos. Não compre qualquer defensivo agrícola sem consultar um Agrônomo.


Outro engano comum é pensar que o aumento da dosagem (ou o preparo do produto mais concentrado) resolve o problema (da praga ou doença da planta) mais rápido.
Lembre-se de que o uso de um produto mais tóxico do que o necessário, pode colocar em risco (de intoxicação) as pessoas, os animais e a própria planta. Assim, prepare somente a quantidade necessária à aplicação a ser feita. Nunca prepare o produto para deixar armazenado para a próxima aplicação. Siga as dosagens indicadas no rótulo ou as instruções de um Técnico.



Preparo do Produto
1 - Utilize os Equipamentos de Proteção Individual indicados no rótulo do produto

2 - Para abrir as embalagens, use o abridor adequado, em vez de improvisar com talhadeiras, formões, canivetes, etc.

3 - Ao misturar a calda, utilize um pedaço de madeira ou um misturador adequado. Nunca use as mãos, principalmente sem luvas impermeáveis.

4 - Mantenha o produto em sua embalagem original, evitando colocá-lo em recipientes que não possam ser identificados facilmente pelos trabalhadores e demais pessoas.

5 - Não reaproveite as embalagens dos produtos químicos, principalmente como depósito de água.

6 - Escolha as horas mais frescas do dia para a aplicação do produto. Não aplique defensivos em dias de sol quente e/ou de ventania.

7 - Prefira os produtos menos tóxicos possíveis para a aplicação em locais onde circulam abelhas ou outros insetos polinizadores.
As abelhas são muito úteis na fecundação das flores e muito sensíveis a todo e qualquer defensivo agrícola (agrotóxico).

8 - Não aplique defensivos em dias chuvosos ou antes das irrigações (por aspersão), pois as gotas d'água lavam o produto das folhas, anulando o tratamento e contaminando o solo e os cursos d'água.

9 - Siga rigorosamente o PERÍODO DE CARÊNCIA do defensivo usado. Saiba que a colheita , antes de vencer o período de carência, significa que os frutos ainda contêm resíduos tóxicos às pessoas ou animais.

10 - Para colocar o líquido no pulverizador, use um funil adequado; isso evita que o produto caia fora do aparelho, contaminando outras áreas.


11 - Não use pulverizador com defeito ou vazamentos e nunca ouse desintupir os bicos com a boca !.

12 - Não permita que pessoas fracas, idosas, crianças e gestantes apliquem defensivos. A pessoa indicada deve ser treinada e ter boa saúde.

13 - Não aplique contra o vento.Se ventar durante o trabalho, caminhe numa direção que faça com que o vento carregue o produto para longe do corpo.

14 - Não aplique os defensivos agrícolas em locais onde estiverem pessoas e/ou animais desprotegidos. Mantenha a distância de, pelo menos, 15 (quinze) metros de distância dos demais trabalhadores do local, mesmo que aparentemente não haja vento soprando.

15 - Se durante o trabalho o produto atingir o seu corpo desprotegido, lave imediatamente a parte atingida com água corrente e sabão. Ao terminar o serviço, tome um belo banho e ponha para lavar as roupas e demais Equipamentos de Proteção Individual utilizados.

Riscos choques Elétricos

CONHECIMENTO DO PROBLEMA
O choque elétrico é a reação do organismo à passagem da corrente elétrica. Eletricidade, por sua vez é o fluxo de elétrons de um átomo, através de um condutor, que vem a ser qualquer material que deixe a corrente elétrica passar facilmente (cobre, alumínio, água, etc.). Por outro lado, isolante é o material que não permite que a eletricidade passe através dele: vidro, plástico, borracha, etc.
Pode-se dizer que o progresso, no campo, está sempre associado à energia elétrica, que pode ser usada na casa (lâmpadas, geladeira, TV, chuveiro, etc.), no galpão (ordenhadeira mecânica, incubadora, picadeira, etc.), na conservação e transformação de alimentos (resfriadora de leite, estufa, freezer, etc.), no acionamento de máquinas e motores (para bombear água, na irrigação por aspersão, etc.) e em várias outras aplicações.

As fontes de eletricidade, na zona rural, se manifestam através dos seguintes equipamentos ou fenômenos:
raios
peixe-elétrico (o Poraquê)
atrito (eletricidade estática)
baterias (alimentadas por cataventos)
painéis fotovoltáicos (energia solar)
turbinas (energia hidráulica)
motores estacionários (geradores) e
motores elétricos
A energia elétrica, apesar de ser muito útil, é muito perigosa e pode provocar graves acidentes. A eletricidade provoca: queimaduras (até de terceiro grau), coagulação do sangue, lesão nos nervos, contração muscular e uma reação nervosa de estremecimento (a sensação de choque) que pode ser perigosa, se ela provocar a queda do indivíduo (de uma escada, árvore, muro, etc.) ou o seu contato com equipamentos perigosos.

Matematicamente, a Corrente elétrica (I), medida em Amperes ou simplesmente A, é representada pela razão entre a Tensão ou voltagem (V), medida em Volts e a Resistência à passagem da corrente ou resistor (R), medido em Ohms. Assim, uma corrente com tensão de 1000 volts, que passa num condutor com resistência de 500 Ohms, vale:
I = V/R = 1000/500 = 2 A

A milésima parte do Ampere é o Miliampere ou mA

Os efeitos estimados da corrente elétrica contínua de 60 Hertz, no organismo humano, podem ser resumidos na tabela que se segue:


EFEITOS ESTIMADOS DA ELETRICIDADE


- RISCOS DE ACIDENTES
As lesões provocadas pelo choque elétrico podem ser de quatro (4) naturezas:
1 - eletrocução (fatal)
2 - choque elétrico
3 - queimaduras e
4 - quedas provocadas pelo choque

Eletrocução é a morte provocada pela exposição do corpo à uma dose letal de energia elétrica.
Os raios e os fios de alta tensão (voltagem superior a 600 volts), costumam provocar esse tipo de acidente. Também pode ocorrer a eletrocução com baixa voltragem (V<600 volts), se houver a presença de: poças d'água, roupas molhadas, umidade elevada ou suor.

A pele humana é um bom isolante e apresenta, quando seco, uma resistência à passagem da corrente elétrica de 100.000 Ohms (cem mil). Quando molhada, porém, essa resistência cai para apenas 1.000 Ohms (mil).

A energia elétrica de alta voltagem, rapidamente rompe a pele, reduzindo a resistência do corpo para apenas 500 Ohms. Veja estes exemplos numéricos e compare-os com os dados da tabela acima. Os 2 primeiros casos, referem-se à baixa voltagem (corrente de 120 volts) e o terceiro, à alta voltagem:

a) Corpo seco: 120 volts/100000 ohms = 0,0012 A = 1,2 mA (o indivíduo leva apenas um leve choque)

b) Corpo molhado: 120 volts/1000 ohms = 0,12 A = 120 mA (suficiente para provocar um ataque cardíaco)

c) Pele rompida: 1000 volts/500 ohms = 2 A (parada cardíaca e sérios danos aos órgãos internos).

Além da intensidade da corrente elétrica, o caminho percorrido pela eletricidade ao longo do corpo (do ponto onde entra até o ponto onde ela sai) e a duração do choque , são os responsáveis pela extensão e gravidade das lesões.

Os acidentes com eletricidade ocorrem de várias maneiras. Os riscos resultam de danos causados aos isolantes dos fios elétricos devido a roedores, envelhecimento, fiação imprópria, diâmetro ou material do fio inadequados, corrosão dos contatos, rompimento da linha por queda de galhos, falta de aterramento do equipamento elétrico, etc.

As benfeitorias agrícolas estão sujeitas à poeira, umidade e ambientes corrosivos, tornando-as especialmente problemáticas ao uso da eletricidade.



PREVENÇÃO DE ACIDENTES
Há vários tipos de proteção e de providências que podem ser usados para se evitar o choque elétrico:
fusíveis e disjuntores
aterramentos
materiais isolantes e
uso de EPI


Outras recomendações:
1 - Plugue e use os dispositivos elétricos de segurança disponíveis como, por exemplo, a tomada de 3 pinos.

2 - Considere todo fio elétrico como "positivo", ou seja, passível de provocar um choque mortal.

3 - Cheque o estado de todos os fios e dispositivos elétricos; conserte-os ou substitua-os, se necessário.

4 - Certifique-se de que a corrente está desligada, antes de operar uma ferramenta elétrica.

5 - Se um circúito elétrico em carga tiver de ser reparado, chame um eletricista qualificado para fazê-lo.

6 - Use ferramentas "isoladas", que fornecem uma barreira adicional entre você e a corrente elétrica.

7 - Use os fios recomendados para o tipo de serviço elétrico a que ele vai servir.

8 - Não sobrecarregue uma única tomada com vários aparelhos elétricos, usando, por exemplo, o "benjamin".

9 - Cuidado ao substituir a resistência queimada do seu chuveiro, pois o ambiente molhado aumenta o choque.

domingo, janeiro 18, 2009

Manual da NOVA NR 10



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sexta-feira, janeiro 16, 2009

INSPEÇÃO DE SEGURANÇA


OBJETIVOS E IMPORTANCIA

Como já sabemos, o acidente é conseqüência de diversos fatores que, combinados, precipitam a ocorrência do mesmo.
Portanto, não devemos esperar que acidentes aconteçam.
É muito importante localizar situações que possam provoca-los e tomar as medidas prevencionistas necessárias. Por isso, o Profissional da Segurança do Trabalho e ou o membro da CIPA deve percorrer sua área para identificar fatores que poderão ser causa de acidentes. Feito isto, deve - se empenhar-se no sentido de serem tomadas as devidas providências.

CONCEITO E TIPO

A Inspeção de Segurança permite detectar riscos de acidente possibilitando tomar medidas preventivas.
As Inspeções podem ser:

* Geral: envolve todos os setores da empresa com problemas relativos a Segurança.

* Parcial: quando é feita em alguns setores da empresa ou certos tipos de trabalho, equipamentos ou maquinas

* De Rotina: traduz-se pela preocupação constante de todos o trabalhadores, do pessoal de manutenção, dos membros da CIPA e dos setores de segurança.

* Periódica: são inspeções efetuadas em intervalos regulares programa das previamente e visam apontar riscos previstos como: desgastes, fadigas, super - esforço e exposição a certas agressividades do ambiente a que são submetidos maquinas, ferramentas, instalações etc. ..

* Eventual: é a inspeção realizada sem dia ou período estabelecido e com o envolvimento do pessoal técnico da área.

* Oficial: é a inspeção efetuada pelos órgãos governamentais do trabalho ou securitários. Para este caso, e muito importante que os serviços de segurança mantenham controle de tudo que ocorra e do andamento de tudo o que estiver pendente e que estejam em condições de atender e informar devidamente a fiscalização.

* Especial: é a que requer conhecimentos e/ou aparelhos especializa dos. Inclui-se aqui a inspeção de caldeiras , elevadores, medição de nível de ruídos, de iluminação.

A inspeção no local de trabalho é um dos procedimentos importantes de antecipação intempéries em relação à Segurança e Medicina do Trabalho, por isto é ideal que os profissionais adotem procedimentos de inspeção para que se eliminem riscos de baixo, médio e grande porte, oferecendo aos setores laborais qualidade e segurança aos colaboradores da empresa.

REGRAS BÁSICAS DE SEGURANÇA TRABALHOS COM CORTE E SOLDA


Muitas são as preocupações dos integrantes do SESMT. Por toda parte há riscos e perigos e muitas vezes nos sentimos perdidos sem saber ao certo para que lado devemos ir primeiro. Obviamente não há um receita única aplicável a todos os casos e tipos de empresas. Vale mesmo o velho bom senso aliado ao conhecimento técnico.
No que diz respeito ao conhecimento técnico, não é de hoje que ressentimos a falta de boas fontes de consulta; a literatura destinada à prevenção de acidentes é ainda muito restrita e dentre as poucas existentes a grande maioria ainda peca pelo conteúdo essencialmente teórico de difícil aplicação no dia a dia.
No tocante ao bom senso a coisa torna-se ainda mais difícil Importante mencionar nesta parte do texto que no nosso entendimento nos cursos de formação falta ainda algo voltado ao aprendizado das técnicas de negociação - ou seja - preparar o profissional para saber oferecer o produto segurança de uma maneira mais moderna e consistente. Tais ensinamentos também seriam muito úteis em cursos oferecidos a muitos dos profissionais já formados.
Tenho especial preocupação com os colegas que chegam agora ao mercado de trabalho. Trazem em si muito boa vontade e uma carga imensa de conhecimentos teóricos - lamentavelmente ministrado algumas vezes pessoas que jamais atuaram no chão de fábrica. Encontram realidades confusas e complexas. Tem sido comum hoje em dia encontrar nos jornais anúncios classificados pedindo técnicos recém formados e por detrás de muitos destes anúncios há uma realidade oculta: a intenção de contratar alguém apenas para fazer frente as necessidades burocráticas sem atentar de forma mais firme para a grave condição de insegurança do chão de fábrica. Precisando do empregado, muitos destes colegas são maldosamente moldados pelas empresas e logo se tornam auxiliares de todos os assuntos, legando a prevenção a segundo ou terceiro plano. Esquecem no entanto, que a responsabilidade técnica continua sobre seus ombros e muitas vezes apenas lembram disso quando já é tarde demais.
O QUE MATA
Tenho conversado muito com colegas recém formados; Acho de suma importância para a prevenção de acidentes como um todo que tenhamos esta preocupação. Em comum tenho ouvido destas pessoas uma pergunta: - Por onde começar? A resposta tem sido única: - Por aquilo que mata 1 A resposta parece seca e obvia, mas na verdade não e.. Pode soar estranho dizer - comece pelo que mata! Mas na prática é o caminho correto num país onde a prevenção de acidentes ainda é descrita em algumas empresas como beneficio.
Neste ponto é importante lembrar algumas coisas. A primeira delas é que toda empresa quer ter uma “imagem” de empresa segura - ate ai nada contra - desde que não fique apenas na imagem. Com isso quero dizer, que algumas empresas tentam transformar o profissional de segurança do trabalho num verdadeiro “Vendedor de Ilusões” - Querem fazer crer que há segurança no local de trabalho apenas enchendo as paredes e quadros de cartazes; realizando as tais “palestras” onde se tenta convencer o trabalhador de que os acidentes ocorrem meramente por sua culpa quando na verdade o local de trabalho e suas condições impróprias são as verdadeiras causas de acidentes. Logo em seguida, impõe ao profissional técnico, funções policialescas, transferindo a responsabilidade da prevenção e os conflitos dos supervisores para os ombros do profissional de segurança. Obviamente, o profissional de segurança que tal como todos demais, precisam do emprego, acaba se sujeitando a tais situações - e não deve ser diferente já que se não o fizer outra com certeza o fará. Deve no entanto, zelar para que não perca de vista os objetivos reais de sue trabalho e saber de dentro destas adversidades ir aos poucos buscando seu verdadeiro espaço com muita habilidade e tato. Na verdade, empresas que agem desta forma são “doentes no tocante a prevenção” e precisam muito dos préstimos lúcidos de profissionais prevencionistas.
O que mata ? Na verdade tudo mata. Dizem os entendidos que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose. Pela prática aprendemos ao longo dos anos que todos os trabalhos merecem ser checados. No entanto, corre contra nós o fator tempo. De nada adiantará um belo e amplo programa de análise de riscos se em meio a tudo isso tivermos um acidente mais grave ou fatal. Com certeza raras são as empresas que teriam tal entendimento - e diante de um fato mais grave - certamente pagaria pelo evento o próprio profissional com seu emprego. Cabe então lançarmos mão do conhecido, ou seja pautar nossos trabalhos iniciais pela experiência geral, pela estatística ou outras fontes que tivermos disponíveis. Em tais fontes fica claro que o que mais mata são as quedas de altura, os choques elétricos e as explosões e incêndios. No que diz respeito às quedas, a própria legislação fornece dados que permitem com um pouco mais de atenção o desenvolvimento de ações capazes de controlar o risco; Estamos diante na verdade da lei da gravidade; No caso da eletricidade, há também boas fontes para consulta e o atendimento a NR especifica diminui bastante a possibilidade de acidentes. Já no caso das explosões e incêndios a questão é mais complicada visto que a possibilidade da ocorrência abrange uma variedade imensa de atividades e ações, que vão desde a simples limpeza de um piso com produtos inflamáveis até o processo industrial mais complexo. Em meio a isso: estão os trabalhos de corte e solda, sem dúvida algumas responsáveis por muitas tragédias ao longo da história, mas que infelizmente até hoje são realizados sem cuidados de segurança.
Sobre este tipo de trabalho, estaremos falando a seguir. Na verdade não temos como esgotar o assunto, mas com certeza estaremos fornecendo alguns caminhos para que se faça um bom trabalho.
CHAMAS ABERTAS E FAGULHAS
O que nas indústrias químicas - por serem conhecedoras dos riscos - é uma constante preocupação - na maioria dos locais de trabalho geralmente é tratado sem maiores cuidados. Na história das explosões - chamas abertas e fagulhas - são uma constante. Neste ponto a questão da ignorância assume uma importância fundamental; Ninguém quer uma explosão, mas raramente as pessoas associam que um simples fagulha pode ser causa de um acidente tão grave
É essencial que toda empresa tenha claramente definido e divulgado um procedimento a ser aplicado nos serviços de solda, corte, lixamento e outros trabalhos com chamas abertas ou que produzam fagulhas. Engano comum ocorre em algumas empresas, onde tais atividades não existem em seu processo produtivo, mas que ocorrem eventualmente em trabalhos de manutenção. O mesmo engano ocorre em empresas cuja atividade não exige a existência de uma equipe própria de manutenção, mas como em qualquer prédio ou instalação vez por outra ocorrem reparos e reformas feitos por terceiros. Portanto, o procedimento deve existir já que em algum momento , seja por empregado, seja por terceiro algum trabalho desta natureza vai ser realizado.
Vale citar aqui um caso conhecido de um Banco. Durante anos os empregados da faxina - de uma empresa terceirizada - adotaram por conta própria e para ganhar tempo na limpeza o uso de produtos inflamáveis. Isso causava incômodos e até mesmo chegou a gerar reclamações de alguns empregados do Banco. Certo dia uma outra empresa veio fazer a troca das ferragens das janelas dos banheiros e durante o trabalho necessitou fazer uso de solda. Ocorreu uma explosão. Não são tão incomuns quanto parecem casos de acidentes em estabelecimentos comerciais e mesmo residências pelo uso destes mesmos produtos e logo em seguida o uso de enceradeiras. Como se pode ver, por toda parte há riscos deste tipo.
O acidente do Banco poderia ter sido evitado tanto se os empregados da limpeza tivessem instruções adequadas quanto aos produtos - e fosse feita a supervisão dos trabalhos, como em especial se os contratados para realizar a solda fossem habilitados para operar este tipo de equipamento. Este deve ser o primeiro ponto de um procedimento para trabalhos com corte, soldas e similares - HABILITAÇÃO DOS EMPREGADOS. Tanto na realização dos trabalhos internamente, como na contratação de serviços devemos EXIGIR que tais profissionais possuam certificado de participação em curso especifico. Além disso, devemos ter o mesmo procedimento com relação à exigência de treinamentos para prevenção de acidentes, primeiros socorros e Prevenção e combate a incêndios. Agindo desta forma, com certeza estaremos minimizando muito os riscos de acidentes. Caso em sua empresa existam muitas pessoas treinadas para este finalidade, recomenda-se a criação de um banco de dados para controle das mesmas e até mesmo a emissão de uma identificação especifica para tais empregados. Uma questão importante é definir um critério de tempo para validade destes comprovantes de habilitação, já que pode ocorrer de profissionais com treinamentos feitos há muito tempo não conhecerem tecnologias e processos mais modernos. Recomenda-se que a validade não seja superior a dois anos, mesmo tempo que devemos tomar como referência para programarmos reciclagens para os empregados da própria empresa.
Um outro ponto importante e a questão dos EPI utilizados pelos soldadores - assunto amplamente tratado pela literatura especifica - mas que raramente mencionam que estes devem estar isentos de óleo, graxa e líquidos inflamáveis. Por mais obvio que pareça, na prática isso raramente é checado
SISTEMA DE CONTROLE
As OS (Ordens de Serviço) são muito comuns nas grandes empresas, onde recebem inclusive outros nomes conforme a organização local. Através delas busca-se garantir que todos os trabalhos que impliquem em maiores riscos sejam controlados e em alguns casos submetidos previamente a analise do SESMT. Cabe aqui ressaltar que trata-se de uma verdadeira faca de dois gumes, visto que o profissional deve ter convicção de que seu conhecimento técnico irá mesmo contribuir para a realização do trabalho mais seguro, caso contrário, passará a ser mais um documento desfavorável no caso de um acidente.
Prevenção de acidentes deve ser algo que contribua para o bom andamento das coisas, jamais deve ser um empecilho burocrático. O entendimento real passa pela utilidade que temos de garantir a continuidade do processo e atividades da empresa e não ficar gerando proibições absurdas. Com isso quero dizer que na definição de um sistema de OS devemos deixar claro quais as áreas estão submetidas a este processo. Obviamente existem áreas regulares a esta finalidade, tais como cabines, bancadas ou áreas designadas onde a presença de chamas abertas é normal, comum e segura, o mesmo ocorrendo em locais onde a solda é o processo em si. Entende-se, que tais locais esteja dotados de sistemas de exaustão e outros meios preventivos, como no caso das soldas a arco elétrico - os biombos - para impedir a propagação de radiações.
For a estas situações acima mencionadas, geralmente os demais trabalhos devem ser submetidos a autorização prévia. Atenção mais do que especial deve ser dada com trabalhos desta natureza forem ser realizados em espaços confinados, onde os riscos tomam-se potencialmente muito mais graves.
O procedimento para autorização dos serviços deve ser claro, escrito em linguagem compreensível pelos executantes. No caso de locais onde os riscos sejam constantes e significativos , o procedimento deve deixar claro logo em seu inicio que sempre que possível outros meios são preferidos nos casos onde o emprego de aparelhos de solda e lixamento possam ser substituídos. Importante também mencionar que sempre que possível os materiais ou peças a serem soldados ou lixados deverão ser removidos para locais mais apropriados.
Deve estar claro também neste procedimento, a necessidade de haver nas proximidades equipamentos para combate a incêndio - compatíveis a classe da operação, bem como as seguintes verificações:
a) No caso de piso de madeira deve ser providenciado o umedecimento do mesmo ou cobertura com areia. Cuidados especiais com divisórias de madeira.
b) Verificar a existência de encanamentos abertos, galerias de água e esgoto e outras aberturas que possam conter líquidos ou vapores inflamáveis.
c) Checar aberturas no piso e/ou frestas que possam possibilitar a passagem de fagulhas para pisos inferiores.
d) Verificar a utilização/realização nas proximidades de atividades com uso de tintas ou outros produtos inflamáveis, bem como e principalmente a existência de resíduos de líquidos inflamáveis ou outros materiais combustíveis.
e) Checar mobiliário e instalações que possam ser atingidas pelas chamas ou calor.
f) Em todos os casos, materiais inflamáveis devem ser retirados, quando não possível devem ser cobertos por mantas apropriadas. Como afastamento mínimo sugere-se à distância de 12 metros.
Nos casos mais complexos, deve se prever também a necessidade de acompanhamento seja por bombeiro industrial - no caso onde estes existam - ou mesmo pelo Brigadista de Incêndio. Tal presença pode ser decisiva para a contenção do fogo na sua fase inicial evitando um incêndio.
Devem ficar claros também que algumas situações, devido ao potencial de riscos, deverão ser tratadas como especiais. Isso vai depender muito da natureza da atividade desenvolvida, mas em comum: dutos de exaustão de cabines onde são utilizados materiais inflamáveis, tanques de óleo, tambores e latões anteriormente usados com líquidos ou gases inflamáveis. Etc.
OS EQUIPAMENTOS
Tão importante quanto aos controles realizados no homem e no método e o controle que deve ser feito nos equipamentos. Para a obtenção de um padrão de segurança deve ficar claro no procedimento alguns requisitos a serem exigidos. Mais importante do que o procedimento é a realização da verificação dos mesmos. Recomenda-se que no caso da contratação de serviços, a mesma seja realizada na chegada do equipamento e caso o serviço dure um certo tempo, periodicamente. No caso dos equipamentos da própria empresa deve ser criada uma sistemática de revisões, cuja freqüência não ser superior a 6 meses. Para ambos os casos, caso seja possível, facilita muito a geração de um meio (selo ou ficha) que permita a identificação imediata de equipamentos 0K
No caso dos equipamentos para soldagem a arco elétrico, devemos garantir que todos estejam aterrados durante todo o tempo de uso e que a fiação utilizada para conexão a rede elétrica esteja em perfeitas condições de uso, com ênfase em especial as possíveis emendas e seus isolamentos e que esta fiação não possam ser atingidas por veículos ou carrinhos manuais. Já os cabos de solda devem ter o mesmo tamanho e caso exista necessidade de emenda esta só pode ser feita por conector apropriado. Recomenda-se ainda que os meios de fixação dos cabos de solda sejam de bronze.
Já para as operações com oxiacetileno, devem observar pelo menos as seguintes regras:
Instalações em pontos fixos:
Nos terminais das tubulações onde são conectadas as mangueiras deve existir um registro de fechamento rápido e estes devem estar soldados na tubulação.
Após o registro de fechamento de acetileno, na extremidade da tubulação deve existir válvula contra retrocesso de chamas.
Após o registro de oxigênio, deve ser instalado um regulador de pressão de um estágio. Na tubulação de acetileno, a utilização de regulador de pressão deve ser feita na central de distribuição de gases.
No tocante as mangueiras devem ser seguidas as mesmas instruções mencionadas a seguir para os conjuntos portáteis.
Conjuntos Portáteis
Devem preferencialmente ser montados sobre um carrinho metálico, com rodas metálicas ou de borracha, dotado de separador entre os cilindros e suportes para fixação dos mesmos.
Neste carrinho deve haver ainda suporte para as mangueiras e um compartimento com orifícios de ventilação onde serão guardados os maçaricos. Recomenda-se que este compartimento seja trancado com cadeado.
Os cilindros só podem ser manuseados ou transportados com seus capacetes de proteção e mesmo quando vazios devem estar presos, sempre na posição vertical. Caso por algum motivo acidental o cilindro de acetileno venha a ficar na horizontal e necessário deixa-lo em pé por 24 horas antes de coloca-lo em uso. Cilindros com vazamento não devem ser utilizados, bem como deve ser proibida a transferência de gases de um cilindro para outro.
A abertura de válvulas dos cilindros devem ser feitas manualmente, sendo expressamente proibida a utilização de martelos e outras ferramentas.
Devem ser providos de reguladores de pressão, de dois estágios, sendo que a finalidade do primeiro e reduzir a pressão de entrada e a do segundo, através do parafuso de regulagem manual, reduzir a pressão do primeiro estágio para a pressão de trabalho desejada. No caso do acetileno a pressão nunca deve exceder 1,05 kgf/cm2.
O cilindro de acetileno deve sempre estar acompanhado de chave adequada que permita o rápido fechamento da válvula.
Para acender o maçarico deve ser utilizado um equipamento próprio ou isqueiro a gás jamais devendo ser utilizada chama, O conjunto deve sempre ser mantido for a do alcance das fagulhas e em hipótese alguma deve-se permitir que cilindros ou tubulações de oxigênio fiquem em contato com óleos, graxas e fontes de calor.
Atenção especial deve ser dada a guarda dos conjuntos quando não estiverem em uso. Tal local deve ser clara e previamente definido e sinalizado.
No que diz respeito as mangueiras, deixamos o assunto propositadamente para o final., A de oxigênio deve ser verde e a de acetileno vermelha, ambas com no máximo 10 metros de comprimento, sendo que maiores do que estas apenas com a aprovação da Segurança do Trabalho. As conexões com as válvulas e canetas devem ser feitas com braçadeiras. Quanto as emendas - fica aqui um critério de decisão conforme a atividade da empresa - sendo recomendáveis que não existam e caso sejam autorizadas no máximo em número de duas e feitas com braçadeiras. Junto ao regulador de pressão do cilindro de acetileno deve ser instalado um dispositivo de segurança contra retrocesso de chamas.
Espero que este breve artigo contribua para melhoria das condições de segurança nos ambientes de trabalho

MANUAL TREINAMENTO DE USO EPI PARA A FACE

USO

A Norma Regulamentadora NR – 6 determina que os EPI’s sejam fornecidos gratuitamente ao empregado, cabendo a este responsabilizar-se pela guarda e conservação dos equipamentos que lhe foram confiados. Determina ainda que, além do fornecimento gratuito do equipamento adequado a cada atividade, o empregador deve treinar o empregado na utilização do EPI, tornar obrigatório seu uso e substituí-lo, imediatamente, quando houver sinais de danificação ou ocorrer extravio. Para tanto, cumpre ao SESMT, à CIPA e ou ao responsável pela Segurança e Medicina do Trabalho na empresa realizar, periodicamente, inspeções dos EPI’s em utilização, afim de providenciar as substituições necessárias.
O treinamento para uso dos EPI’s é uma tarefa delicada, especialmente quando o equipamento exige treinamento específico, para evitar que o mau uso, a falta de treinamento ou falta de conservação do EPI possa resultar em acidentes fatais.
No uso adequado dos EPI’s, deve-se considerar os seguintes aspectos:
 Ordem Técnica: consiste em determinar a necessidade do uso do EPI e selecionar o tipo adequado ao risco que o trabalhador fica exposto;
 Treinamento: a obrigatoriedade de serem ministradas instruções práticas, a fim de que o EPI seja corretamente usado;
 Psicológico: consiste em preparar psicologicamente o empregado para que os EPI’s sejam aceitos espontaneamente como um elemento de proteção de sua saúde e integridade física e não, apenas, como um objeto cujo uso resulta da imposição do empregador.Cabe aos integrantes do SESMT ou ao Técnico em Segurança no Trabalho buscar uma maneira adequada de conscientizar os empregados quanto à necessidade e ao uso correto dos EPI’s.
Esses equipamentos têm como finalidade dar proteção à face a ao pescoço contra o impacto de partículas colantes e respingos de líquidos, bem como contra o ofuscamento e calor radiante. São constituídos, essencialmente, por um anteparo específico, articulado a uma suspensão ajustável.
Os protetores faciais são usados, principalmente, em:
 Operações em madeira, saltam lascas e partículas;
 Operações de usinagem, que geram partículas volantes;
 Operações de brunimento, polimento, limpeza com escova de arame e esmerilhamento
 Solda a ponto;
 Manuseio de materiais quentes ou corrosivos;
 Proteger a face contra impactos de partículas volantes;
 Proteger a face contra respingos de produtos químicos;
 Proteger a face contra a radiação infra-vermelha;
 Proteger a face contra o excesso de calor e luminosidade

TIPOS DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO DA FACE

 Visor plástico incolor ou com tonalidade: protege o rosto contra impactos de corpos sólidos volantes e respingos de produtos químicos e de metais fundentes. Na proteção contra radiações luminosas, são utilizados visores com tonalidades. A viseira deve ser ajustada firmemente na testa, mas sem apertar a cabeça do trabalhador, mas também deve ficar um pouco afastada do rosto para não embaçar;

 Visor com tela: usado na proteção contra impactos e calor radiante. Evita o inconveniente dos embaçamentos provocados pela ação do calor e transpiração do usuário. Em operações em elevadas temperaturas que exijam maior visão e ventilação, no anteparo de tela poderá existir uma janela de plástico transparente ou vidro;

 Máscara para soldador:para as operações de soldagem são utilizadas máscaras de soldador, que proporcionam proteção contra:
 Proteção ocular, da face, das orelhas e do pescoço contra a energia radiante intensa proveniente da soldagem a arco e a gás;
 Proteção de segurança contra impactos de partículas volantes:
 Proteção contra radiação utra-violeta e infra-vermelha;
 Proteção contra luminosidade intensa.
Esse tipo de EPI é fabricado em diversos materiais: fibra de vidro, celeron ou materiais similares, que vedem totalmente a passagem da luz, com visor fixo ou articulado.As máscaras para soldador são dos tipos com suspensão ou manual, e devem atender aos seguintes requisitos:
 Possuírem um visor fixo ou articulado, comportando filtro de luz e seu protetor, permitindo a visão do objeto a ser soldado e simultaneamente impedindo que a radiação atinja os olhos;
 A máscara de suspensão deve ser equipada com suspensão ajustável, constituída de coroa e carneira, em material plástico ou similar, indeformável, atóxico, não irritante, de fácil substituição e perfeitamente higienizável;
 O corpo da máscara deve ser de fibra vulcanizada ou material similar, resistente ao calor, às chamas, impermeável às radiações invisíveis (ultra violeta e infravermelho) e higienizável. Todas as partes metálicas devem ser devidamente isoladas da superfície interna;
 O peso da máscara, excluídos o filtro de luz e vidro ou plástico protetor, não deve ultrapassar 680 g;
 A armação deve permitir a substituição do filtro de luz e seu protetor, com faciidade e sem danificar as lentes. O visor deve ser projetado de modo que o filtro de luz não fique a menos de 50,8 mm dos olhos do usuário;
 O filtro de luz não deve ter menos que 2 mm e nem mais de 3,8 mm de espessura;
As máscaras para soldadores requerem filtros escuros especiais numerados conforme tabela 1 da Escala DIN de acordo com o tipo de trabalho a que se destinam.
Os novos equipamentos de soldagem utilizam filtros de escurecimento automático, de tonalidade fixa ou variável (9 a 12).. São máscaras sem articulação, cujas lentes mudam, automaticamente, do estado claro para o escuro numa fração de segundo. Podem possuir sistemas de ventilação e de proteção respiratória, tornando os trabalhos de solda mais seguros e confortáveis.

Tabela 1 – Filtros indicados para trabalhos de soldagem



INOVACÕES TECNOLÓGICAS
 Kit protetor facial MAS – 200
Foi desenvolvido para uso em conjunto com o Boné V Gard Slot, o que proporciona ao usuário proteção à face nos trabalhos com esmeril, serras, executados em áreas químicas e outras aplicações industriais, onde estilhaços e respingos químicos. O conjunto de Protetor Facial consiste em: suporte da lente plástico, lente em policarbonato com índice de 98% de translucidez.Quando não estiver em uso o mesmo poderá ser deixado virado para cima, na posição de descanso.
 Adaptador para solda Clip On
Pode ser facilmente acoplado às peças faciais Panoramica ( Utravue) ou UltraTwin, permitindo ao usuário realizar a soldagem, obtendo proteção respiratória e proteção visual, combinando praticidade e eficiência a impactos e respingos de solda. Confeccionado em policarbonato, oferecendo alta resistência, as lentes possuem ampla área de visão (114 mm x 133 mm), permitindo ótima condição de trabalho e os filtros de luz para proteção contra radiações em duas tonalidades (10 e 12).
 Proteção aos olhos, face e cabeça
Muitos respiradores de pressão positiva (motorizados ou linha de ar comprimido) são equipados com capuz ou capacetes para oferecer proteção conjunta. Essa característica tem se tornado um benefício muito atrativo às empresas, uma vez que, tendo esses EPI’s em um mesmo equipamento, o usuário fica protegido contra os riscos aos quais ele está exposto. Nestes casos, não dá para o funcionário usar somente o respirador e não usar o óculos, por exemplo. Assim, os níveis de acidentes aos olhos, face e cabeça diminuem drasticamente.
Uma pesquisa que levou 10 anos para ser concluída nos EUA mostrou que os acidentes com olhos em operações de lixamento e desbastes foram reduzidos em 90% quando os empregados utilizavam respiradores de pressão positiva tipo capacete com proteção facial, eliminando o uso, em separado, de respiradores, óculos de segurança, capacetes e viseiras.
Ex: Um fabricante de caminhões viu que os índices de acidentes com os olhos serem reduzidos a zero depois da instalação de respiradores de linha de ar comprimido em suas cabines de pintura.
Ex: Em uma indústria farmacêutica ocorre o mesmo, relata Renato “o usuário pára menos durante o processo de produção, pois não necessita de ajustes do respirador ou dos óculos devido ao suor. Para os funcionários desta indústria não é incômodo trabalhar com respirador de pressão positiva”.

HIGIENIZAÇÃO E MANUTENÇÃO
A verificação do estado geral dos EPI’s em uso pelos empregados, sua higienização e manutenção devem ser realizadas por pessoas habilitadas, visto que um procedimento incorreto poderá danificar e inutilizar os equipamentos. A manutenção feita por pessoas não qualificada poderá ser tida como correta e, na verdade, o equipamento não estará oferecendo a proteção adequada ao usuário.
O usuário deve entender que um EPI, fabricado para dar proteção na execução de certa atividade, não atuará com a mesma eficiência em uma situação diferente, e que cada um deve ter seus próprio equipamento, não sendo conveniente dividi-lo com seu companheiro.

GUARDA
A guarda e conservação dos EPI’s são de responsabilidade do usu’rio ou empregado; todavia, é imprescindível que ele saiba as razões que o obrigam a usar os equipamentos e passe a ter consciência de sua importância e necessidade para a preservação da própria saúde e integridade física. Assim conscientizado, o empregado ou usuário passará a encarar os EPI’s não como uma simples imposição do empregador, mas como objetos indispensáveis à sua vida, e dispensará mais cuidados a sua graúda e conservação.

CONSERVAÇÃO
Os principais cuidados quanto à conservação dos EPI’s variam de acordo com os materiais de que são fabricados, conforme alguns exemplo a seguir:
 Protetores Faciais : diariamente, após o uso, no final da jornada, quando manchado pela respiração (suor), devem ser lavados com água e sabão neutro e colocados a secar em local limpo e ventilado. Jamais deverão ser guardados sujos, úmidos ou manchados de suor ou respingos.
 Respiradores e máscaras: a conservação desses equipamentos devera ser feita do seguinte modo: desmontar o respirado, limpas e desinfetar a máscara e o tubo de respiração com o produto indicado pelo fabricante do equipamento, secá-los ao ar, em lugar limpo, montá0los e armazená-los em local limpo e seco.
 Troca de usuário: ao trocar de usuário, o EPI deverá ser previamente limpo, higienizado, desinfetado , descontaminado e está em condições de uso, ou seja, se não está danificado ou expirou o prazo de validade do equipamento.

SUBSTITUIÇÃO DE EPI’s
O fornecimento do EPI ao empregado, ainda que obrigatório e gratuito, deverá ser feito mediante o preenchimento de uma “Ficha de Controle” sob a supervisão de um Técnico responsável pela Segurança e Medicina do Trabalho. Quando se fizer necessário a troca de equipamento com defeito ou danificado que este seja devidamente examinado, a fim de verificar se não apresenta condições de uso, o que evitará prejuízo para a empresa, caso a substituição não tenha sido bem avaliada pelo Técnico. Existem equipamentos que podem ser substituídos por partes, evitando assim a necessidade de trocá-lo por completo.
O controle do equipamento,desde seu fornecimento, sua substituição e manutenção periódica, é muito importante porque permite à empresa avaliar a durabilidade dos EPI’s, recuperar equipamentos e controlar seu estoque. É imprescindível que a cada troca ou fornecimento de EPI preencha-se uma ficha de controle, com rubrica do empregado, acusando o recebimento ou a troca do mesmo, sendo isso uma prova de que o empregador forneceu EPI’s, o que pode ser necessário e muito útil no caso de fiscalização pelo Ministério do Trabalho e Emprego, ou mesmo quando ocorrer uma perícia judicial na empresa, onde o empregador pode comprovar o fornecimento dos equipamentos de proteção individual a seus empregados.

Condições de trabalho e Saúde Fatores de Risco e Técnicas Preventivas

A saúde e as variáveis que a determinam: A organização mundial de saúde expressa no preambulo da sua acta de constituição o conceito de saúde como sendo o estado de bem-estar, físico, psicológico, e social e não apenas a ausência de doença. Em 1977, é expresso um novo conceito de saúde que não só complementa o anterior, como estabelece determinados objectivos para se atingirem níveis de bem-estar quando se estipula como meta para o ano de 2000 que todos os cidadãos alcancem um grau de saúde tal que lhes permita conseguir uma vida social e economicamente produtiva.
Este direito a igualdade na saúde esta reconhecido na Constituição da República Portuguesa, art.º 64.º/1 ex art. 13.º: “ Todos têm direito a protecção da saúde e o dever de a defender e promover”.

Assim para finalizarmos podemos definir saúde como: Estado de bem-estar físico, psíquico e social na ausência de condições que limitem a capacidade funcional que permitam ao indivíduo levar uma vida social e economicamente produtiva.

O trabalho e as variáveis que o determinam: Poderia definir-se o trabalho como toda a actividade de transformação da natureza, todavia a actividade de transformação da natureza não é exclusiva do homem, já que qualquer ser vivo realiza também. O trabalho pode ter consequências negativas para a saúde do trabalhador.

Assim também podemos definir Trabalho como: toda a actividade de transformação da natureza com fins produtivos que implica a utilização de meios de actuação de maneira organizada e planificada.


Danos para a saúde derivados do trabalho
Os danos causados podem ser por:
Danos causados pelos acidentes de trabalho
Danos causados pelas doenças profissionais
Danos causados por outras patologias*

Definição de: Patologia*
do Gr. páthos, doença + logos, trata da parte da Medicina que estuda as doenças, seus sintomas e natureza das modificações que elas provocam no organismo.

A: Danos causados pelos acidentes de trabalho: , o acidente de trabalho e toda a ocorrência que se produz de forma inesperada e não desejada e que vai gerar perdas para as pessoas, os bens, ou os processos produtivos
 Produzir-se de forma súbita e inesperada.
 Não ser uma ocorrência desejada.
 Decorrer da execução do trabalho.
 Produzir perdas de qualquer tipo.

Ou seja as perdas produzidas por um acidente de trabalho podem ser de três tipos: Perdas Pessoais, quando o acidente causa dano a vida ou a saúde seja ela dono anatómico*, psíquico* ou fisiológico*.
Perda de Bens, quando do acidente derivam consequências de destruição de bens ou instalações.
Perdas nos processos produtivos, quando, por razões relacionadas com o acidente, são interrompidos os fluxos* do processo de produção.

Os acidentes podem derivar de dois grandes factores materiais ou técnicos que derivam de deficientes instalações, ferramentas ou máquinas e factores humanos que derivam da falta de adequação dos comportamentos dos indivíduos nos seus postos de trabalho.

B: Danos causados pelas doenças profissionais: A doença profissional ao contrario do acidente de trabalho, é uma efeito nocivo para a saúde, que não se produz de forma inesperada e súbita, mas pelo contrario, se declara num período de exposição mais ou menos prolongado do trabalhador ao agente causador da doença.

C: Danos Causados por outras patologias: Efeitos negativos referentes as más condições do trabalho e seus efeitos nas relações que o indivíduo estabelece na organização.

Definições de:
Anatómico: Adjectivo, relativo à anatomia, onde se pratica ou estuda anatomia.
Psíquico: Adjectivo, relativo à alma e às suas faculdades intelectuais e morais.
Fisiológico: Adjectivo que estuda a fisiologia que é aparte da Biologia que estuda as funções dos órgãos nos seres vivos, animais ou vegetais.
Nocivo: Adjectivo, prejudicial; danoso; pernicioso; funesto.




Capitulo 2 : Os Riscos Laborais

Podemos definir Riscos Profissionais ou Laborais como:
Aquelas situações de trabalho que podem comprometer o equilíbrio físico, psicológico social dos indivíduos.


Exemplo : Ao introduzir-se uma maquina de tecnologia mais moderna desaparecerão situações de risco que a concepção mais avançada permite, evitando-se acidentes por entalão, todavia, esta alteração pode produzir simultaneamente um nível de ruído maior e a consequente possibilidade de perda da capacidade auditiva e dificuldades de comunicação.
Pode introduzir-se um novo sistema de alimentarão que diminuirá a cara de trabalho, com o qual o operário apenas se limitará a accionar uns comandos e a controlar o funcionamento da máquina. Reduz-se a carga física, mas perde-se parte da iniciativa, da capacidade criativa de um trabalho mais artesanal.

Riscos ligados ás condições de segurança

A: Local de trabalho

Riscos mais importantes:

1. Queda de pessoas em diferentes níveis.
Definição: acção de uma pessoa ao perder o equilíbrio, vencendo a diferença de altura entre dois pontos, considerando o ponto de partida o plano horizontal onde se encontrava o indivíduo.
Exemplo: queda do trabalhador de um escadote.

2. Queda de pessoas do mesmo nível:
Definição: acção de uma pessoa ao perder o equilíbrio sem existir diferença de altura entre dois pontos, batendo o indivíduo com o corpo no plano horizontal de referencia em que se encontrava.
Exemplo: queda do trabalhador por escorregar numa poça de óleo entornado no chão.

3. Queda de objectos por desprendimento ou tombo:
Definição acontecimento que, por causa de ima condição ou circunstância física inadequada, o todo ou parte de um objecto perde a sua posição de origem, caindo verticalmente.
Exemplo: queda sobre o trabalhador de sacos inadequadamente empilhados.

4. Queda de objectos em manipulação
Definição: circunstancia originada ao cair um objecto durante o transporte, seja com as mãos ou qualquer outro instrumento como carros, gruas, linhas de montagem, etc.
Exemplo: queda de uma caixa transportada por uma grua acima do trabalhador.

5. Queda de objectos que se desprendem
Definição: acto pelo qual, por causa de uma circunstancia ou condição física inadequada, o todo ou alguma das partes de um material se desunem e caem.
Exemplo: queda de objectos situados numa estante mal encostada ou fixa à parede

6. Pisar Objectos:
Definição: acção de pôr os pés em cima de algum elemento (materiais, ferramentas, maquinaria, equipamento de trabalho, etc.) considerado como uma situação anormal dentro das actividades de trabalho.
Exemplo: pisar um objecto aguçado esquecido no chão.


B. Máquinas e Veículos

Riscos mais importantes

1. Choque contra objectos imóveis:
Definição: encontro violento de uma pessoa, ou parte do seu corpo, com um ou vários objectos de forma fixa ou invariável no local de repouso.
Exemplo: choque do trabalhador com uma maquina, situada muito próximo de uma porta , ao passar junto dela.



2. Choques contra objectos móveis:
Definição: choque violento de uma pessoa ou parte do seu corpo com um ou vários objectos que se encontram em movimento.
Exemplo: choque do trabalhador com a alavanca ou manivela de uma maquina de cadeia de montagem.

3. Entalamento por ou entre objectos:
Definição: acção ou efeito produzido quando uma pessoa, ou parte do sei corpo, fica presa ou enganchada entre objectos.
Exemplo: entalão do braço do trabalhador numa maquina de cunhar.

4. Esmagamento pelo tombar de máquinas ou veículos:
Definição da acção ou efeito derivado do tombar de um veiculo ou maquina que, caindo sobre uma pessoa, a aprisiona contra o pavimento, parede ou outros objectos.
Exemplo: prisão do trabalhador pelo virar de um empilhador que manobrava com um colega.

5. Atropelamentos ou pancadas com veículos:
Definição: os atropelamentos ou pancadas produzidos por veículos em movimento, usados nas diferentes fases dos processos realizados na empresa dentro do horário laboral.
Exemplo: atropelamento de um trabalhador por um empilhador no armazém de uma empresa.


C. Ferramentas

Riscos mais importantes

1. Pancadas/c«cortes por objectos ou ferramentas
Definição: acção que decorre quando um trabalhador choca repentinamente e violentamente com um material inanimado ou utensílio com o qual trabalha.
Exemplo: pancada num dedo com um martelo ao pregar um prego na parede.

2. Projecção de fragmentos ou partículas
Definição: risco que surge na execução de trabalhos nos quais partículas ou fragmentos do material com que se trabalha, incandescentes ou não, são projectados.

Exemplo: projecção de partículas para os olhos durante um trabalho de soldadura sem a protecção adquada.

3. Contactos térmicos
Definição: roçadura fricção ou pancada de todo o corpo, ou parte dele, com um objecto que se encontra a elevada ou a baixa temperatura.
Exemplo: queimadura no braço de um cozinheiro, ao introduzir alimentos no forno.

D. Electricidade

Riscos mais importantes

1. Contactos eléctricos directos
Definição: todo o contacto de pessoas efectuado directamente com partes activas em tensão.
Exemplo: electrocussão de um trabalhador por danificar-se um cabo em tensão.

2. Contactos eléctricos indirectos
Definição: todo o contacto de uma pessoa com uma massa acidentalmente posta sob tensão.
Exemplo: electrocussão de um trabalhador ao danificar com um escadotes um cabo de tensão.

E. Incêndios

A segurança contra incêndios contempla um conjunto de medidas destinadas não só a evitar o inicio do mesmo, como também a controlar e eliminar a sus propagação.
Para que o fogo se inicie é necessário que o espaço e tempo coincidam um conjunto de factores, a que se chama o tetraedro do fogo:

Combustível: qualquer material que, em presença do comburente e dado-lhe energia de activação, é capaz de arder.

Comburente: elemento em cuja presença o combustível pode arder. O oxigénio é um comburente típico.

Reacção em cadeia: processo mediante o qual progride a reacção no seio da mistura combustivel-comburente e que dá origem à propagação do incêndio.

Riscos mais importantes

5. Incêndios
a. Factores de inicio
Definição: conjunto de condições que tornam possível o contacto dos materiais com as fontes de ignição, começando assim a formação de um incêndio.
Exemplo: aproximação de uma chama a um liquido inflamável.

b. Factores de propagação
Definição: conjunto de condições que favorecem o aumento de tamanho do fogo e a sua extensão a zonas próximas.
Exemplo: locais não delimitados, propagando-se o fogo às zonas circundantes.

c. Evacuação
Definição: saída ordenada de todo o pessoal da empresa e concentração num ponto determinado, considerado seguro (ponto de encontro).
Exemplo: confusão na evacuação do centro de trabalho, quando não se dispõe de um plano de evacuação.

d. Meios de combate
Definição: os meios com os quais é possível combater o incêndio até extingui-lo ou até à chegada dos bombeiros.
Exemplo: os trabalhadores não usam os extintores por não terem recebido formação adequada.


F. Principais medidas preventivas de segurança

As medidas preventivas mais importantes na Segurança são Limpeza, Arrumação e Manutenção.

 Os corredores e as escadas serão de dimensões adequadas e livres de obstáculos.

 Os postos de trabalho devem estar claramente delimitados e dispor de um lugar fixo para guardar ferramentas e utensílios.

 Os edifícios e as instalações gerais (electricidade, água, gás , ar condicionado, etc.) estarão em bom estado de conservação mediante uma manutenção adequada.

 Serão adequadamente usadas as protecções das máquinas e as protecções individuais.

 Aquisição de máquinas e ferramentas de qualidade

 Instalação de extintores e bocas de incêndio equipadas em numero adequado ao tamanho da empresa e ao risco a proteger, formando os trabalhadores para o seu uso.

 Sinalização das vias de evacuação, tanto as normais como as de emergência.

 Existênticia das vias de evacuação , tanto as normais como as de emergência.

 Existência de um plano de autoprotecção, do qual os trabalhadores deverão ser informados e sobre o qual deverão ser formados.

 Não realizar trabalhos de electricidade sem a devida capacitação e autorização.

Riscos Laborais para o ambiente de trabalho:
Higiene Industrial

Riscos mais importantes

1. Exposição ao ruído
Definição: subjectivamente, ruído é todo o som desagradável ou qualquer som que impeça alguma actividade humana
Exemplo: permanecer numa sala de maquinas onde o ruído é superior a 80 dBA (decibéis A).

2. Vibrações
Definições: a oscilação de partículas em torno de um ponto, num qualquer meio físico. Os efeitos da mesma podem entender-se como consequência de uma transferencia de energia ao corpo humano que actua como receptor de energia mecânica.
Exemplo: utilização de um martelo pneumático para levantar o pavimento de uma rua.

3. Iluminação
Definição: toda a radiação electromagnética emitida ou reflectida por qualquer corpo, com um determinado comprimento de onda, é susceptível de ser percepcionada como luz. Pressupõe um risco para o trabalhador desempenhar por defeito (escassez de luz), por excesso ou por incorrecta distribuição.
Exemplo: um relojoeiro realiza um trabalho de precisão numa mesa mal iluminada.

4. Radiações ionizantes
Definição: qualquer radiação electromagnética capaz de produzir ionização na passagem através da matéria.
Exemplo: as radiações emitidas pelas maquinas de raio X onde são feitas as radiografias nos centros médicos.

5. Radiações não ionizantes
Definição: qualquer radiação electromagnética incapaz de produzir ionização à sua passagem pela matéria.
Exemplo: radiações emitidas pelos equipamentos de comunicação e radar de uma aeronave.

6. Exposição a temperaturas extremas
Definição: consiste em estar submetido a temperaturas altas ou baixas que podem provocar consequências negativas para a saúde do trabalhador como: stress térmico, insolação, golpe de calor, desidratação, hipotermia, etc.
Exemplo: desmaio de um trabalhador da construção de estradas pela exposição prolongada a altas temperaturas externas.

B. Riscos Químico

1. Exposição a substancias nocivas e/ou tóxicas
Definição: possibilidade de lesões ou afecções provocadas pela inalação, ingestão ou contacto de substancias ou elementos prejudiciais à saúde.
Exemplo: inalação de éter ao partir-se o recipiente que o continha.

2. Contacto com substancias cáusticas e/ou corrosivas
Definição: possibilidade de lesões produzidas por contacto com substancias cáusticas ou corrosivas que se encontram no local de trabalho.
Exemplo: rotura de um recipiente contendo ácido sulfúrico que cai na mão do trabalhador.

3. Exposição a vapores orgânicos
Definição: substancias que sendo sólidas ou líquidas em condições normais d pressão e temperatura no momento em que aumenta uma destas variáveis geram dissoluções na atmosfera. À temperatura ambiente a maioria deles são dissolventes líquidos, orgânicos ou aquosos.
Exemplo: um trabalhador que manipula derivados halogenados e não usa protecção adequada.

4. Exposição a gases
Definição: substancia que se apresenta como tal a temperatura e pressão ambiente. São perfeitamente misturáveis com o ar.
Exemplo: um trabalhador que manipula dioxido de enxofre.

5. Exposição a aerossóis (Ex. latas de spray)
Definição é uma dispersão de partículas sólidas ou liquidas de tamanho inferior a 100 mícrons num meio gasoso. Existem em três tipo: pó, nuvem ou fumo.
Exemplo: um trabalhador que manipule, em laboratórios, ácido clorídrico.

6. Exposição a metais
Definição: apresentam-se sob a forma de pó (suspensão aérea de partículas sólidas, de tamanho pequeno, procedentes da desagregação do metal) ou de fumo metálico (suspensão no ar de partículas sólidas metálicas geradas em processo de sublimação do estado gasoso, acompanhado de uma reacção química de oxidação).
Exemplo: trabalhos com maçarico em materiais cobertos com pintura de chumbo.

C. Riscos Biológicos

1. Exposição a contaminantes biológicos
Definição: estar em contacto, respirar ou ingerir alimentos contaminados com microorganismos patogénicos para o homem. Os contaminantes biológicos têm um determinado ciclo de vida, processo de reprodução e crescimento que, ao atingir o homem, representam o desencadear de doenças de tipo infeccioso e parasitário. Estes organismos podem classificar segundo as suas características em cinco grupos principais: Bactérias, protozoários, vírus, fungos e vermes parasitários.
Exemplo: trabalhadores de um laboratório de investigação.

D. Principais medidas preventivas em Higiene Industrial

As máximas em prevenção de riscos higiénicos são: substituir o perigosos pelo que tenha menos ou nenhum perigo. Se podermos, por exemplo, não utilizarmos um produto tóxico que usamos porque é indispensável ao trabalho usamos um menos perigoso em sei lugar.
Antepor as medidas de protecção colectiva às protecção individual, é preferível isolar origem do risco (máquina ruidosa) do que obrigar todos os trabalhadores a estarem protegidos desse risco (utilizar auriculares).

 Realização de exames médicos periódicos

 Aumentar a distancia entre a fonte de risco e o trabalhador

 Usar o menor tempo possível de exposição

 Utilizar equipamentos de protecção adequados

 Dispor dos adequados sistemas de alarme

 Formar e informar os trabalhadores

 Rotação de pessoal para evitar exposição prolongada ao risco.

Riscos Ergonómicos

Riscos mais importantes

1. Carga física: posição
Definição: conjunto de requisitos físicos a que é submetido o trabalhador ao longo da jornada de trabalho; quando se vê obrigado a adoptar uma determinada postura, ou esforço muscular, de posição inadequada e/ou mantê-lo durante longo tempo.
Exemplo: um canalizador que tem de passar muitas horas do dia agachado.

2. Carga física: deslocação
Definição: esforços musculares dinâmicos que o trabalhador realiza devido às exigências de movimento ou deslocações sem carga, durante o horário de trabalho.
Exemplo: um trabalhador que tem de colocar pequenos objectos leves e para isso usa uma escada.

3. Carga física: esforço
Definição: conjunto de requisitos físicos a que se vê submetido o trabalhador ao longo do horário de trabalho, relativos a um esforço muscular dinâmico, ou estático, excessivo, ligado na maior parte das vezes a posturas forçadas de varias partes do corpo, frequência de movimentos, entre outros.
Exemplo: caixa de supermercado que tem de elevar centenas de quilos por dia para passar os produtos pelo código de barras.

4. Carga fisica: manusear cargas
Definição: esforços musculares estáticos e/ou dinâmicos que tem de realizar o trabalhador para transportar materiais de um local para outro.
Exemplo: trabalhador que faz a descarga de um camião de sacos de cimento, transportando-os para um armazém.
5. Carga mental
Definição: processamento rápido da informação que deve fazer o trabalhador quando tem de dar respostas eficazes e urgentes
Exemplo: o controlador aéreo tem que sequenciar diferentes aviões para o processo de aterragem.

6. Ecrãs de visualização de dados
Definição: posto de trabalho onde se usa um ecrã de dados como o terminal de um computador.
Exemplo: funcionário administrativo que realiza a escrita informaticamente.

Medidas prevenção

As máximas da Ergonomia são: «o que pode ser feito por uma máquina que não faça o trabalhador», se dispomos de algum instrumento de transporte de cargas deve ser usado em detrimento do transporte manual. É «adaptar o trabalho a pessoa e não a pessoa ao trabalho».

 Se não é possível transportar cargas mecanicamente há que faze-lo de modo correcto para evitar lesões nas costas: apoiar os pés firmemente , separa-los a uma distancia aproximada de 50cm; dobrar a cintura e joelhos para apanhar a carga mantendo-a o mais próximo possível do corpo, levantá-la gradualmente esticando as pernas e mantendo as costas direitas.

 Mudar de posição frequentemente.

 Rotação de pessoal para evitar que estejam nas mesmas posições muito tempo.

 Informar e formar devidamente os trabalhadores de modo correcto de actuação.

Psicossociologia e Organização do Trabalho

Riscos mais importantes

1. Stress
Definição: resposta continuada do organismo às exigências do meio que esgota os recursos da pessoa e provoca alterações cognitivas, emocionais, fisiológicas e comportamentais.
Exemplo: a chefia intermédia de uma fabrica que deve cumprir os objectivos traçados por um superior e deve motivar e supervisionar os trabalhadores do seu departamento.

2. Insatisfação
Definição: resultado do conteúdo do trabalho que se realiza e as repercussões que tem na saúde e qualidade de vida pessoal do trabalhador.
Exemplo: um professor de uma escola desmotivado cada manhã para dar as suas aulas.

Medidas preventivas

O principio de prevenção deste tipo de riscos é evitar o trabalho monótono e repetitivo através da rotação, ampliação e enriquecimento das tarefas e fomentando o trabalho de grupo.

 Que o trabalhador tenha claramente definida a tarefa a realizar.

 Ritmo adequado de trabalho, tomando medidas para prevenir situações de trabalho excessivo.

 Dar autonomia ao trabalhador.

 Realizar pausas adequadas.

 Minimizar o trabalho nocturno na medida do possível.

 Fomentar a comunicação entre os trabalhadores.

 Facilitar ao trabalhador a informação suficiente e adequada sobre os riscos do seu trabalho.

Objectivos:

1. Aprender a definição de risco laboral.
R.: A definição de Risco Laboral é a seguinte: situação de trabalho que podem comprometer o equilíbrio físico, psicológico e social de trabalho.

2. Distinguir e compreender os principais riscos laborais.
R.: Os principais riscos laborais são os seguintes: Queda de pessoas do mesmo nível ou de nível diferentes, entenda-se por nível a altura que um trabalhador se encontra do chão, queda de objectos por desprendimento ou manipulados, pisar objectos que podem ser cortantes, choques conta objectos imóveis ou moveis, entalamento por ou entres dois objectos um objecto e a parede, esmagamento, atropelamento ou pancadas com veículos, pancadas ou cortes com objectos de fragmentos ou partículas, contactos térmicos, contactos eléctricos directos ou indirectos, e os incêndios.

3. Entender de que riscos se ocupa cada uma das disciplinas de Prevenção de Riscos.
R.: As disciplinas de prevenção são as seguintes: Ergonomia, Higiene Industrial, Psicologia e Organização do Trabalho, Segurança Laboral.
Ergonomia, ciência que tem como objectivo a planificação e concepção dos postos de trabalho, para adaptar os mesmo ao indivíduo. Concebe o designe de máquinas, ferramentas, e instrumentos e o estudo dos movimentos e tempo de trabalho para promover a segurança, eficácia e comodidade. Analisa também as posturas e os movimentos de carga mais adequados para evitar danos ou lesões.
Higiene Industrial é a técnica que estuda, previne, controla e corrige os riscos higiénicos, tais como: riscos físicos, químicos, biológicos. Recomenda as medidas a adoptar para evitar o risco ou diminui-lo até níveis aceitáveis.
Psicologia e Organização do trabalho analisa as relações entre as características do trabalho a realizar e a sua organização e características próprias do trabalhador. Trata aspectos como a tarefa a realizar (volume de trabalho, complexidade tarefa, ritmo de trabalho, monotonia/repetitividade, responsabilidade, prestigio) organização do tempo de trabalho (duração da jornada, pausas, trabalho nocturno e por turnos) estrutura da organização (estilo de chefia, canais de comunicação) e características da empresa (dimensão, localização, tipo de actividade e imagem social).
Segurança Laboral conjunto de técnicas e tecnologias que, aplicadas aos processos produtivos, máquinas, veículos e ferramentas que neles intervêm, pretende prevenir e evitar o acidente de trabalho, controlando as consequências do mesmo e usando um método cientifico de identificação e analise das causas dos acidentes.

4. Conhecer o que é risco grave e iminente.
R.: Risco grave é todo o risco que pode causar ao trabalhador ou aos seus colegas de trabalho, danos a sua saúde, acidente, ou até mesmo podendo leva-lo a morte, podemos definido também como: “Todas as situações de trabalho que pode comprometer o equilíbrio físico, psicológico e social dos trabalhadores. Risco Iminente é todo o risco que tem mais hipóteses de acontecer, é um risco que tem de se tomar as medidas necessárias para o anular.

5. Saber quais são as actuações previstas pela lei em caso de risco grave e iminente.
R.: As actuações previstas na lei sobres os riscos são as seguintes: em primeiro de tudo evitar o risco, avaliar os que não podem ser evitados, combater os riscos na origem dos mesmo, adaptar o trabalho ao homem e não o homem ao trabalho, substituir o que é perigoso pelo que é menos perigoso, planificar a prevenção com um sistema coerente que integre técnica, organização do trabalho, dar prioridade às medidas de protecção de trabalho colectiva em vez da individual e dar instruções aos trabalhadores.

6. Conhecer, em linhas gerais, as principais medidas preventivas para cada risco laboral.
R.: Em linhas gerais, podemos definir as medidas preventivas como: limpeza e arrumação e manutenção de equipamentos e ferramentas, realização de exames médicos a todos os trabalhadores, dar medidas de protecção colectiva em vez das individuais, dispor de sistemas de alarme, utilização de equipamentos adequados, rotação de pessoal, transporte de cargas se possível mecanicamente informar os trabalhadores o seu correcto modo de trabalho, dar autonomia ao trabalhador, realização de pausas adequadas, prevenir o excesso de trabalho, fomentar a comunicação entre os trabalhadores, etc.

7. Descobrir os riscos laborais de um posto de trabalho.

8. Propor medidas preventivas para os riscos detectados.

9. Compreender a importância de analisar os riscos laborais como primeiro passo para prevenir danos na saúde dos trabalhadores.

terça-feira, janeiro 13, 2009

LESÕES OCUPACIONAIS AFETANDO A COLUNA VERTEBRAL EM TRABALHADORES DE ENFERMAGEM

Através do levantamento das comunicações de acidente do trabalho (CAT) de um hospital universitário no período de janeiro de 1990 a dezembro de 1997, analisou-se determinadas características da ocorrência de acidentes do trabalho relacionados com a coluna vertebral em trabalhadores de enfermagem. Verificou-se que nesse período foram notificados 531 acidentes e 37 (7,0%) destes eram acidentes típicos que comprometeram a coluna vertebral. Os resultados indicam subnotificação do acidente e que a categoria mais acometida foi o atendente de enfermagem. Os acidentes ocorreram principalmente pela movimentação e transporte de equipamentos e pacientes e pelas quedas.

Pesquisadores de várias partes do mundo têm demonstrado que os trabalhadores de enfermagem são um dos grupos ocupacionais mais afetados por algias e lesões dorsais ocupacionais(1-4). Países desenvolvidos têm voltado sua atenção especificamente aos acidentes do trabalho que comprometem a coluna e já foi comprovado que a equipe de enfermagem apresenta uma das maiores taxas de ocorrência deste tipo de acidente(5-10). Segundo estudo realizado(7), 45,9% das lesões dorsais entre a equipe de enfermagem, ocorreram durante o levantamento e transporte de pacientes.
Uma pesquisa realizada(11) atribuiu os acidentes hospitalares afetando a coluna vertebral ao levantamento de peso, principalmente de pacientes e equipamentos. Outros autores brasileiros(12), estudando os acidentes do trabalho em unidades cirúrgicas, constataram que 13,9% dos acidentes aconteceram por lombalgias, entorses e distensões durante procedimentos de movimentação e locomoção de pacientes. Em um estudo com 1218 trabalhadores de enfermagem de um hospital universitário, os autores(13) constataram que 100 (8,2%) pacientes sofreram algum tipo de acidente do trabalho em um período de seis meses. Destes, 20 (20%) estavam relacionados com lesões na coluna vertebral e esses acidentes ocorreram geralmente quando os trabalhadores estavam movimentando ou transportando pacientes (25%), equipamentos (20%) e por quedas (25%), devido ao piso escorregadio. Dentro deste contexto, há um consenso de que as lesões dorsais representam um grave problema para os trabalhadores de enfermagem, demandando programas urgentes de prevenção.
O presente estudo teve por objetivo investigar determinadas características da ocorrência de acidente do trabalho relacionados com a coluna vertebral em trabalhadores de enfermagem de um Hospital Universitário.
MÉTODOS
População estudada
A população estudada compreendeu todos os trabalhadores de enfermagem que sofreram acidentes típicos do trabalho relacionados com a coluna vertebral notificados através da CAT no período de janeiro de 1990 a dezembro de 1997. Foram utilizados apenas os acidentes típicos na pesquisa porque tinha-se como objetivo caracterizar os acidentes do trabalho relacionados com a coluna vertebral em trabalhadores de enfermagem durante a realização de suas atividades ocupacionais, excluindo-se, portanto, os acidentes de trajeto e as doenças ocupacionais.
Entende-se por acidente típico aquele que "ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa" (...) "provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho"(14).
Coleta de dados
Os dados foram coletados pela aluna pesquisadora que, inicialmente, realizou um levantamento das notificações de acidente do trabalho por meio da Comunicação de Acidente do Trabalho  CAT. Após esse levantamento, foram entrevistados todos os trabalhadores que sofreram acidentes típicos do trabalho relacionados com a coluna vertebral. Foram excluídos os trabalhadores que não faziam mais parte do quadro do hospital devido às demissões, aposentadorias, falecimentos e afastamentos.
Instrumento de coleta de dados
Optou-se por uma entrevista estruturada com o uso de um formulário com perguntas abertas e fechadas, constituído de três partes: 1. identificação; 2. questões relacionadas com o acidente; 3. questões relacionadas com os acidentes que ocorreram durante a movimentação, transferência ou transporte de pacientes. O instrumento foi testado em trabalhadores de enfermagem que haviam sofrido acidente do trabalho lesando a coluna e não notificados. O instrumento também foi submetido à apreciação de dois docentes de enfermagem para avaliar sua objetividade, adequação e clareza.
Aspectos éticos
Respeitando os aspectos éticos, consultou-se o Comitê de Ética em Pesquisa que emitiu parecer favorável à realização do trabalho. Todos os participantes foram informados sobre a pesquisa e assinaram uma "carta de consentimento informado".
Análise dos dados
Os dados foram codificados, inseridos em uma planilha e processados através do Programa Excel 5,0 com a ajuda de estatísticos. Para análise estatística utilizou-se o programa EPI-INFO 6,0.

RESULTADOS
A partir do levantamento de acidentes notificados em trabalhadores de enfermagem durante um período de oito anos, obteve-se um total de 531 acidentes. Destes, 37 (7,0%) foram acidentes típicos que comprometeram a coluna vertebral

Verifica-se que estatisticamente foi constatada uma diferença significativa (p= 0,0092) entre as diferentes categorias de enfermagem, sendo a categoria atendente de enfermagem foi a que mais se acidentou no período. Esse achado pode estar relacionado a este estudo retrospectivo quando, no início dos anos 90, o atendente ainda participava do cuidado direto aos pacientes. Desses 37 trabalhadores acidentados, 23 fizeram parte do estudo. Justifica-se que dos 14 excluídos, nove não faziam mais parte do quadro de trabalhadores do hospital devido à demissão, aposentadoria ou falecimento, cinco estavam cumprindo licença-médica.
Através da Tabela 2 é apresentada a distribuição dos trabalhadores por categoria profissional e sexo.
Durante o período estudado cada trabalhador entrevistado sofreu um único acidente do trabalho típico que tenha lesado a coluna vertebral, permanecendo assim o número de acidentes igual ao número de acidentados.
Quanto ao turno da ocorrência, os acidentes ficaram assim distribuídos: manhã 44%, tarde 30%, noite 22% e não informado 4%.
A distribuição dos acidentes segundo o dia da semana indicou que a maioria ocorreu na quinta-feira 26,1%, seguindo-se da quarta-feira 21,7% e da sexta-feira 17,4%.
A localização do local da ocorrência do acidente também foi investigada e pode ser observada na Tabela 3.



A Tabela 4 demonstra o tipo de atividade que os trabalhadores estavam realizando no momento do acidente.


Em relação à movimentação de materiais e equipamentos, constatou-se que os acidentes ocorreram durante a movimentação de macas, monitor cardíaco, carrinho de anestesia, bolsa de diálise, entre outros. Quanto aos acidentes que ocorreram durante a deambulação, estes estavam relacionados ao piso escorregadio e, em alguns casos, também ao uso de propés. Ao amparar pacientes em queda, os trabalhadores relatam que além de segurá-los para que não sofressem a queda, tinham também que suspendê-los e colocá-los novamente no leito, forçando excessivamente a coluna devido ao peso do paciente e postura inadequada.
A Tabela 5 mostra o agente ou objeto causador do acidente e que se considerou mais de uma resposta para cada trabalhador acidentado.


O agente causador da maior ocorrência, segundo os entrevistados, foi o piso escorregadio (32,1%) e que, no momento do acidente, o chão estava sendo lavado ou havia sido encerado. O piso e a utilização de propés causaram quedas importantes com lesão dorsal, merecendo um estudo específico. Os pacientes também foram considerados como agentes causadores do acidente (25%), os quais eram obesos e/ou totalmente dependentes, que ocorreu principalmente, durante a realização dos banhos de leito, amparando pacientes em queda e realizando transferências de pacientes. A maca aparece em terceiro lugar com 14,3%, e que, em alguns casos, o acidente aconteceu quando o trabalhador tentou desviar a maca de outras pessoas que vinham em sua direção. Outra situação encontrada foi quando a maca era mais alta que a cama para onde estava sendo transferido um paciente.
Os trabalhadores acidentados também procuraram especificar a causa do acidente, cujos dados podem ser observados na Tabela 6. Nesta questão, houve mais de uma resposta por entrevistado.

As causas apontadas como mais freqüentes na ocorrência dos acidentes foram a movimentação, levantamento ou transferência de peso excessivo com nove (26,5%) casos, devido a pacientes obesos e/ou dependentes (na realização de banho de leito, movimentação e amparo de paciente em queda), a materiais (balde cheio de líquido e bolsa de diálise peritonial) e a equipamento (monitor cardíaco).
Nas atividades durante as quais ocorreram os acidentes, 18 (78,3%) haviam sido planejadas e cinco (21,7%) em situações de urgência. Nos casos de urgência, os acidentes geralmente ocorreram quando o trabalhador estava amparando pacientes em quedas de seus leitos.
Das regiões lesadas da coluna vertebral a mais freqüentemente comprometida foi a lombar com 59,3% dos casos. O número de lesões em região sacrococcígea (25,9%) pode ser justificada pela ocorrência de quedas devido ao piso escorregadio e a utilização de propés. Em alguns casos houve mais de uma região lesada por trabalhador.
Dos 23 acidentados, 12 (52,2%) necessitaram de afastamento do trabalho. Nestes casos o número total de dias perdidos foi de 192 e o número médio por trabalhador acidentado foi de 17,8 dias de afastamento.
Após o acidente, três trabalhadores precisaram ser transferidos de unidade. Dois deles retornaram após a melhora do quadro e o terceiro acabou sendo transferido definitivamente de setor e impossibilitado de retomar as suas atividades anteriores.
Dos trabalhadores acidentados, 19 (82,6%) ainda apresentaram conseqüências decorrentes do acidente. Essas conseqüências são descritas por eles como dores intensas quando realizam esforço físico ou quando permaneciam por período prolongado na mesma posição, dificultando assim, muitas vezes, a realização das atividades antes desenvolvidas. Dos trabalhadores acidentados, 14 (60,9%) citaram que não tinham anteriormente a ocorrência do acidente problemas de coluna.
As questões relacionadas com os acidentes que ocorreram durante movimentação, transferência ou transporte de paciente foram utilizadas para entrevistar apenas os trabalhadores que sofreram acidente do trabalho dessa natureza. Foram então entrevistados cinco (21,7%) trabalhadores de enfermagem (Tabela 7).

Nos casos dos acidentes que ocorreram durante a transferência de pacientes (60,0%), os maiores problemas levantados pelos trabalhadores foram os pacientes obesos e, muitas vezes, totalmente dependentes, e a quantidade insuficiente de trabalhadores para a realização deste procedimento.
O número de trabalhadores que participavam das atividades no momento do acidente variavam entre duas e três pessoas, incluindo o próprio acidentado, confirmando assim uma das principais queixas dos trabalhadores que é o número insuficiente de pessoal(15). Salienta-se que essas transferências foram realizadas sem o auxílio de equipamentos especiais.
Dos cinco trabalhadores de enfermagem entrevistados, apenas dois (40,0%) referiram ter recebido treinamento formal para a realização dos procedimentos relacionados à movimentação, transferência e transporte de paciente.

DISCUSSÃO
Pelo fato de ser um estudo retrospectivo, problemas foram encontrados na sua realização. Primeiramente, 14 trabalhadores não puderam ser entrevistados por não pertencerem mais ao quadro funcional do hospital ou estarem em licença-médica. Como segundo aspecto que merece ser destacado, a CAT mostrou-se um instrumento apenas referencial e com o agravante de seu preenchimento estar incompleto e de forma não padronizada. Um outro aspecto que deve ser considerado foi a questão da subnotificação ou sub-registro do acidente do trabalho. Nesta pesquisa, em oito anos de levantamento das comunicações de acidentes do trabalho  CAT  foram encontrados 37 acidentes típicos comprometendo a coluna vertebral. A subnotificação foi detectada ao se comparar os resultados do presente estudo com um outro realizado no mesmo hospital(13), que constataram 21 acidentes de coluna (notificados ou não) em apenas seis meses de observação. A subnotificação evidenciada pode ser atribuída ao sub-registro dos acidentes leves. Nos casos de afecções osteomusculares elas podem surgir no momento do acidente ou aparecer lentamente com o passar do tempo e a falta de registro dificulta o reconhecimento de sua relação com o trabalho, podendo ser atribuído à idade e a fatores individuais ou até mesmo hereditários(16).
Em relação ao local de ocorrência, os dados encontrados vieram confirmar outros estudos anteriores(13) em que a maioria dos acidentes aconteceu dentro do hospital e na própria unidade em que o trabalhador de enfermagem estava atuando. Autores(17) que realizaram uma pesquisa na Suécia, notaram que 59% dos acidentes ocorreram no quarto do paciente. Pesquisadores do Canadá verificaram que o maior número de ocorrência de lesões nas costas aconteceu com o pessoal de enfermagem na Ortopedia(7).
O presente trabalho também procurou mostrar o que os trabalhadores estavam fazendo quando ocorreu o acidente. Dessa forma, verificou-se que geralmente estavam movimentando equipamentos ou materiais. Este fato aponta para a necessidade de realização de pesquisas que focalizem a importância de tarefas não relacionadas com o transporte de pacientes na ocorrência de lesões vertebrais entre a equipe de enfermagem. No entanto, observou-se também que as atividades que envolvem a manipulação de pacientes continua sendo um fator de risco preocupante entre as causas de lesões dorsais.
Um estudo realizado em um hospital australiano demonstrou que 67,7% das lesões ocasionadas por manuseio de pesos estavam associadas com as atividades diretas com pacientes e, 32,4% com os procedimentos que não envolviam a manipulação de pacientes(10). Pesquisadores e organizações têm procurado discutir as técnicas de movimentação e transporte de pacientes dentro de uma estrutura ergonômica e utilizando equipamentos auxiliares(18-19). No entanto, continuam sendo utilizados sem treinamento e em condições inadequadas.
Autores brasileiros(15) verificaram que esses procedimentos são executados sob condições desfavoráveis, com um número insuficiente de pessoas e com equipamentos inadequados e sem manutenção. A falta de equipamentos e materiais para auxiliarem agrava mais ainda o problema.
Um estudo(13) revelou que os acidentes ocorreram quando os trabalhadores estavam movimentando ou transportando pacientes e equipamentos e por quedas. A importância das quedas ficou evidenciada quando os trabalhadores citaram o piso escorregadio como um dos principais agentes causadores do acidente. Os resultados apontam também outras causas relacionadas com os pacientes, equipamentos, ambiente e a própria organização do trabalho. Dentro deste contexto, os resultados apontam para o estabelecimento de estratégias de prevenção que caminham em direção a uma abordagem ergonômica tais como: treinamento sobre movimentação e transporte de pacientes, melhoria do posto de trabalho, utilização de auxílios mecânicos, revisão de aspectos organizacionais do trabalho, entre outros.
A questão das conseqüências dos acidentes que afetaram a coluna vertebral merece ser destacada. O presente estudo demonstrou que a maior parte dos trabalhadores (52,2%) ficou afastada do serviço e que o número médio de afastamento por trabalhador acidentado foi de 17,8 dias.

CONCLUSÃO
Comparando este trabalho com pesquisa realizada no mesmo hospital(13), os resultados demonstram que os acidentes do trabalho estão subnotificados por motivos que devem ser ainda investigados. As lesões ocupacionais que afetam diretamente a coluna vertebral ocorreram com maior freqüência com os atendentes de enfermagem, no próprio quarto do paciente. Essas lesões dorsais ocorreram principalmente durante a manipulação de equipamentos e pacientes e tiveram como agente causador pisos escorregadios, que acarretaram quedas, e pacientes obesos e dependentes.
Verificou-se também outros fatores ergonômicos relacionados com problemas ambientais e organizacionais relacionados com as lesões dorsais, tais como equipamentos inadequados, falta de equipamentos especiais para movimentar pacientes, pessoal insuficiente para realizar transferências, falta de treinamento, entre outros. É importante destacar também os impactos econômicos e psicossociais ocasionados principalmente pelo absenteísmo e as seqüelas das lesões.
Dessa forma, torna-se imperiosa a implementação de medidas de prevenção que utilizem estratégias ergonômicas envolvendo pacientes, trabalhadores de enfermagem, equipamentos e ambiente de trabalho.

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