terça-feira, abril 13, 2010

LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS E COMBUSTÍVEIS

1. Introdução
2. Definições
3. Medidas Gerais de Segurança
4. Riscos à Saúde
5. Carga e Descarga de Caminhões Tanque
6. Armazenamento
7. Construção de Tanques
8. Sala de Bombas
9. Limpeza e Reparo de Tanques e Equipamentos Utilizados com Inflamáveis
10. Equipamentos de Combate a Incêndios em Áreas com Inflamáveis
11. Bibliografia

1. INTRODUÇÃO
O constante desta apostila visa apresentar algumas das normas mais importantes no recebimento, armazenamento e manuseio de líquidos inflamáveis e combustíveis, mais específicas para indústrias que não os fabriquem.
Como as características dos líquidos inflamáveis variam, assim como também as precauções para manuseá-los, não se pretende aqui cobrir o tema em todos os seus detalhes. Para informações mais detalhadas é aconselhável se consultar, entre outras, as seguintes normas:
- NB-98 Armazenamento e manuseio de líquidos inflamáveis e combustíveis – ABNT
- NR-20 Líquidos combustíveis e inflamáveis

2. DEFINIÇÕES

- Líquido combustível: qualquer líquido que tenha ponto de fulgor igual ou superior a 70°C e inferior a 93,3°C. Os líquidos combustíveis serão chamados de Classe III. Obs.: apesar do registro do limite de 93,3°C, isto não significa que líquidos com pontos de fulgor superiores sejam não combustíveis.
- Líquido inflamável: qualquer líquido que tenha ponto de fulgor inferior a 70°C e tensão de vapor que não exceda 2,8 kg/cm² (40 lb/pol²), absoluta a 37,7°C (100°F) Os líquidos inflamáveis dividem-se em 2 classes:
Na Classe I estão incluídos os líquidos inflamáveis com ponto de fulgor inferior a 37,7°C
(100°F) e são subdivididos como segue:
􀂃 Classe I-A – inclui os que têm ponto de fulgor abaixo de 22,7°C (73°F) e ponto de
ebulição abaixo de 37,7°C
􀂃 Classe I-B – inclui os que têm ponto de fulgor abaixo de 22,7°C e ponto de ebulição
igual ou superior a 37,7°C
􀂃 Classe I-C – inclui os que têm ponto de fulgor igual ou superior a 22,7°C e inferior a
37,7°C.

Na Classe II estão incluídos os líquidos inflamáveis com ponto de fulgor igual ou superior a
37,7°C e inferior a 70°C.
Obs.: os líquidos das Classes II e III, quando aquecidos acima do seu ponto de fulgor, devem ser consideradas como líquidos da Classe I e II respectivamente. Os líquidos de ponto de fulgor acima de 93,3°C, desde que sejam aquecidos acima do seu ponto de fulgor, devem ser considerados líquidos da Classe III.
- Ponto de fulgor de um líquido é a menor temperatura na qual o mesmo libera uma quantidade de vapor suficiente para formar uma mistura inflamável com o ar, perto da superfície ou dentro do recipiente usado no teste.
Existem outras propriedades que contribuem para o risco dos líquidos inflamáveis, embora o
ponto de fulgor seja o principal fator. O risco relativo aumenta à medida que baixa o ponto de fulgor. A importância desta propriedade é mais aparente quando se comparam líquidos de distintos pontos de fulgor.
A temperaturas comuns (abaixo de 38°C) o querosene e o petróleo combustível não emitem quantidades perigosas de vapores, enquanto a gasolina já emite vapores em quantidades suficientes para formar uma mistura inflamável a temperatura ambiente de aproximadamente –10°C (-50°F).
Quando aquecido ao seu ponto de fulgor (ou acima deste), qualquer líquido combustível produzirá vapores inflamáveis.
Os petróleos combustíveis pesados, quando aquecidos acima de 100°C podem produzir, por exemplo, vapores inflamáveis, tão facilmente como a gasolina. Suas características também mudam quando são atomizados. Tais líquidos quando aquecidos ou atomizados, poderão ser considerados como líquidos inflamáveis.
- Temperatura de auto-ignição: esta é a menor temperatura na qual um gás inflamável ou uma mistura de vapor e ar se acende devido à sua fonte de calor, ou ao colocar-se em contato com uma superfície quente, sem a necessidade de que haja uma fagulha ou chama.
Os vapores e os gases se inflamam a temperaturas mais baixas quando na presença de maiores concentrações de oxigênio. A presença de substâncias catalíticas pode ter influência sobre a temperatura de auto-ignição.
- Limite de explosividade ou inflamabilidade: os líquidos inflamáveis têm uma concentração mínima de vapor no ar, abaixo da qual não se dá a propagação da chama em contato com uma fonte de ignição. Isto se conhece como “Limite inferior de explosividade” (LIE). Existe também uma concentração máxima vapor ou gás no ar, acima da qual não ocorre a propagação de uma chama. Isto se conhece como “Limite superior de explosividade” (LSE).
Por exemplo: uma mistura de vapor-ar, na faixa de menos de 1% de vapor de gasolina é demasiadamente pobre, não produzindo, portanto, a propagação de chama em contato com uma fonte de ignição. Da mesma maneira, se houver algo mais de 8% de vapor de gasolina, a mistura será demasiadamente rica. Outros gases, tais como: o hidrogênio, o acetileno e o etileno, tem uma faixa de inflamabilidade muito mais ampla.
- Faixa de explosividade ou inflamabilidade: é o conjunto de concentrações entre os limites inferiores e superiores de explosividade, expressos em porcentagens de vapor ou gás, por volume de ar.
Por exemplo: a faixa de explosividade da gasolina, entre os seus limites de explosividade dos vapores, geralmente é de 1,4 e 7,6%. Estes limites estão relativamente próximos um do outro. Sendo assim uma mistura de 1,4% de vapor de gasolina e de 98,6% de ar, é inflamável, como também o será qualquer mistura intermediária que chegue a 7,6% (incluindo este valor) e cerca de 92,4% de ar.
- Propagação de chama: é a difusão por todo o volume da mistura vapor-ar, a partir de uma fonte de ignição única. Uma mistura de vapor-ar, que esteja abaixo do limite inferior de explosividade, pode inflamar-se no ponto de ignição, sem propagar-se.
- Ritmo de difusão: este indica a tendência de um gás ou vapor, se dispersar ou se misturar com outro gás ou vapor. Este ritmo depende da densidade do vapor ou gás, com relação à do ar que tem um valor de 1. O fato de um vapor ou gás ser mais leve ou mais pesado que o ar irá decisivamente determinar o projeto do sistema de ventilação. Se o vapor ou gás é mais pesado que o ar, o conduto de aspiração deverá estar situado ligeiramente acima do nível do piso. Inversamente, se o vapor ou gás é mais leve que o ar, o conduto de aspiração deverá estar localizado imediatamente abaixo do teto ou forro.
- Insuficiência de oxigênio: indica uma atmosfera que tem uma porcentagem de oxigênio inferior ao normal. O ar atmosférico contém aproximadamente 21% de oxigênio ao nível do mar.
Quando a concentração de oxigênio é de aproximadamente 16%, muitos indivíduos sentem náuseas, zumbidos nos ouvidos e uma aceleração dos batimentos cardíacos.
Antes de permitir a entrada de um trabalhador em um tanque, ou a outro espaço confinado, além das provas para se estabelecer a presença de substâncias tóxicas, deverá ser determinado o conteúdo de oxigênio nessa atmosfera, trabalho este que deverá ser executado por técnicos especialmente treinados para isso. Ninguém deverá estar em um tanque ou em outro recinto fechado, sem equipamento de respiração autônomo, se as medições tenham demonstrado que há menos de 16% de oxigênio.
Os equipamentos de proteção respiratória aprovados, do tipo autônomo com ar comprimido, têm demonstrado se aceitáveis para atmosferas onde haja insuficiência de oxigênio. São especialmente úteis para serem usados em lugares onde é difícil estender uma mangueira de ar.
Os produtos líquidos e fluidos e que contém líquidos inflamáveis, tais como as pinturas, ceras para pisos, soluções diversas, secantes, vernizes e outros, devem ser considerados como líquidos inflamáveis e classificados de acordo com o ponto de fulgor da mistura.
As precauções vinculadas com o manejo e uso, diferem de acordo com o ponto de fulgor, volatilidade e a quantidade de líquido inflamável que existe na mistura.
Os líquidos inflamáveis se vaporizam e formam misturas inflamáveis quando estão em recipientes abertos, quando ocorre um derramamento ou quando são aquecidos.
A magnitude do risco é determinada principalmente pelo ponto de fulgor do líquido, a concentração dos vapores no ar atmosférico (levando aqui em consideração a mistura vaporar que poderá apresentar concentrações ideais para inflamar), e a possibilidade de uma fonte de ignição ou temperatura suficiente para que a mistura inflame.
No manejo e uso de líquidos inflamáveis deve-se evitar a exposição ao ar livre, de grandes superfícies de líquidos. Não são os líquidos por si mesmos que queimam ou explodem, mas sim a mistura de vapor e ar que se forma na evaporação.Devido a isso, tem fundamental importância, o armazenamento e manuseio de líquidos inflamáveis de baixos pontos de fulgor em recipientes fechados, evitando-se assim que tais líquidos se exponham ao ar. Outro aspecto de grande importância é certificar-se que todos os recipientes estão corretamente rotulados.

3. MEDIDAS GERAIS DE SEGURANÇA

3.1. Prevenção de misturas perigosas
Sempre que possível, deverá ser evitada qualquer mistura acidental de líquidos inflamáveis.
Por exemplo: uma pequena quantidade de acetona dentro de um tanque de querosene, pode baixar o ponto de fulgor de seu conteúdo devido à volatilidade relativamente alta da acetona, o que cria uma mistura inflamável, quando da utilização desse mesmo querosene.
A gasolina misturada com um óleo combustível pode mudar o ponto de fulgor deste, de tal forma que seja perigoso para um uso corriqueiro. Em cada caso, o ponto de fulgor baixo pode fazer as vezes de um detonador para a ignição de materiais que têm pontos de fulgor altos.
As válvulas de controle dos equipamentos que contém líquidos inflamáveis devem ser identificadas mediante cores, etiquetas ou ambas as coisas. As canalizações deverão também ser pintadas com cores definidas, de acordo com as normas existentes, indicando também, além do seu conteúdo, a direção do fluxo.
Em cada tanque deverá ser pintado o nome do produto. As tubulações dos distintos produtos que provêm dos tanques deverão estar separadas e, preferivelmente, deverá ser usada uma bomba distinta para cada produto.
Para manusear líquidos inflamáveis em quantidades de até 20 litros, deve-se fazer uso de recipientes portáteis devidamente aprovados (ver figura 1).
Os recipientes deverão ser identificados claramente com o nome do produto e com um código de cores adequado, de acordo com as normas vigentes
3.2. Proibição do ato de fumar
Não deverá ser permitido que se fume, nem tampouco se portar fósforos, ou outros dispositivos que produzam fogo ou chispas, próximo ou em edifícios onde estejam armazenados líquidos inflamáveis.
O alcance da restrição para um lugar determinado dependerá dos produtos que ali estão sendo armazenados ou manuseados, do projeto do tanque ou edifício, e mais outras condições locais.
Para que esta norma seja respeitada, deverão ser colocados avisos visíveis de proibição de
fumar nessas áreas.
3.3. Eletricidade estática
A eletricidade estática se gera por contato e separação de materiais diferentes. A eletricidade estática, por exemplo, se gera quando os líquidos fluem dentro de um cano, ou saem desde um orifício até um tanque. Na figura 2, estão exemplos das distintas formas em que a eletricidade estática é gerada. Os principais riscos advindos da eletricidade estática são os incêndios e as explosões, provocados por descargas de eletricidade na forma de centelhas que contém energia suficiente para inflamar qualquer vapor, gás ou poeira inflamável. Além disso, uma descarga de eletricidade estática recebida por um operador, pode fazê-lo reagir de forma involuntária, o que poderá dar por resultado, uma queda e
consequentes lesões.
Um lugar muito perigoso para que haja centelhas produzidas pela eletricidade estática é onde há vapores inflamáveis em misturas com o ar. Podemos tomar como exemplos, a saída de um cano de descarga de um líquido, a ponta de uma mangueira de carga e próximo à abertura de carga de um caminhão tanque ou das aberturas de tambores.
Uma centelha entre dois corpos ocorre quando há uma boa condutibilidade elétrica entre eles, em consequência é necessário conectar à terra e ligar entre si os recipientes que contém os líquidos inflamáveis, evitando assim que a eletricidade estática produza uma centelha que resultaria numa explosão da mistura gasosa.
Como tais conexões devem ser efetuadas com precisão, aconselha-se consultar normas específicas como a “Standard n° 77 da NFPA, Recommended Pratice on Static Electricity”.
A seguir teremos um resumo dessa norma.
- Ligação e Conexão à Terra
Os temos “ligação” e “conexão à terra” têm sido empregados com frequência, indistintamente, devido à falta de compreensão de tais termos.
A ligação se efetua para eliminar a diferença potencial entre dois objetos. A finalidade da conexão à terra, ou aterramento, é eliminar uma diferença de potencial entre um objeto e a terra (ver figura 3).
As ligações entre dois objetos e o aterramento são efetivos somente quando os dois objetos que estão ligados entre si são condutores.
Apesar de que uma ligação entre dois objetos poder eliminar uma diferença de potencial entre os mesmos, não poderá eliminar uma diferença de potencial entre os dois objetos e a terra, a menos que um objeto possua uma via condutora ligada à terra. Assim sendo, uma ligação entre dois objetos não poderá eliminar uma carga elétrica, senão somente equilibrá-la entre os dois para que não surja uma centelha entre os mesmos.
Quando se liga dois objetos entre si com um cabo condutor, as cargas correm livremente os corpos e não existe uma diferença de potencial.
A conexão à terra descarrega então um corpo condutor carregado, e será sempre recomendada como uma medida de segurança, toda vez que existir dúvidas com respeito à uma situação ou quando se efetuar o carregamento ou descarga de um líquido inflamável ou combustível.
Para se evitar uma descarga de eletricidade estática através de centelhas durante as operações com líquidos inflamáveis, dever-se-á instalar um cabo condutor de ligação entre o recipiente de armazenamento e aquele que se está enchendo, a menos que haja, de alguma outra forma, uma continuidade metálica entre os recipientes.
Para maior segurança, aconselha-se instalar um cabo de ligação, ou que um dos recipientes esteja aterrado.
Quando se carregam ou esvaziam vagões tanques, através da tampa superior do tanque, faz-se necessário o uso de mangueiras que penetrando por cima, pela abertura, cheguem até o fundo do tanque. Geralmente tais vagões não precisam ser conectados à terra, separadamente, já que a resistência natural da terra, através das rodas do vagão e dos trilhos, mais a resistência do tubo, das juntas metálicas flexíveis e das juntas giratórias
são suficientemente baixas servindo então de proteção contra a eletricidade estática.
Para informação mais detalhada e estudos da situação apresentada, consultar “Standard n° 77 da NFPA, Recommended Pratice on Static Electricity”.
Os tanques ao nível do solo que são usados para o armazenamento de líquidos inflamáveis, devem ser corretamente conectados à terra.
O cabo para ligação à terra não deve ter capa isolante, para que possa ser facilmente inspecionado assegurando-se assim que não está partido (ver figura 4).
Os líquidos derivados do petróleo podem acumular cargas estáticas quando fluem através de canos, se agitam dentro de um tanque, ou quando são submetidos a movimentos violentos, como por exemplo quando são pulverizados ou agitados.
Uma boa ligação entre os tanques e um bom aterramento geralmente descarregam a eletricidade à terra, tão rapidamente ou ao mesmo momento em que é gerada.
Mesmo que as canalizações estejam ligadas à terra, um translado rápido de combustível
através das mesmas é capaz de gerar eletricidade estática na superfície do líquido. Além
disso, existem alguns líquidos derivados do petróleo que são maus condutores de
eletricidade, particularmente os produtos refinados puros. Nestes casos, sobre a
superfície do líquido do recipiente receptor, pode haver um acúmulo de carga estática,
mesmo que o recipiente esteja conectado à terra.
Isto ocorre porque a velocidade com que é gerada a carga é maior que aquela em que a
carga é descarregada do líquido para o metal que está aterrado. Se a carga acumulada é
suficientemente alta para produzir uma faísca, a energia desprendida será
suficientemente alta para inflamar uma mistura ar-vapor e ocasionar uma explosão.
Esta alta carga estática geralmente se controla reduzindo o fluxo, evitando salpicaduras
violentas mediante linhas paralelas de translado lento, deixando-se sempre um tempo de
repouso.
A centelha dos motores, as caixas elétricas de partida, ou controle, as tubulações com
fios elétricos e os interruptores, deverão ser conectados à terra, de acordo com o
constante do National Electrical Code (NEC). Quando se transfere um líquido
inflamável de um recipiente a outro, necessária faz-se a ligação para igualar à diferença
de potencial, como mostra a figura 5.
Na figura 6, mostra-se uma ligação para igualar a diferença de potencial e uma conexão
de aterramento entre um caminhão tanque que contém líquido inflamável e a plataforma
de carga.
Nos lugares onde são armazenados ou que se usam líquidos inflamáveis, os bicos das
mangueiras de vapor deverão estar ligados com a superfície do equipamento ou objeto
que se está limpando.
As correias em movimento são fontes de eletricidade estática, a não ser que sejam feitas
de um material condutor, ou recobertas por um composto condutor. Os materiais não
condutores, tais como: o tecido, a borracha ou as lâminas de plástico que passam pelas
roldanas também geram eletricidade estática. A eletricidade estática gerada por tais
materiais poderá ser descarregada mediante o uso de escovas metálicas conectadas à
terra, ou por coletores feitos com fragmentos de lâminas metálicas.
Os sistemas de ligação e conexão à terra deverão ser controlados regularmente para que
se tenha certeza de que estão em perfeito estado e que estão cumprindo efetivamente o
seu papel.
Antes de começar o carregamento as partes descobertas do cabo de ligação e de
conexão à terra deverão ser inspecionadas, verificando-se se não há trechos deteriorados
pela corrosão. De preferência as ligações e os aterramentos deverão ser feitos de cabos
trançados, sem capa isolante, o que facilitará sua inspeção.
3.4. Equipamentos elétricos
A eletricidade é uma fonte de ignição em lugares onde existem vapores inflamáveis, seja
por não se ter instalado os equipamentos elétricos adequados para essa atmosfera, ou por
que estes não passam pelas manutenções devidas.
Maiores informações poderão ser colhidas através das normas da NFPA, do National
Electrical Code (EUA) ou através das normas brasileiras já existentes.
3.5. Ferramentas anti-faiscantes
Os riscos da ignição de vapores ou gases inflamáveis, devido a faíscas, devem ser
reconhecidos, ainda que as vezes tenham sido exagerados.
Um breve artigo sobre experimentos feitos pela indústria de petróleo, indica que a
segurança obtida com o uso de ferramentas manuais anti-faísca, em presença de vapores de
gasolina e de outros hidrocarbonetos, não é significativa.
No entanto, substâncias, tais como: sulfeto de carbono, acetileno, éter etílico, requerem
baixa energia para se incendiar. Para estas substâncias e para outras, o uso de ferramentas
especiais destinadas a reduzir a um mínimo os riscos de centelhas em lugares perigosos, se
pode reconhecer como uma medida da segurança necessária.
As ferramentas forradas com couro, plásticos e as de madeira, estão isentas do risco de
faíscas por fricção, ainda que exista a possibilidade de nelas haver incrustação de partículas
metálicas.
4. RISCOS À SAÚDE
4.1. Efeitos tóxicos
Os líquidos inflamáveis e seus vapores, podem criar riscos à saúde, tanto por contato como
por inalação dos vapores tóxicos.
Muitos vapores tóxicos produzem irritações devido à ação solvente sobre a oleosidade
natural da pele e dos tecidos. Em quase todos os casos existe um risco de intoxicação. A
magnitude do risco certamente dependerá da concentração do vapor.
Alguns vapores inflamáveis são mais pesados que o ar e se dirigem para os fossos,
aberturas de tanques, lugares fechados e pisos rebaixados, contaminando o ar local e
criando uma atmosfera tóxica e explosiva.
Nos recipientes fechados, pode ocorrer o problema da falta de oxigênio, como por exemplo
em um tanque que tenha estado fechado por muito tempo, no qual a formação de óxidos
consumiu oxigênio. Antes de se entrar em um tanque nessas condições, o mesmo deverá ser
ventilado e medições devem ser feitas, tendo-se assim a certeza de que não há uma
atmosfera tóxica ou explosiva ou com deficiência de oxigênio.
4.2. Indicadores de gás combustível (explosímetro)
A menos que os procedimentos de prova mostrem o contrário, deve-se suspeitar que em
todos os tanques que tenham contido líquidos inflamáveis, ou que tenham estado expostos a
eles, em algum momento, possam conter substâncias inflamáveis e tóxicas.
A fim de verificar se existem misturas inflamáveis de vapor-ar em tanque em outros
equipamentos fechados, poderão ser realizadas provas, mediante uma análise química das
amostras e o emprego de um indicador de gás combustível aprovado (ver figuras 7 e 8). Um
dos indicadores de gás combustível se baseia no princípio de que quando uma mistura
inflamável de vapor e ar passa por um filamento aquecido eletricamente, a resistência do
filamento aumentará em proporção direta à quantidade de vapor combustível que exista. O
desequilíbrio da ponte de Wheatstone é lido no galvanômetro, geralmente como a
porcentagem do limite inferior de inflamabilidade de uma substância calibradora como por exemplo o hexano.
O indicador de gás combustível deverá ser usado somente por pessoas experimentadas e,
estas deverão seguir as instruções dadas pelo fabricante para a calibração do instrumento.
Para uma determinação precisa, a leitura deverá ser corrigida mediante o gráfico do gás
específico que poderia haver na atmosfera que se está provando. Os fabricantes de
instrumentos de prova fornecem gráficos de correlação para muitos gases combustíveis.
O técnico que efetuará a prova, poderá colocar várias gotas do líquido inflamável em um
frasco pequeno, sacudindo-o para que evapore. Feito isso, coloca-se a mangueira de
aspiração de amostras na boca do frasco, acionando-se o mecanismo de aspiração e
quantidade de vezes que for necessário. Se houver alguma dúvida quanto `a precisão do
indicador, este deverá ser calibrado de acordo com a norma específica ou devolvido ao
fabricante para que o calibre.
O tubo ou mangueira de amostra não deverá ser armazenado em locais expostos a qualquer
líquido, vapor ou água. Qualquer dessas substâncias o deixariam fora da condição ideal de
uso.
Os vapores quentes também podem afetar o indicador se condensarem em seu interior.
É possível que não se encontre vapor inflamável em um tanque de combustível vazio, antes
de ter sido feita sua limpeza.
No entanto, se este tanque possui lodo ou escamas internas, estes materiais poderão
desprender líquidos ou vapores inflamáveis.
Uma boa regra de segurança a seguir é considerar que um tanque nunca estará livre da
possibilidade de conter vapores inflamáveis, principalmente se contém lodo ou escamas.
Caso um operador esteja trabalhando dentro de um tanque e deixe o mesmo hoje à tarde,
quando ele retornar pela manhã, para dar sequência ao seu trabalho, serão necessárias
algumas provas adicionais, antes que ele entre novamente no tanque.
Atualmente, a maioria das empresas exigem uma permissão por escrito, quando o
trabalhador tem que entrar em um recinto fechado, que tenham contido líquidos
inflamáveis.
5. CARGA E DESCARGA DE CAMINHÕES TANQUE
Os caminhões, os reboques e semi-reboques que são utilizados para transportar líquidos
inflamáveis, deverão ser construídos e operados de acordo com as normas nacionais vigentes.
5.1. Inspeção
Os caminhões deverão ser mantidos em bom estado de conservação e ser inspecionados
diariamente, dando-se atenção especial à limpeza do motor, ao estado das luzes, freios,
buzina, espelhos retrovisores, ligações para aterramento, pneus, sistema de direção e ao
tanque que transporte a carga, que deve estar sem ferrugem e devidamente sinalizado.
5.2. Proibição de fumar
Os motoristas não deverão fumar, nem tampouco seus ajudantes, enquanto estiverem
dirigindo, descarregando, carregando ou efetuando reparos.
Os motoristas deverão estar alertas para não chegarem perto de qualquer fonte de ignição
durante as operações acima descritas e tampouco deverão permitir que outras pessoas
fumem próximas ao veículo.
Todo veículo deverá ter, pelo menos um extintor cuja capacidade seja suficiente para se
controlar uma emergência. Como precaução, o uso de dois extintores dará maior segurança.5.3. Estacionamento do caminhão
Antes de retirar a tampa da cúpula ou efetuar as conexões para a descarga, ou carga, o
veículo deverá estar devidamente freado, o motor deverá ser desligado, as luzes deverão ser
apagadas, os cabos para igualar os potenciais do tanque do caminhão e do tanque de
armazenagem deverão ser colocados, e por fim, dever-se-á fazer o aterramento.
5.4. Conexões de carga e descarga
Caso o caminhão tenha uma bomba que é acionada pelo mesmo motor que o impulsiona,
este deverá ser desligado antes de conectar ou desconectar as linhas de carga. O motorista
deverá ficar o tempo todo junto aos controles do caminhão. Caso tenha que se afastar por
alguns instantes, a descarga do produto inflamável deverá ser suspensa, e deverão ser
retiradas as mangueiras.
Caso uma linha de descarga tenha que atravessar uma área de trabalho, deve-se colocar
avisos de precaução.
As pessoas que estão empregadas na distribuição do líquido deverão certificar-se de que o
estão fazendo de forma correta e de que o tanque para a qual está sendo mandado o líquido
já tenha contido previamente o mesmo líquido.
Para assegurar-se da eliminação de líquidos residuais, evitando-se a combinação de um
líquido de baixo ponto de fulgor com um líquido de alto ponto, os técnicos encarregados da
operação deverão esvaziar os tanques totalmente e lavá-los com o mesmo produto que
deverá ser armazenado.
Para essa operação tem-se que ter a certeza de que o tanque está devidamente ventilado e
que há espaço suficiente para conter a quantidade de líquido que se pretende carregar.
5.5. Perdas
Perdas por vazamento ou por transbordamento deverão ser evitadas.
Quando qualquer uma dessas situações se apresentar, a carga deverá ser suspensa
imediatamente, as válvulas deverão ser fechadas e o líquido derramado deverá ser retirado
do local ou coberto (no caso de ser sobre a terra) com areia ou terra, para depois se
prosseguir com a operação.
Deve dar-se um tempo suficiente para a dissipação dos vapores, antes de se colocar o motor
em funcionamento.
O motorista deverá fazer todo o possível para estacionar um caminhão quebrado, ou que
esteja vazando sua carga, de forma que não venha apresentar perigo para o trânsito ou para
a localidade. Nesses casos, devem ser colocadas placas pedindo que as pessoas não se
aproximem, a polícia deverá ser avisada e também o corpo de bombeiros.
O caminhão deverá ser estacionado longe da estrada, se possível em um terreno baldio, ou,
pelo menos, longe de edificações e de lugares onde haja concentração de gente. O
caminhão não deverá ser abandonado.
Os motoristas deverão ser devidamente treinados pelas empresas transportadoras para que
saibam as características do produto que estão transportando, e como agir nos possíveis
casos de emergência. Deverão ter também uma orientação que diga a respeito ao itinerário
que deverão fazer, haja visto as grandes concentrações populacionais, por onde, em
princípio, não deve transitar um caminhão tanque que transporte líquidos inflamáveis.
O líquido que se derrama, se possível, deverá ser recolhido em recipientes, numa depressão
do terreno ou em um poço. Em caso de derramamentos grandes, principalmente em zonas urbanas, antes de se colocar vidas em risco, o melhor método consiste em usar bombas
manuais portáteis para o recolhimento em tambores ou em outro caminhão tanque.
5.6. Incêndios
No caso de incendiar-se um caminhão tanque, durante uma operação de carga ou descarga,
se possível, deverá ser cortado o fluxo de combustível que vai para o veículo ou que vem
deste.
Se o caminhão estiver carregado, o tubo não deverá ser retirado do caminhão e se possível,
deve-se cobrir a abertura de enchimento com uma manta úmida.
O fogo deverá ser atacado com extintores de gás carbônico, de espuma ou pó químico seco,
ou ainda água nebulizada.
Se houver um fluxo de água suficiente, o líquido incendiado poderá ser levado a um lugar
seguro, mas nunca para dentro de uma rede pública de esgotos.
Quando há o escape de vapores incendiados, devido a perdas ou pelos orifícios de
ventilação, será melhor permitir que se queimem até que se possa controlar a origem do
escape do líquido ou vapor.
Em qualquer incêndio, deve-se informar rapidamente ao corpo de bombeiros local.
O motorista, bem como o ajudante, se houver, deverão estar devidamente preparados para
atuarem em uma emergência. Para tanto, é necessário que se familiarizem com as
características do produto, e com as providências a serem tomadas em caso de incêndio.
6. ARMAZENAMENTO
Os líquidos inflamáveis devem ser armazenados de acordo com a NB.98.
Só citaremos a seguir os aspectos que julgamos mais importantes.
Os líquidos inflamáveis deverão ser armazenados de acordo com o seu grau de periculosidade, e
sob certos cuidados que o seu comportamento exige.
Os líquidos de classe I e II não deverão ser guardados ou armazenados em edifícios onde haja
grande acúmulo de pessoas, tais como: escolas, igrejas, teatros, a não ser que sejam colocados
em recipientes adequados de segurança (figura 9), em uma sala ou em um armário destinado a
esse fim.
Mesmo o armazenamento em local apropriado, tal galpão ou sala, não deverá comunicar-se com
locais onde haja acúmulo de pessoas.
Os edifícios onde são armazenados os líquidos inflamáveis, não deverão ter suas vias de acesso
e de saída voltadas para corredores onde normalmente transitam pessoas. Tampouco deverão ser
armazenados próximos a estufas, fornos ou canos de calefação, ou ainda expostos aos raios de
sol ou qualquer fonte de ignição.
Não deverá ser permitido o armazenamento de líquidos inflamáveis em recipientes abertos. Os
recipientes adequados para o armazenamento de tais produtos deverão estar sempre fechados,
quando cheios ou quando vazios.
Quando os recipientes de líquidos inflamáveis estiverem vazios e isentos de vapores, deverão
ser retirados os seus rótulos preventivos.
Os líquidos a granel da classe I deverão ser armazenados em tanques subterrâneos e fora dos
edifícios.
A saída de um tanque não deverá dar dentro de um edifício, a menos que termine em uma sala
especialmente desenhada para esse fim.
A norma n° 30 da NFPA, denominada “Flammable & Combustible Liquides Code” ou a NB.98,
dão especificações que limitam a quantidade de cada classe de líquido inflamável que pode ser armazenada em distintos lugares e em dependências industriais, juntamente com dados que
descrevem as condições e os procedimentos necessários relacionados com estes
armazenamentos.
Os veículos utilizados dentro de uma empresa para transportar líquidos inflamáveis, em
recipientes fechados, deverão ser especialmente desenhados para que não ocorram danos aos
recipientes.
Poder-se-á utilizar engradados especiais que acondicionem os vasilhames, sem lhes
comprometer a resistência.
As pessoas encarregadas de procederem ao enchimento dos recipientes, deverão estar cientes da
necessidade de se deixar acima da superfície do líquido, suficiente espaço, para que o vapor
formado possa se expandir devido às mudanças da temperatura, sem aumentar a pressão interna
do recipiente além de suas especificações. A gasolina se expande, por exemplo, numa proporção
de 1% para cada 8°C de aumento de temperatura. Para a gasolina se recomenda deixar um
espaço para o vapor, equivalente a 2% da capacidade do tanque ou do recipiente, deixando-se a
propósito, marcas que indiquem o nível máximo.7. CONSTRUÇÃO DE TANQUES
Os tanques para inflamáveis, assim como o local de instalação, devem atender a NB.98, NR.20
e as normas do Corpo de Bombeiros local. Só apresentaremos a seguir, aspectos relativos a
respiradores e construção de diques.
7.1. Respiradores
Os tanques de armazenamento deverão possuir respiradores do tipo e tamanho determinado
pela norma NB.98.
Os respiradores dos tanques subterrâneos, que armazenam líquidos combustíveis da classe
I, deverão terminar fora de edifícios, a uma altura maior que aquela do tubo de
carregamento do tanque, não devendo ultrapassar a 3,65m acima do nível do solo adjacente.
Deverão ser localizados de tal maneira que os vapores não entrem pelas aberturas dos
edifícios, nem fiquem concentrados em depressões do terreno. Os produtos de ventilação
dos tanques subterrâneos que armazenem líquidos combustíveis, deverão terminar fora dos
edifícios, e serem mais altos que os dutos de carregamento dos tanques.
A localização de orifícios de ventilação deve ser tal que o escape de vapores se disperse
convenientemente a uma distância segura, estando longe das fontes comuns de ignição.
Caso os orifícios de ventilação estejam localizados em posições onde possam se entupir,
poderão ser envoltos por uma malha de arame relativamente aberta.
7.2. A construção de diques
Nos locais de armazenamento a granel onde sempre houver a possibilidade de
consequências graves em caso de derramamento de líquidos inflamáveis, dever-se-á
construir diques ao redor dos tanques, de preferência um dique ao redor de cada tanque, de
forma que cada dique possa conter o líquido derramado por vazamento ou por
transbordamento.
A necessidade de construir diques estará baseada nas condições locais. No caso de haver
algum tanque próximo a um edifício, poder-se-ia construir muros de tal forma que
desviassem qualquer derramamento do produto inflamável para um local seguro, longe do
edifício.
Os diques deverão contar com drenagem para as chuvas. Nos grandes depósitos, tais diques
deságuam em uma piscina de recuperação, localizada a grande distância dos tanques e dos
edifícios, onde o líquido inflamável, em caso de derramamento, pode ser recuperado,
separando-se da água, pelo processo de flutuação. Tais locais deverão ser dotados de
válvulas de controle as quais deverão se manter fechadas, a menos que se esteja escoando a
água do local. Os diques não deverão dirigir os líquidos inflamáveis derramados, a cursos
naturais d’água, ou redes de esgoto públicas, ou ainda a lagos artificiais ou naturais de
parques.
8. SALA DE BOMBAS
Sempre que possível, as bombas de líquidos inflamáveis deverão ser colocadas fora de
edifícios.
Quando os equipamentos para a transferência de líquidos inflamáveis estiverem dentro de um
edifício, este deverá ser de uma construção resistente ao fogo, e, deverá ter boa ventilação,
especialmente próximo ao piso, onde vapores poderão se concentrar formando uma mistura
inflamável.
A sala de bombas não deverá ter ralos, salvo pequenas aberturas para a saída, visto que é
comum haver o acúmulo de vapores em tais locais. Tal sala deverá ter, pelo menos, duas saídas,
estando livre de obstruções, sendo que suas portas deverão abrir para fora.
Em lugares onde se manejam líquidos inflamáveis, os motores deverão estar separados por
paredes e totalmente isolados do resto da sala de bombas, ou então deverão ser do tipo isolado,
à prova de atmosferas explosivas. A sala de bombas deverá estar sempre bem ventilada.
É uma boa medida de segurança ter uma chave geral fora do edifício (ou seja da sala), e que
seja bem identificada.
Todos os materiais elétricos localizados em tal sala deverão ser do tipo à prova de explosões.
As válvulas e os selos das bombas deverão estar em prefeito estado de funcionamento, evitando
assim, perdas excessivas.
Recomenda-se recuperar a perda de líquidos por um sistema de retorno, através de
encanamentos especialmente dispostos para isso, ao invés de simplesmente se limitar a recolher
as perdas por intermédios de bandejas.
A boa ordem e limpeza têm fundamental importância. A sala deverá conter recipientes
adequados para se eliminar estopas ou outros resíduos. Os recipientes para esse fim deverão ser
esvaziados diariamente.
Na sala de bombas não deverão ser guardadas ferramentas, salvo aquelas requeridas para o
trabalho diário.
Na sala de bomba não deve haver armário para roupas, visto que não deve ser usada como
vestiário. Pessoas estranhas à função aí desempenhada não deverão ter livre acesso à tal área.
Qualquer fonte de ignição deverá ser afastada dessa área.
Os extintores de incêndio, por sua vez, deverão estar localizados em locais convenientes, e de
fácil identificação. Seria aconselhável o uso de portas corta-fogo de fechamento automático,
bem como sistema automático de extinção, de acordo com a classe do risco presente.
9. LIMPEZA E REPAROS DE TANQUES E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS COM
INFLAMÁVEIS
9.1. Introdução
Em princípio, as normas apresentadas são adequadas para líquidos inflamáveis em geral.
No entanto, em cada caso se deve pesquisar a necessidade de se aplicar normas especiais
conforme o produto utilizado.
Esta operação é provavelmente a mais perigosa de todas aquelas que envolvem o uso de
inflamáveis. Todas as normas referentes à educação, equipamentos de proteção individual,
riscos a saúde e de incêndio, devem ser revistas e entendidas.
9.2. Preparação de tanques e equipamentos
9.2.1.
- A limpeza do tanque e do equipamento deve estar a cargo de pessoal
perfeitamente treinado, que esteja perfeitamente familiarizado com todos os
riscos e salvaguardas necessários para a execução do trabalho com segurança.
- Os tanques e o equipamento, bombas, linhas e válvulas devem ser sempre
drenados e completamente lavados com fluxos de água antes de serem reparados.
Os operários nunca deverão ser autorizados a fazer reparos em equipamentos
enquanto os mesmos estiverem em operação e com as tubulações cheias. Deve
ser verificado se todas as fontes de ignição foram eliminadas das cercanias do
tanque.
- Se seções da tubulação são para serem removidas e os flanges abertos, os
parafusos inferiores devem ser afrouxados inicialmente e, embora as linhas
tenham sido escoadas, todo o cuidado deve ser tomado para evitar o contato
pessoal com o líquido drenado ou com o gotejamento oriundo do equipamento.
Todos os respingos ou vazamentos devem ser removidos imediatamente através
de lavagem com grandes quantidades de água na direção dos drenos adequados.
- O tanque ou equipamento a ser reparado deve ser inicialmente esvaziado de todo
o líquido e todas as tubulações chegando ou saindo do tanque (exceto
respiradouros) após a drenagem, devem ser desconectadas ou bloqueadas.
- O tanque deve ser limpo com vapor para a remoção residual do inflamável e de
seus vapores. O fluxo e temperatura do vapor devem ser suficientes para elevar a
temperatura do tanque acima da temperatura de ebulição do inflamável e a
vaporização deverá ser continuada até que os vapores do inflamável tenham sido
removidos. O tanque deve depois ser resfriado, preferivelmente enchendo-o de
água e drenando-o uma ou duas vezes. O tanque deve ser depois limpo com ar
fresco e o ar deve ser testado quando à presença de vapores do inflamável, por
um método aprovado, antes de se permitir a entrada do pessoal. As linhas de
vapor e água devem estar aterradas para evitar-se o acúmulo de eletricidade
estática.
9.2.2. Entrada no tanque
- Ninguém deve estar no tanque ou em espaço confinado até que uma permissão para o
trabalho tenha sido assinada por pessoas autorizadas, indicando que a área foi testada e
julgada segura. Além do mais, nenhum operário deve entrar num tanque ou recipiente que
não tenha uma abertura de saída suficientemente larga para passar uma pessoa usando
dispositivos de segurança, para efetuar um resgate através de cordas e equipamento
respiratório de emergência. Deve ser verificado se o tanque ou recipiente pode ser
abandonado pela entrada original.
- Um elemento do lado de fora do tanque manterá os demais dentro do tanque, sob observação
e outro elemento deve estar disponível por perto para prestar ajuda no resgate de algum
outro, caso isto seja necessário.
- Uma máscara respiratória com suprimento de ar ou máscaras autônomas, juntamente com
equipamentos de resgate, devem estar sempre localizados do lado de fora da entrada do
tanque, para serem usados em operações de resgate, qualquer que seja o tipo de equipamento
respiratório utilizado pelo pessoal no interior do tanque.
- Ventilação especial é recomendada durante todo o tempo que os homens estiverem
limpando, reparando ou inspecionando o tanque e pode ser feita por exaustão ou remoção de
vapores do fundo do tanque, seja através das aberturas do fundo ou por meio de exaustão
através de tubos grandes flexíveis, quando os tanques tiverem apenas aberturas no topo. Os
ventiladores ou aparelhos supridores de ar usados para a ventilação, necessária para evitar
qualquer deficiência de oxigênio, deverão ser à prova de centelhas, devidamente
manutenidos para se evitar atritos e aterrados. Nos tanques contendo só uma abertura no
topo, deve-se tomar cuidado para se ter certeza da completa remoção dos vapores de todo o
tanque. Também se deve tomar cuidado para evitar que os gases de exaustão reciclem para o
interior do tanque.
- Durante o curso do trabalho, testes frequentes deverão ser feitos para determinar se a
atmosfera do tanque está sendo mantida dentro da faixa de segurança. Esta precaução é
necessária porque resíduos não completamente removidos pela lavagem podem
recontaminar a atmosfera do tanque.
- Em todos os casos, se o trabalho de reparo é interrompido, a atmosfera do tanque deve ser
verificada completamente e emitida uma nova permissão de trabalho antes de se reassumir o
serviço.
- Se um funcionário limpador ou reparador de um tanque sentir-se mal, ele deve ser resgatado
para se ministrar imediatamente os primeiros socorros.
9.2.3. Resgate de emergência
- Sob nenhuma circunstância um elemento da equipe de resgate deve entrar num
tanque para remover uma vítima de exposição exagerada a contaminante, sem a
devida proteção respiratória, cinto de segurança e uma linha de corda atada. A
extremidade livre desta linha de corda deve ser segura por um elemento localizado
no exterior do tanque. Outro elemento deve estar disponível no imediato para ajudar elemento externo ou em constante comunicação com ele.
9.2.4. Trabalho de reparos externos
- Os reparos externos do tanque, incluindo aqueles em serpentinas de vapor, corte, rebitagem
e solda, deverão ser permitidos somente após perfeita limpeza e testes do tanque para se
certificar de que o mesmo está livre de vapores e após ter sido emitida uma permissão de
trabalho por pessoa autorizada. Devem ser feitos testes repetidos através de indicadores de
gás adequados, quanto à presença de vapores inflamáveis e conteúdo de oxigênio, para a
inteira proteção dos operários.
- Toda solda externa ou combustão nos tanques ou equipamentos que tenham contido um
inflamável, deverão ser feitas somente após tais recipientes terem sido completamente
limpos com vapor. A limpeza deverá continuar enquanto prosseguir o trabalho de reparos.
Encher tanques vazios limpos com gás inerte é outro método que poderá ser usado em solda
ou combustão externas.
- Em todos os casos, se o serviço de reparo for interrompido, a atmosfera do tanque deverá ser
verificada completamente e uma nova permissão de trabalho deverá ser emitida para o
reinício das operações.
10. EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIO EM ÁREAS COM INFLAMÁVEIS
As especificações destes equipamentos é atribuição do Corpo de Bombeiros local, que
normalmente já tem normas padronizadas a respeito.
Conforme o tipo de edificação ou ocupação (destilaria ou refinaria, parques de tanques ou
tanques isolados, plataforma de carregamento, armazéns de produtos acondicionados, etc) são
previstos os correspondentes meios de combate a incêndio (extintores manuais, extintores sobre
carretas, instalações fixas, semi-fixas, automáticas ou sob comando, hidrantes, etc).
Para cada um destes meios de combate a incêndio são feitas várias exigências. Como exemplo
citaremos algumas para o sistema de proteção por hidrantes:
- Os hidrantes devem ser distribuídos de tal forma que qualquer ponto da área protegida possa
ser alcançado por um jato d’água, considerando-se no máximo 30 metros de mangueira.
- A canalização de alimentação dos hidrantes deverá ter diâmetro mínimo de 63mm.
- Etc.
De uma maneira bem global, poderíamos dizer que em parques de armazenamento de
inflamáveis em tanques são necessários as seguintes proteções:
- Extintores manuais e de carreta para se combater pequenos princípios de incêndio.
- Rede de hidrante adequada.
- Sistema de proteção por espuma ou por linhas manuais ou por intermédio de câmaras de
espuma.
11. BIBLIOGRAFIA
- Revistas “Notícias de Seguridad”
Volumes 3, 4, 5 e 6
Tomo XXXVIII – Consejo Interamericano de Seguridad
- Folheto de Informações de Segurança n° 502
Limpeza e Reparos de Tanques e Equipamentos Utilizados com Inflamáveis – CNS- IMBEL
- NB.98 – Armazenamento e Manuseio de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis – ABNT
- Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo
Especificações para Instalações de Prevenção e Combate a Incêndios

segunda-feira, abril 12, 2010

Riscos Do Trabalho_01

Os Riscos Do Trabalho_01

PORTARIA Nº 13 de 09/06/2002.

PORTARIA Nº 13 de 09/06/2002.


Secretaria de Inspeção do Trabalho Ministério do Trabalho e Emprego





ESPECIFICAÇÃO DE SEGURANÇA PARA CABOS DE FIBRA SINTÉTICA







 Subitem 18.16.5: Os cabos de fibra sintética utilizados para sustentação de cadeira suspensa ou como cabo-guia para fixação do trava-quedas do cinto de segurança tipo pára-quedista, deverá ser dotado de alerta visual AMARELO.



 Subitem 18.16.6: Os cabos de fibra sintética deverão atender as especificações constantes do Anexo I - Especificações de Segurança para Cabos de Fibra sintética, desta NR.



 ANEXO I - Especificações de Segurança para Cabos de Fibra Sintética



1. O Cabo de Fibra Sintética utilizado nas condições previstas do subitem 18.16.5 deverá atender as especificações previstas a seguir:



a) deve ser constituído em trançado triplo e alma central;



b) trançado externo em multifilamento de Poliamida;



c) trançado intermediário e o alerta visual de cor amarela em multifilamento de Polipropileno ou Poliamida na cor amarela com o mínimo de 50% de identificação, não podendo ultrapassar 10% da densidade linear;



d) trançado interno em multifilamento de Poliamida;



e) alma central torcida em multifilamento de Poliamida;



f) construção dos trançados em máquina com 16, 24, 32 ou 36 fusos;



g) número de referência: 12 (diâmetro nominal em mm);



h) densidade linear 95 + 5KTEX (igual a 95 + 5 g/m);



i) carga de ruptura mínima 20 KN;



j) carga de ruptura mínima de segurança sem o trançado externo 15 KN.



2. O Cabo de Fibra Sintética utilizado nas condições previstas no subitem 18.16.5 deverá atender as prescrições de identificação, a seguir:



a) marcação com fita inserida no interior do trançado interno gravado NR 18.16.5 ISO 1140 1990 e o nome do fabricante com CNPJ;



b) rótulo fixado firmemente na embalagem, contendo as seguintes informações:



I. material constituinte: POLIAMIDA;

II. número de referência: diâmetro 12mm; e

III. comprimento em metros.



c) Incluir o aviso: "CUIDADO: CABO PARA USO ESPECÍFICO EM CADEIRAS SUSPENSAS E CABO-GUIA DE SEGURANÇA PARA FIXAÇÃO DE TRAVA-QUEDAS".



3. O Cabo Sintético deverá se submetido a Ensaio conforme Nota Técnica ISO 2307/1990, ter avaliação de carga ruptura e material constituinte, pela rede brasileira de laboratórios de ensaios e calibração do Sistema Brasileiro de Metrologia e Qualidade Industrial.

Doenças Ocupacionais devidas a Agentes Biológicos

Os agentes biológicos constituem-se no mais antigo risco ocupacional de que se tem notícia Bernadino Ramazzini (1992:66), Pai da Medicina do trabalho, em sua obra-prima datada de 1700, já fazia referência às doenças dos coveiros:
“A ploebe, nas suas paróquias, põe os seus mortos amontoados em promiscuidade dentro de grandes sepulcros; quando os coveiros descem a esses antros fétidos, cheios de cadáveres semi-pútridos, para depositarem outros mortos que trazem, expõem-se a perigosas doenças como febres malignas, morte repentina, caquexia, hidropsias, catarros sufocantes e outras doenças mais, muito graves; apresentam face cadavérica e aspecto amarelado como quem vai trabalhar no inferno. Pode acreditar-se que a causa mais ativa e pior desses males pestíferos está na descida ao sepulcro pois, no seu interior, respira-se necessariamente uma atmosfera pestilenta, a qual se incorporam os espíritos animais, inabilitando-os para a sua função, isto é, para a manutenção de toda a máquina vital.”
Este grupo abrange aqueles fatores de risco decorrentes da ação dos agentes biológicos: vírus, bactérias, fungos, protozoários e etc. presentes em materiais biológicos, veiculados por seres animados (vetores) e por objetos contaminados.
O risco de contaminação é agravado pela precariedade das condições de asseio e higiene em espaços laborais – vestiários, banheiros, refeitórios, bebedouros e etc. – as quais também podem existir no acondicionamento, transporte, destino do lixo e na captação e tratamento de esgoto.
Nos processos produtivos das indústrias alimentícias, farmacêuticas e de cosméticos, os trabalhadores manipulam materiais orgânicos como vísceras, ossos, soros que podem estar contaminados e até algumas matérias orgânicas em estado de putrefação que são utilizadas como matérias – primas. No setor de serviços como os hospitais e laboratórios, o contato com organismos biológicos e materiais orgânicos é maior que em outros setores, aliás é inerente ao próprio trabalho. Também os trabalhadores rurais estão sujeitos a serem picados por cobras, escorpiões ou atacados por outros animais, além do contato com animais portadores de diversos tipos de afecções.

DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS

QUE PODEM ESTAR RELACIONADAS COM O TRABALHO


I. Tuberculose (A15-19.-)


II. Carbúnculo (A22.-)

III. Brucelose (A23.-)

IV. Leptospirose (A27.-)

V. Tétano (Do Adulto) (A35.-)

VI. Psitacose, Ornitose (Doença dos Tratadores de Aves) (A70.-)

VII. Dengue (Dengue Clássico) (A90.-)

VIII. Febre Amarela (A95.-)

IX. Hepatite Viral (B15-B19.-)

X. Doenças pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) (B20-B24.-)

XI. Dermatofitose e Outras Micoses (B35-B36.-)

XII. Candidíase da Pele e das Unhas (B37.2)

XIII. Paracoccidiodomicose (Blastomicose Sul Americana,

Blastomicose Brasileira, Doença de Lutz) (B41.-)

XIV. Malária (Relacionada com o Trabalho)(B50-B54.-)

XV. Leishmaniose Cutânea e Leishmaniose Cutâneo-Mucosa (B55.1 e B55.2)

TUBERCULOSE


Doença progressiva ou crônica que resulta da infecção por Mycobacterium tuberculosis (adquirida geralmente por inalação) ou Mycobacterium bovis (adquirida geralmente por ingestão de material infectante). É classificada em pulmonar e extrapulmonar (tuberculose pleural, tuberculose miliar, meningoencefalite tuberculosa, tuberculose linfonodal, tuberculose renal, tuberculose ósteo-articular e da coluna vertebral).

De acordo com as explicações de patogenia e imunidade da tuberculose vigente, a tuberculose-doença ocorre quando:

• a)na infecção inicial, devido a um número excessivo de bacilos e/ou fatores que diminuem a capacidade de resposta imune do hospedeiro, o equilíbrio não chega a se estabelecer;



Processo inflamatório



O indivíduo que entra em contato pela primeira vez com o bacilo de Koch não tem, ainda, resistência natural. Mas adquire. Se o organismo não estiver debilitado, consegue matar o microorganismo antes que este se instale como doença. É, também, estabelecida a proteção contra futuras infecções pelo bacilo.



• b)posterior à infecção inicial, pela quebra do equilíbrio parasita x hospedeiro, por reativação endógena, com rebaixamento da resposta imune local ou sistêmica e/ou provável aparecimento de cepas mutantes de bacilos mais virulentos com maior capacidade de multiplicação, ou por reinfecção exógena, com um número excessivo de bacilos, associada ou não a imuno-deficiência.

Como o bacilo de Koch se reproduz e desenvolve rapidamente em áreas do corpo com muito oxigênio, o pulmão é o principal órgão atingido pela tuberculose.




A tuberculose relacionada com o trabalho tem sido freqüentemente observada e descrita em trabalhadores que exercem atividades em laboratórios de biologia, e em atividades realizadas por pessoal de saúde, que propiciam contato direto com produtos contaminados ou com doentes cujos exames bacteriológicos são positivos.

Em trabalhadores expostos a poeiras de sílica e/ou portadores de silicose, a tuberculose e a sílico-tuberculose deverão ser consideradas como "doenças relacionadas com o trabalho", posto que a exposição à sílica pode favorecer a reativação da infecção tuberculosa latente (cristais de sílica no interior dos macrófagos alveolares deprimem sua função fagocitária e aumentam sua destruição), como tem sido clínica e epidemiologicamente demonstrado no mundo inteiro, inclusive no Brasil.

CARBÚNCULO

Termo usado de modo ambíguo na literatura médica e na linguagem corrente, designando ora o antraz, ora a furunculose multifocal causada por Staphylococcus aureus. Em francês a doença causada pelo Bacillus anthracis é denominada charbon, sendo o nome anthrax utilizada para os casos de furunculose multifocal. Nos países anglofônicos, pelo contrário, a furunculose multifocal é dita carbuncle, e muitos dicionários ingleses aceitam anthrax e carbuncle como nomes aplicáveis igualmente às duas doenças. No Brasil, a palavra "carbúnculo" tem sido usada por muitos autores para designar a furunculose multifocal devida ao S. aureus, e por outros, para a infecção por B. anthracis. A doença profissional clássica é a causada pelo B. anthracis.

Zoonose causada pela exposição ocupacional ao Bacillus anthracis, em atividades suscetíveis de colocar os trabalhadores em contato direto com animais infectados ou com cadáveres desses animais; trabalhos artesanais ou industriais com pelos, pele, couro ou lã.

No homem, a porta de entrada mais freqüente é a cutânea (90% dos casos), com formação de pústula necrótica escura que pode evoluir para a cura ou fazer uma septicemia através da via linfática e levar à morte. A forma respiratória (doença dos cortadores de lã) desencadeia uma pneumonia extensa que evolui para septicemia e morte. A forma meningo-encefálica, muito rara, também tem evolução para o óbito.

Os grupos de risco são, essencialmente, os tratadores de animais, pecuaristas, trabalhadores em matadouros, cortumes, moagem de ossos, tosa de ovinos, manipuladores de lã crua, veterinários e seus auxiliares.

BRUCELOSE

Termo geral para um grupo de doenças infecciosas causadas por Brucella melitensis, B. abortus, B. suis e B. canis. A infecção dá-se por via digestiva (leite, queijo), por contaminação de lesões cutâneas com sangue ou produtos animais infectados e, no gado, por via placentária.

Sintomas Clínicos: febre (remitente ou ondulante), calafrios, cefaléia, fadiga, sudorese, anorexia e emagrecimento. Menos comumente: astenia, esplenomegalia, linfadenopatia, dores nas costas, hepatomegalia e rigidez de nuca. A forma crônica cursa afebril ou com febre baixa. Outros órgãos, aparelhos ou sistemas podem estar comprometidos constituindo complicações da brucelose.

Zoonose causada pela exposição ocupacional a Brucella melitiensis, B. abortus, B., suis, B. canis, etc., em atividades em abatedouros, frigoríficos, manipulação de produtos de carne; ordenha e fabricação de laticínios e atividades assemelhadas.

Por zoonose, entende-se qualquer infecção ou doença de animais vertebrados que, habitual ou ocasionalmente, se transmite ao homem em condições naturais.

LEPTOSPIROSE

Termo geral para infecções ou doenças causadas por bactérias do complexo Leptospira interrogans, que varia desde formas assintomáticas ou leves até quadros graves, com icterícia, hemorragias, anemia, insuficiência renal, comprometimento hepático e meningite. A gravidade da infecção depende da dose infectante, da variedade sorológica da Leptospira e das condições do paciente.

Sintomas Clínicos: os sintomas variam de leves e inespecíficos, semelhantes a quadros gripais, até muito intensos, como na forma íctero-hemorrágica. Os principais sintomas observados são: febre, icterícia, mialgia na panturrilha, vômitos, cefaléias, anorexia e hepatomegalia.

As leptospiroses constituem verdadeiras zoonoses. O principal animal reservatório das leptospiroses é o rato, pois é capaz de pemanecer eliminando o microorganismo pela urina por todaa sua vida, constituindo-se em portador são universal.

A leptospirose relacionada com o trabalho tem sido descrita em trabalhadores que exercem atividades em contato direto com águas sujas, ou em locais suscetíveis de serem sujos por dejetos de animais portadores de germes; trabalhos efetuados dentro de minas, túneis, galerias, esgotos em locais subterrâneos; trabalhos em cursos d’água; trabalhos de drenagem; contato com roedores; trabalhos com animais domésticos, e com gado; preparação de alimentos de origem animal, de peixes, de laticínios, e em outras atividades assemelhadas claramente identificadas pela perícia.

TÉTANO


Doença aguda produzida pelo Clostridium tetani, um bacilo esporulado anaeróbio, mediante a secreção de uma neurotoxina, a tetanospasmina. O bacilo, que tem ampla distribuição geográfica e é disseminado pelas fezes de equinos e outros animais, infecta o homem quando seus esporos penetram através de lesões contaminadas, em geral de tipo perfurante, mas também de dilacerações, queimaduras, etc. A presença de tecido necrosado, pus ou corpos estranhos facilita a reprodução local do bacilo, que não é invasivo e age por sua toxina. A incubação tarda de 4 a 50 dias (em geral, 5 a 10 dias).

Sintomas Clínicos: 1) Sintomas localizados: discretos espasmos na região do ferimento; 2) Sintomas premonitórios: irritabilidade, fisgadas, dores nas costas e no ombros; 3) Contratura permanente (rigidez muscular): pode acometer grupos musculares localizados ou apresentar hipertonia generalizada (mais comum); 4) Espasmos paroxísticos ou convulsões.

O Clostridium tetani é encontrado na natureza sob a forma de esporos, nos seguintes lugares: solo, principalmente quando tratado com adubo animal; no reino vegetal, em espinhos de arbustos e pequenos galhos de árvores; em águas putrefatas; em pregos enferrujados sujos; em instrumentos de trabalho ou latas contaminadas com poeira da rua ou terra; em fezes de animais ou humanas; em fios de catgut não convenientemente esterilizados; em agulhas de injeção não convenientemente esterilizadas, etc

A exposição ocupacional em trabalhadores é relativamente comum, e dá-se, principalmente, em circunstâncias de acidentes do trabalho na agricultura, na construção civil, na indústria, ou em acidentes de trajeto. A doença, por sua raridade e por sua relativa especificidade, em trabalhadores que sofreram acidente do trabalho poderá ser considerada como "doença relacionada com o trabalho.

PSITACOSE

Zoonoses causadas pela exposição ocupacional a Chlamydia psittaci ou Chlamydia pneumoniae, em trabalhos em criadouros de aves ou pássaros, atividades de Veterinária, em zoológicos, e em laboratórios biológicos, etc.

Psitacose: denominação comum da ornitose, doença de aves causada por bactérias da espécie Chlamydia psittaci, que infecta eventualmente o homem.

Ornitose: doença infecciosa aguda, causada por bactérias da espécie Chlamydia psittaci, que infecta diversas aves, e eventualmente o homem. As fontes de infecção mais freqüentes são periquitos, papagaios, pombos, patos, perus, canários, etc. que transmitem a infecção através de suas fezes dissecadas e disseminadas com a poeira, sendo aspiradas pelos pacientes.

Depois de 4 a 15 dias de incubação, surgem, súbita ou progressivamente, febre, calafrios, cefaléia, mialgias e pneumonite, que logo se torna pneumonia franca. A radiografia mostra quadro pneumônico extenso, enquanto a sintomatologia pulmonar pode ser muito pobre, com pouca tosse ou escarro mucopurulento. O pulso é lento e sua elevação progressiva, com taquipnéia, é de mau prognóstico. A evolução pode ser favorável (com convalescença prolongada) ou grave, com letalidade que chega a 30%.

DENGUE CLÁSSICO


Termo geral para uma doença aguda febril, de caráter endêmico ou epidêmico, causada por um dos Flavivirus do dengue (família Togaviridae), com quatro tipos sorológicos (1, 2, 3 e 4). Os reservatórios são os homens e os insetos transmissores são o Aëdes aegypti, Aëdes albopictus e o Aëdes scutellaris.

Quando o agente etiológico for conhecido, o nome completo da doença será dengue por vírus tipo 1, ou dengue por vírus tipo 2, etc.

A origem do Aedes aegypti, inseto transmissor da doença ao homem, é africana. Na verdade, quem contamina é fêmea, pois o macho apenas se alimenta de seivas de plantas. A fêmea precisa de uma substância do sangue (a albumina) para completar o processo de amadurecimento de seus ovos. O mosquito apenas transmite a doença, mas não sofre seus efeitos.

Clínicos: início abrupto de febre (39-400C), cefaléia intensa, dor retrocular, mialgias, artralgias, manifestações gastrointestinais (vômitos anorexia). Pode surgir um exantema morbiliforme centrífugo no 30 ou 40 dia de doença, e, às vezes, fenômenos hemorrágicos discretos (epistaxes, petéquias). Pode haver micropoliadenopatia e hepatomegalia. A febre costuma ceder em até 6 dias


(1). O mosquito infectado pica o homem.

(2). O vírus se dissemina pelo sangue.

(3). Um dos locais preferidos do vírus para se instalar no corpo humano é o tecido que envolve os vasos sangüíneos, chamado retículo-endotelial.

(4). A multiplicação do vírus sobre o tecido que provoca a inflamação dos vasos. O sangue, com isso, circula mais lentamente.

(5). Como a circulação fica mais lenta, é comum que os líquidos do sangue extravasem dos vasos. O sangue torna-se mais espesso.

(6). O sangue, mais espesso, pode coagular dentro dos vasos provocando trombos (entupimentos). Além disso, a circulação lenta prejudica a oxigenação e nutrição ideal dos órgãos.

(7). Com o tempo, se não houver tratamento específico, pode haver um choque circulatório. O sangue deixa de circular, os órgãos ficam prejudicados e podem parar de funcionar. Isso leva à morte.

O dengue relacionado com o trabalho tem sido descrito em trabalhadores que exercem atividades em zonas endêmicas, em trabalhos de saúde pública, e em laboratórios de pesquisa, entre outras atividades em que a exposição ocupacional é clara, podendo ser constatada pela perícia.

FEBRE AMARELA

Doença febril aguda causada pelo Flavivirus da febre amarela (família Togaviridae), cujo quadro clínico varia amplamente desde as formas inaparentes até as graves e fatais.

Sintomas Clínicos: varia de um quadro benigno, inespecífico, até doença fulminante caracterizada por disfunção de múltiplos órgãos, em particular por hemorragias. A forma grave inicia-se abruptamente com o chamado "período de infecção" que caracteriza-se por febre, calafrios, cefaléia intensa, dor lombossacral, mialgia generalizada, anorexia, náuseas, vômitos e hemorragias gengivais de pequena intensidade ou epistaxe. Dura três dias e segue-se do "período de remissão", com melhora que dura 24 horas. Nos casos graves os sintomas reaparecem caracterizando o "período de intoxicação" (mais grave).

A febre amarela persiste na América do Sul apenas como enzootia de macacos, tendo por transmissores mosquitos dos gêneros Haemagogus e Aëdes. Os casos humanos, pouco numerosos, incidem agora entre as pessoas que trabalham ou mantêm contato com as florestas. A febre amarela urbana teve o homem como único reservatório e, como transmissor, neste continente, o Aëdes aegypti.

Outros trabalhadores eventualmente expostos, por acidente, incluem os que exercem atividades de Saúde Pública e que trabalham em laboratórios de pesquisa.

HEPATITE VIRAL

Hepatite é termo genérico para inflamação do fígado, que convencionalmente designa também, alterações degenerativas ou necróticas dos hepatócitos. Pode ser aguda ou crônica e ter como causa uma variedade de agentes infecciosos ou de outra natureza. O processo inflamatório do fígado é caracterizado pela necrose hepatocelular difusa ou irregular, afetando todos os ácinos. Suas causas principais são as viroses devidas a: 1)vírus da hepatite A (Hepadnavírus HAV); 2) vírus da hepatite B (Hepadnavírus HBV); vírus da hematite C (HCV); vírus da hepatite D (HDV).; vírus da hepatite E (HEV).

Sintomas Clínicos: 1) Fase prodrômica: início súbito de febre baixa, anorexia, náuseas e, às vezes, vômitos e diarréia. Pode haver cefaléia, mal-estar, astenia e fadiga, com dor em peso no hipocôndrio direito. A fase prodrômica pode ser assintomática. 2) Fase ictérica: diminuição dos sintomas prodrômicos e surgimento de icterícia, hepatoesplenomegalia dolorosa e discreta. 3) Fase convalescente: desaparecimento da icterícia com recuperação completa após algumas semanas. As Hepatites B e C podem evoluir para cronicidade, com ou sem complicações. A Hepatite B pode evoluir de forma aguda fulminante, principalmente na presença de co-infecção ou superinfecção pelo vírus da Hepatite D.

Na Hepatite Viral A, a fonte de infecção é próprio homem (raramente macacos), e a transmissão é direta, por mãos sujas (circuito fecal-oral) ou por água ou alimentos contaminados. Vários surtos têm sido descritos em creches, escolas, enfermarias, e unidades de Pediatria e Neonatologia, com taxas de transmissão que giram em torno de 20% em trabalhadores suscetíveis. Nos EUA, a prevalência em trabalhadores da saúde varia de 35 a 54% (comparado com 38% da população geral).

Na Hepatite Viral B o vírus é encontrado em todas as secreções e excreções do corpo, mas aparentemente apenas o sangue, o esperma e a saliva são capazes de transmiti-lo. A infeção é adquirida, em geral, por ocasião de transfusões, de injeções percutâneas com derivados de sangue, ou uso de agulhas e seringas contaminadas, também através de relações sexuais, principalmente homossexuais masculinas. Nos trabalhadores da saúde a soroprevalência de HBV é de 2 a 4 vezes maior e a incidência anual é 5 a 10 vezes maior que ma população geral.

Na Hepatite Viral C, a soroprevalência em trabalhadores da saúde parece ser similar à da população geral. A soroconversão dos trabalhadores que se acidentam com material contaminado ocorre em 1,2 a 10% dos trabalhadores acidentados. Estima-se que 2% dos casos devem-se à exposição ocupacional.

A Hepatite Viral D é endêmica na Amazônia ocidental, onde, em associação com o vírus da Hepatite B, é o agente etiológico da chamada Febre Negra de Lábrea, de evolução fulminante.

quarta-feira, abril 07, 2010

Bullying no Trabalho é Comum, mas Vítima nem Sempre Percebe

O mercado de trabalho competitivo vem causando estresse, problemas psicológicos e assédio moral, também chamado de bullying, no ambiente de trabalho. Alguns dos atos que configuram bullyng são: pedir projetos ou relatórios em prazos impossíveis, remarcar reuniões em cima da hora, pedir tarefas triviais para pessoas que ocupam cargos de responsabilidade, deixar de pedir tarefas, espalhar fofocas, excluir pessoas do grupo, não dividir informações, pedir trabalhos que obriguem funcionário a aumentar em muitas horas sua jornada, fazer críticas constantes, não reconhecer esforços e desmerecer resultados.



O tema começou a ganhar mais espaço com os estudos da psiquiatra francesa Marie-France Hirigoyen, uma das primeiras a se preocupar com o assédio moral no trabalho, segundo a coluna "Mulher" do portal Terra. Mas o problema está longe de ser reconhecido pelas empresas. "A maior dificuldade é saber quando acontece de fato e quando não é algo que decorre do trabalho. É a sutileza que torna o assédio moral ainda mais perverso. Pois o trabalhador não é assediado de forma clara, na frente de outros, mas muitas vezes na forma de brincadeiras cheias de sarcasmo", afirmou Paulo Eduardo Vieira de Oliveira, juiz do trabalho em São Paulo e professor da Universidade de São Paulo. O que se percebe é que as próprias vítimas muitas vezes não reconhecem a agressão e encaram as cenas como desafios na busca da manutenção de sua empregabilidade e das metas de produtividade da empresa.



FATORES



A idade é o primeiro fator de discriminação que leva ao bullying, segundo a médica do trabalho Margarida Barreto, uma das coordenadoras do site assediomoral.org.br e pesquisadora do tema há 15 anos. Entre seus trabalhos está a dissertação de mestrado "Uma Jornada de Humilhações", feita a partir de 2.072 entrevistas com homens e mulheres de 97 indústrias paulistas. "Está inserido nas relações de trabalho, na forma da organização e na cultura que banaliza certos comportamentos. Cerca de 90% das empresas não encaram o problema e fazem de conta que é algo banal. Normalmente só tomam atitude quando há prejuízo na produção", afirmou ao site. As mulheres são as principais vítimas com estatísticas em todo o mundo apontando para 70% dos casos. A maioria deles envolve a questão da gravidez. "Para maior parte das empresas ainda isso é problema", disse Margarida ao portal. Doze por cento dos casos derivam de situações de assédio sexual.


CASOS


A filial do Japão da grife italiana Prada, por exemplo, foi acusada recentemente de demitir 15 funcionários por sua aparência. Uma funcionária da grife deu entrada ao processo recentemente. Segundo ela, as ordens foram para remover para outlets ou lojas não tão bem localizadas cerca de 30 pessoas, a maioria mulheres na faixa dos 40 anos. Ela ainda conta que o gerente de RH da marca pediu que ela emagrecesse e mudasse a cor do cabelo. Em comunicado, a empresa afirmou que "o tribunal competente japonês rejeitou todas as acusações do empregado e determinou que a rescisão de seu contrato de trabalho era perfeitamente legítimo". Nas Filipinas, uma ex-comissária de bordo, que foi demitida por estar acima do peso, perdeu uma ação que durou duas décadas de processos numa sentença que considerou que o peso dos funcionários era questão de segurança aérea.

Fonte: Redação Revista Proteção, em 24.03.10.