terça-feira, outubro 13, 2009

Seleção de Respiradores


De acordo com a Norma Regulamentadora – 15, serão consideradas operações insalubres, aquelas que se desenvolvem acima dos limites de tolerância previstos no mesmo documento. A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá ocorrer com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância ou com a utilização de equipamento de proteção individual. Assim, devem ser utilizados respiradores apropriados em conformidade com os requisitos necessários.
A expressão “respiradores apropriados”, a primeira vista parece óbvia, mas envolve vários aspectos citados a seguir, que não as tornam tão simples assim.
Conforme o item 4.2.2.2 do Programa de Proteção Respiratória – Fundacentro, para se selecionar o respirador adequado ao risco que o trabalhador ficará exposto durante sua jornada de trabalho, vários aspectos precisam ser considerados. Seguir este documento é a melhor forma para uma seleção correta.
a) a natureza da operação ou processo perigoso;
b) o tipo de risco respiratório (incluindo as propriedades físicas, deficiência de oxigênio, efeitos fisiológicos sobre o organismo, concentração do material tóxico, ou nível de radioatividade, limites de exposição estabelecidos para os materiais tóxicos, concentração permitida para o aerossol radioativo e a concentração IPVS estabelecida para o material tóxico);
c) a localização da área de risco em relação à área mais próxima que possui ar respirável;
d) o tempo durante o qual o respirador deve ser usado;
e) as atividades que os trabalhadores desenvolvem na área de risco;
f) as características e as limitações dos vários tipos de respiradores;
g) o Fator de Proteção Atribuído para os diversos tipos de respiradores. (Tabela 1 Programa de Proteção Respiratória – FUNDACENTRO ou Quadro 1 da IN nº 1 de 11/04/1994)
Na prática, para situações rotineiras onde as condições do ambiente e da exposição, são conhecidas e controladas, a seleção pode acontecer de forma rápida e objetiva. Para exemplificar, pensemos numa situação hipotética, onde já se saiba quais contaminantes estão presentes (e não haja legislação específica, como para sílica e amianto), quais as respectivas concentrações (e que estejam abaixo do Limite IPVS), e se não há risco de deficiência de oxigênio. Nesses casos, onde praticamente está eliminada a necessidade de uma máscara autônoma ou uma linha de ar com cilindro auxiliar para escape, existem três aspectos que devem ser atendidos, para se ter um equipamento de proteção respiratória adequado ao risco de exposição e ao formato do rosto do usuário. São eles:
1) Cobertura facial adequada:
2) Respirador adequado (Filtro):
3) Selagem no rosto do usuário:
1) Cobertura facial adequada:
Para selecionar a cobertura facial adequada, é preciso entender e conhecer os dois conceitos abaixo:
FPA = Fator de Proteção Atribuído aos diferentes tipos de cobertura facial. (Tabela 1 do Programa de Proteção Respiratória da Fundacentro ou no Quadro 1 da IN nº 1 de 11/04/1994) Pode ser considerado como sendo o fator de proteção que cada tipo de cobertura facial pode fornecer ao usuário, desde que utilizada corretamente.
FPR = Fator de Proteção Requerido pelo ambiente. Obtido através do quociente entre a concentração do contaminante no ambiente de trabalho e o seu limite de tolerância, conforme expressão abaixo.
FPR = Concentração do Contaminante
Limite de Tolerância
Para selecionar a cobertura facial adequada, é preciso atender o seguinte critério:
FPA > FPR. Portanto deve-se selecionar um equipamento de proteção respiratória com FPA maior que o FPR pelo ambiente e que cujas limitações de uso não interfiram negativamente no uso a que será destinado.
2)Respirador adequado (Filtro):
Para respiradores purificadores de ar (que captam o ar do ambiente, filtram e mandam ar limpo para o usuário), seja de pressão negativa ou motorizado, é preciso que se escolha o filtro adequado aos contaminantes presentes.
A 3M possui um documento chamado “Guia de Seleção” de proporciona, de forma direta e objetiva, a escolha do filtro adequado ao risco da exposição, baseado na NR-15, e outras normas de órgãos internacionais, como ACGIH, OSHA, AIHA. Além dos Limites de Tolerância (Limites de Exposição), o Guia de Seleção também fornece dados, como Limite IPVS, Limiar de Odor, Comentários e notações (pele, notação A e etc.) que auxiliam no conhecimento das características do contaminante.
Nesta fase, também é preciso estar atento as limitações de uso de cada respirador o que inclui, entre outros, a MCU (Máxima Concentração de Uso) de cartuchos químicos (Tabela 2 do Programa de Proteção Respiratória da Fundacentro ou na ABNT/NBR 13696/1996)
Baseado no conceito acima, várias combinações se tornam possíveis. A seleção do conjunto Cobertura Facial e Filtro compõe um respirador. No caso de respiradores com manutenção, a escolha recai exatamente sobre a cobertura facial e o filtro adequados ao risco (salvo em respiradores com linha de ar comprimido).
Quando, em uma situação particular, mas muito comum, necessita-se de uma cobertura facial com FPA de até 10 vezes o Limite de Tolerância e um filtro para particulados, existe a opção de respiradores “sem manutenção”. Quando se escolhe um respirador desse, na verdade está se optando por uma cobertura facial de FPA = 10 e filtro para particulado P1, P2 ou P3.
3) Selagem no rosto do usuário:
A partir da seleção da cobertura facial e filtro adequados para um grupo homogênio de exposição, o EPI adequado para proteção respiratória está definido. Porém, ainda é preciso que cada usuário, tenha especificado um modelo que se adapte ao seu rosto, seja pela escolha do tamanho adequado, ou até mesmo pelo formato e o material de fabricação que variam de modelo para modelo e de fabricante para fabricante.
No caso de coberturas faciais com vedação facial, é preciso que cada usuário utilize o modelo e o tamanho que proporcione uma vedação adequada ao seu rosto. Assim, o Ensaio de Vedação, de acordo com a Instrução Normativa Nº 1 de 11/04/1994 - capítulo 7, deve ser realizado por TODOS usuários de respiradores com vedação facial antes do início das atividades e repetido no mínimo a cada 12 meses. Isto quer dizer que usuários de respiradores elastoméricos ou “sem manutenção” precisam realizar o Ensaio de vedação. Já usuários de coberturas faciais tipo touca, capuz ou capacete, com pressão positiva, que não possuem vedação facial, não necessitam.
O Ensaio de Vedação tem como objetivos, escolher modelo e tamanho de cobertura facial adequados ao formato do rosto do usuário, e também, verificar se o usuário está treinado e faz a colocação de forma eficaz.
Assim, com essas escolhas, podemos definir o tipo de cobertura facial e filtros adequados para um grupo homogênio de exposição. Mas como vimos, não basta apenas escolher um conjunto respirador e filtros, “com” ou “sem manutenção” adequados aos risco, sem ter a certeza de que o modelo escolhido realmente proporciona uma boa selagem no rosto do usuário. Para que o respirador seja eficaz, ou seja, proteja adequadamente cada usuário, é preciso ter a cobertura facial adequada ao risco, ter o filtro certo para os contaminantes presentes, e proporcionar vedação no rosto do usuário. Um respirador bem selado no rosto força o ar contaminado a passar pelos filtros e chegar a zona respiratória, já livre dos contaminantes. Por outro lado, uma falha na selagem cria um caminho muito mais fácil para que o ar contaminado acesse a zona respiratória.

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