quarta-feira, maio 09, 2012

UM ESTUDO DOS RISCOS DE ACIDENTES NO FRIGORÍFICO



Washington Luís Vieira da Silva
Departamento de Engenharia de Produção-NEP-Universidade Federal da Paraíba -João Pessoa-PB
E-mail: wlvs@bol.com.br

Wellington Miranda de Andrade
Departamento de Engenharia de Produção-NEP-Universidade Federal da Paraíba -João Pessoa-PB
E-mail: oleomir@bol.com.br

The present work has for objective to identify and to analyze the risks of accidents of the existent work in a butcher shop, through the Technique of Critical Incidents.

We denominated risks, a situation in which the individual is in the imminence of the danger of accidents [1]. It is indispensable we know how to identify and to evaluate the risks, that is, the latent aggressive characteristics in machines, equipments, energy, raw materials, etc., employees in the human activities. The risks are traditionally divided in five classes, characterized by the respective risk agents, like this contained: chemical, physical, biological agents, mechanics and ergonomic [1]. Whole safety's measures have the purpose of protecting the people through the following alternatives: eliminating, isolating or signalling the risks [1].

The subject of the risks in the work is an including subject where there is a fan of alternatives that demands participation of everybody that compose the organization chart of the company. To prevent accidents besides being a legal obligation for the company is also an activity of technical, administrative and economic value for the organization and of invaluable benefit for the employees and for the society.

Keywords: analysis, risks, accidents

1.Objetivos

O presente trabalho tem por objetivo identificar e analisar os riscos de acidentes do trabalho existentes em um frigorífico, através da Técnica de Incidentes Críticos.

2.Metodologia

Serão utilizados como metodologia, questionários, entrevistas e técnicas apropriadas para percepção dos riscos iminentes e obter comumente, uma visão apurada do posto de trabalho em estudo.

3.Introdução

Denominamos riscos, uma situação na qual o individuo está na iminência do perigo de acidentes [1]. É indispensável sabermos identificar e avaliar os riscos, isto é, as características agressivas latentes em máquinas, equipamentos, energias, matérias-primas, etc., empregados nas atividades humanas. Os riscos são tradicionalmente divididos em cinco classes, caracterizados pelos respectivos agentes de risco, assim agrupado: agentes químicos, físicos, biológicos, mecânicos e ergonômicos [1]. Todas as medidas de segurança têm a finalidade de proteger as pessoas através das seguintes alternativas: eliminando, isolando ou sinalizando os riscos [1].

A questão dos riscos no trabalho é um assunto abrangente onde há um leque de alternativas que demanda participação de todos que compõem o organograma da empresa.

Prevenir acidentes além de ser uma obrigação legal para a empresa é também uma atividade de valor técnico, administrativo e econômico para a organização e de inestimável benefício para os empregados e para a sociedade.

Na medida em que os acidentes são prevenidos diminui-se sua interferência nos componentes da qualidade, produtividade, quantidade, prazo e custo, logo, a prevenção de acidentes é um fator de produtividade para a empresa mais especificamente.

Essa prevenção se consegue, na prática, corrigindo e não criando condições inseguras nas áreas de trabalho, evitando os atos inseguros da parte do trabalhador.

Sabemos que todo e qualquer acidente do trabalho, culmina com prejuízos sejam eles materiais e/ou humanos, onde o homem e o meio são os dois únicos elementos inseparáveis e inevitáveis. Então uma forma de prevenir acidentes seria controlá-los e evitá-los aperfeiçoando o ambiente de trabalho ao homem.

4.Os agentes de riscos e suas características

Agentes Químicos

Pertencem ao vasto campo da ciência química e são encontrados nas atividades humanas, nos estados liquido, sólido ou gasoso. São os produtos com características corrosivas, tóxicas, alergênicas etc. A corrosividade de certos ácidos serve para ilustrar o assunto. Trata-se de uma propriedade do ácido e de um risco inerente às atividades que o empregam. Sob controle, isto é, manipulado sob todos os requisitos exigidos pelas normas de segurança, deixa de ser um perigo. No ambiente de trabalho, quando em contato com o organismo, podem exercer dos tipos de ações: ação localizada (atuam somente na região em contato) e ação generalizada (após o contato, os agentes são absorvidos e distribuídos para diferentes órgãos e tecidos). Podem ter três tipos de vias de absorção: respiratória ou inalatória, cutânea e digestiva. Podem apresentar-se no ambiente de trabalho de duas formas: distribuídos no ar (gases e vapores), divididos e suspensos no ar (poeiras, fumos, névoas, produtos químicos em geral e neblinas).

Agentes Físicos

São do campo da ciência física, considerando os agentes físicos diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: pressões anormais temperaturas altas ou baixas; ruídos; vibrações; diversos tipos de radiações; diversas formas de energia, como por exemplo, a eletricidade.

Agentes Mecânicos

São os que têm as características de agredirem as pessoas por meio de alguma ação mecânica. Alguns exemplos: qualquer obstáculo contra o qual alguém pode bater e sofrer uma lesão; peças de maquinaria em movimento; superfícies abrasivas; arestas cortantes etc. Uma faca exemplifica. Quanto mais afiada, mais eficaz o instrumento e mais acentuado o risco. O gume é a principal característica da faca; é um risco inerente ao trabalho no qual é usada. O perigo poderá estar na maneira de usá-la, na exposição da pessoa ao seu fio.

A eletricidade serve como paradigma. A corrente elétrica é agressiva ao homem alem de poder causar incêndios e explosões que resultam em grandes perdas. È um risco inerente às diversas atividades que empregam essa energia nas suas diversas formas de uso, instalações, e aparelhos elétricos construídos sob rígidos padrões de segurança e mantidos em boas condições neutralizam o risco para o homem e para a propriedade. O risco inerente, no caso a corrente elétrica, continua existindo, mas não será um perigo se estiver sob controle. Perigo há nas instalações mal feitas, improvisações, fios energizados expostos, sobrecarga etc., que podem causar danos a alguém ou a alguma coisa.

Agentes Biológicos

Denominamos agentes biológicos todos os microorganismos, como bactérias, vírus, fungos, protozoárias etc., cujas características agressivas ao homem provoca algumas doenças ocupacionais. São comuns em industrias farmacêuticas que trabalham com, ou cultivam, microorganismos para pesquisas ou produção de medicamentos. Estão presentes também em serviços hospitalares, porto-socorro e em industrias e estabelecimentos de produtos alimentícios, principalmente de origem animal, em curtumes, frigoríficos etc. Em qualquer ramo da industria pode estar presente nas instalações sanitárias, no ambulatório e mesmo na cozinha e refeitório. O perigo do contato de pessoas com o agente agressivo pode ser prevenido por meio de confinamento do agente, pelo uso de equipamentos de proteção individual ou por medidas de higiene. Existem três tipos diferentes de vias de penetração dos agentes biológicos no organismo humano, são elas: cutânea (ferimentos ou lesões na pele) digestiva (ingestão de material ou alimentação contaminada) e respiratória (aspiração de ar contaminado).

Agentes Ergonômicos

Ergonomia é o estudo dos problemas relativos ao trabalho humano, para a preservação de seu bem–estar físico e mental. Os agentes ergonômicos são necessariamente caracterizado pela relação homem / atividade. Aparecem em conseqüência de posturas que as pessoas assumem ou de esforço que exercem na execução das atividades, em razão de: vícios, negligência, ou mau preparo para a execução da tarefa que lhes cabe; inadequação do seu porte físico - estatura, envergadura, resistência – aos equipamentos, máquinas, ferramentas com as quais tem de trabalhar; situação de stress físico ou psíquico, trabalhos em turno diurno e noturno, monotonia e repetitividade, jornadas de trabalho prolongadas; falhas em projetos de maquinaria, ferramental, instalações, etc., que levam as pessoas a posturas inadequadas ou esforços excessivos; velocidades ou esforços excessivos devido ao arrocho do tempo padrão estabelecido para a tarefa.

Os agentes ergonômicos podem provocar distúrbios psicológicos e fisiológicos no trabalhador. Os danos provocados podem prejudicar não só sua produtividade, como também sua segurança. Exemplificando situações onde este agente está presente: uma pessoa ter de trabalhar o tempo todo, ou por longos períodos agachada; alguém de baixa estatura ter de operar máquina, cujos comandos estão em altura que seria confortável para uma pessoa alta; um digitador ser obrigado a efetuar um numero de toques, por minuto, maior que reconhecido como o limite normal para essa atividade.

A segurança do trabalho depende do reconhecimento dos limites físico e orgânico do homem a serem respeitados por projetistas de máquina, ferramentas e outros utensílios e pelos dirigentes de empresas, acima de tudo, pelos próprios executantes das tarefas, que tomando medidas que adaptam o homem ás condições dignas de trabalho possam prevenir graves danos à saúde do trabalhador.

5.Medidas de segurança

Um serviço de Segurança terá falhado na sua função se os riscos existentes no local de trabalho gerados pelos referidos agentes e fatores, não forem eliminados ou controlados com sucesso.

As medidas de segurança são aplicadas para proteger as pessoas por intermédio de uma das seguintes alternativas: eliminando, isolando ou sinalizando o risco.

Eliminar o risco significa torná-lo definitivamente inexistente, o que poucas vezes se consegue. Isto é conseguido nos seguintes casos: substituir-se um produto tóxico por um inócuo; substituir-se uma máquina cujo perigo não existe na substituta etc. Consegue-se

também por meio de reparos, corrigindo-se defeitos nos piso, escadas etc., corrigindo-se as falhas de máquinas, instalações etc.

Isolar o risco é a alternativa mais aplicada, mas não é válida como substituta da anterior, quando o perigo pode ser eliminado. A grande maioria dos riscos é apenas isolada, embora o método de isolamento muitas vezes isente as pessoas definitivamente do acidente. Por exemplo, muitas partes perigosas de maquinas, tais como engrenagens e correias, são isoladas por anteparos protetores, mas nem por isso deixam de existir; a corrente elétrica é um risco que não deixa de existir pelo fato de serem isolados fios, cabos e aparelhos; as características agressivas de um material corrosivo continuam existindo, embora isolados em recipientes adequados etc.

Sinalizar o risco é o recurso que se aplica quando não há possibilidade de se aplicar um dos dois anteriores. Não deve ser usada em substituição a eles, a não ser em caráter precário e temporário, enquanto se tomam as medidas definitivas. Exemplo de risco que só pode ser sinalizado é a extremidade de um cais, cuja depressão não pode ser eliminada e nem isolada; neste caso, uma faixa com listras transversais, em preto e laranja, é pintada com advertência do perigo.

Os objetivos da aplicação de medidas técnicas de segurança do trabalho são, na ordem de preferência, para: eliminar a probabilidade de ocorrência de acidentes, dificultar ao máximo a ocorrência de acidentes e evitar maior gravidade caso ocorram.

6.Resultados e Discussão

Através de um estudo superficial do posto de trabalho (Frigorífico) foram detectados os seguintes meios que possibilitam o acontecimento dos acidentes, que são os seguintes: facas, serras manuais e elétricas, moedor, amaciador e os ganchos.

Com a coleta de dados foram levantadas as causas mais freqüentes dos acidentes ocorridos no ambiente de trabalho, que são: excesso de confiança no manuseio da maquinaria já por portar uma certa habilidade há algum tempo; a tentativa de agilizar o processo devido a grande demanda ou até mesmo por atraso dos funcionários; diálogos desnecessários enquanto realizam as tarefas; o posicionamento de certas máquinas do ponto de vista ergonômico; falta de sinalização adequada; falta de limpeza no que diz respeito a formação de poças de sangue, vazamento das freezers e torneiras, caracterizando a possibilidade de quedas com possíveis fraturas daqueles que estão ligados intimamente com as tarefas; e preocupações referentes a vida pessoal que podem lhe tirar a atenção da tarefa em execução.

No ambiente de trabalho em estudo (frigorífico), foram levantadas as causas mais freqüentes dos acidentes ocorridos naquele ambiente de trabalho.Um dos pontos em discussão diz respeito à questão da organização do local de trabalho, onde há momentos durante a realização das tarefas, que as bancadas onde as peças de carne são tratadas ficam amontoadas de retraços referentes às peças maiores assim como um grande número de ganchos e facas que ficam espalhadas sobre as mesmas e com isso caracterizando um risco de acidente, até porque ao reduzir-se o espaço de trabalho, torna-se mais suscetível àquele local à ocorrência do acidente.No caso é necessário que o local de trabalho seja espaçoso o suficiente para a realização daquela tarefa que exige uma movimentação constante além de boa atenção e acuidade visual.Com isso surge a preocupação do local de trabalho ser limpo e bem organizado, pois é de fundamental importância que todos compreendam que resultarão em menos desperdícios e mais segurança.

Além desse fator organização, observamos também que a tentativa de imprimir excesso de velocidade a fim de agilizar o processo devido a grande demanda, produzir mais para trabalhar com mais folga mais tarde, competição com os colegas mesmo sem visar lucros e até casos em que se procura compensar qualquer atraso de produção usando esse expediente perigoso e nem sempre compensador economicamente são um dos motivos

que levam práticas inseguras desta natureza. A questão de imprimir excesso de velocidade também pode ser observado nas máquinas daquele estabelecimento. O impressionante é que a forma com que as pessoas correm grandes riscos de lesões sejam elas por processos repetitivos ou por colocarem parte do corpo, principalmente as mãos, em pontos perigosos onde no caso em estudo temos equipamentos manuais como serras, facas e outros elementos contundentes e também equipamentos elétricos como amaciadores, moedores e máquina de serrar onde a operação nessa última necessita de muita atenção, pois os produtos que entram em contato com a mesma libera constantemente sangue tornando a superfície de trabalho extremamente escorregadia, daí onde surge a necessidade já mencionada anteriormente que é a questão da limpeza do posto de trabalho.Vale ressaltar ainda que durante a operação da máquina de serrar existe a possibilidade de algumas partículas volantes serem lançadas contra os olhos do operador.

Sabemos que usar os maquinários e equipamentos são necessidades dos meios de produção e a grande preocupação é que os mesmos estão sendo utilizados com grande excesso de confiança já por portar uma certa habilidade há algum tempo.Abusando dessa tal habilidade deixam muitas vezes de obedecer ou seguir esta ou aquela regra de segurança, por acharem que elas poderão ser substituídas pela habilidade ou pela atitude absurda que chamam de coragem. Justamente devido a toda essa “habilidade adquirida” surgem as conversas paralelas do cotidiano que são perceptivelmente desnecessárias e tudo isso ocorrendo enquanto as máquinas estão sendo operadas. É nesse momento que enquanto suas atenções lhes são retiradas a partir de então surge a propensão ao acidente.

Ainda observando a questão da limpeza, no local de trabalho ocorrem formações de poças de sangue enquanto as peças que são os dianteiros e traseiro do boi são retalhadas. O fato é que além disto, observamos que o piso é todo em cerâmica o que torna a movimentação no local um risco de que ocorra uma possível queda daquelas pessoas que ali trabalham seguida de lesões mais graves. A maneira de vestir-se também faz parte da segurança de quem trabalha e usar roupas e calçados inadequados em relação ao trabalho que se executa é por em prática um ato condenável, que muitas vezes expõem uma pessoa a riscos adicionais àqueles típicos de sua atividade.

Tomando por base o risco ergonômico, a forma como são transportadas as peças que são os dianteiros e traseiros é um outro tipo de ato inseguro, pois se o individuo não saber a maneira correta de levantar volumes poderá sofrer lesões na espinha dorsal, nos músculos lombares e abusando de sua capacidade física e tentar carregar peso excessivo incorrerá no mesmo risco.

O ato inseguro independe do fato de ser o trabalho executado manualmente ou por meios mecânicos. Desde que seja efetuado de maneira perigosa, é ato inseguro. Instruções ao funcionário de como fazer o trabalho, treinamento para que consiga realiza-lo corretamente e disciplina para que seja feito de maneira correta são requisitos indispensáveis para a segurança dessa atividade.

Abordando a forma de como é distribuído o layout do ambiente de trabalho, pode-se dizer que existem passagens perigosas, que são locais de passagem obrigatórias, quando não providas das devidas medidas de segurança. É o caso do posicionamento da máquina de serrar que se encontra num local onde há um fluxo considerável de funcionários, fato que não deve ocorrer, pois qualquer ação involuntária de alguém que passe possa resultar num contato físico com o operador da maquina fazendo com que o mesmo venha a perder o equilíbrio e submeter-se num acidente de grandes proporções.

7.Bibliografia

GUALBERTO FILHO, Antônio. O Princípio da Produção Segura. Cadernos do DEP, v.4, n.12, São Carlos, UFSCAR, 1989.

COHN, A; HIRANOS, S; KARSH, U.S; SAFO, A.K. Acidentes de trabalho: uma forma de violência. São Paulo: Brasiliense, 1985.

[1] ZOCCHIO, Álvaro. Prática da prevenção de acidentes: ABC da segurança do trabalho. 6.ed. São Paulo: Atlas, 1996.

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