segunda-feira, julho 19, 2010

A evolução dos EPI

Desde os primórdios dos tempos, o homem busca a proteção individual quase que instintivamente. Os primeiros EPIs - Equipamentos de Proteção Individual foram registrados já na época das cavernas, quando o homem primata utilizava vestimentas de pele de animais para se proteger das intempéries do clima e enpunhava suas clavas contra animais da região hostil que habitava.

Na idade média houve uma importante evolução, quando os cavaleiros medievais passaram a se proteger das lanças do ataque inimigo por detrás das armaduras. Por sua vez, os povos indígenas utilizavam roupas feitas de couros de animais e penas de aves e empregavam arcos e flechas nos combates e caçadas.



A humanidade evoluiu. Vieram a Revolução Industrial, a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. As atividades artesanais cederam espaço às mineradoras, metalúrgicas e fundições. Desde então, a evolução dos EPIs nunca mais parou. Hoje, sua satisfação atinge um nível tal que julgamos não haver mais espaço para novos progressos. Ledo engano. A cada dia, descobrem-se novos materiais, parâmetros, tecnologias e metodologias que contribuem para sua evolução e buscam tão somente proteger o bem mais valioso que temos: a vida.



Prevenção é prioridade


Segundo os principais especialistas da área de Segurança e Saúde Ocupacional, as guerras mundiais contribuíram em muito para a evolução dos EPIs. Triste constatação: como pode um evento que traz tanta dor e sofrimento para os povos contribuir para a melhoria da segurança ocupacional e a preservação da vida humana?

"A guerra traz consigo a emergência em descobrir novos mecanismos que sirvam não só para descobrir o inimigo, mas que, principalmente, prolonguem a vida humana, uma vez que ela é a principal peça neste cenário", justifica João Aprile, diretor da ABS - Agência Brasil de Segurança.



Além disso, as guerras e a industrialização aumentaram a conscientização do homem quanto à importância de sua proteção individual. Isso levou o europeu, principalmente a partir da Revolução Industrial, a dar mais prioridade para a questão preventiva. A Europa e os Estados Unidos fizeram um balanço das perdas das vidas humanas, tanto com as guerras, quanto com o trabalho industrial, e constataram que o maior número de incapacitação ao trabalho ocorria no ambiente laboral, o que levou à busca de medidas que abrandassem esse quadro.



A Inglaterra foi o berço da legislação trabalhista e lá surgiram os primeiros movimentos visando a proteção ao trabalhador. Aquele país também exportou esse conceito, assim como especialistas na área de Segurança Ocupacional para vários países, inclusive para o Brasil, principalmente com o auxílio do Barão de Mauá, para a construção da malha ferroviária nacional no tempo do Brasil-Império.



O processo de industrialização no Brasil começou lento e gradativo. Durante o segundo reinado (1840-1889), o país ainda era essencialmente agrícola com vistas à exportação, principalmente de produtos como café e a borracha. Até então, as atividades industriais limitavam-se às tecelagens, serrarias, fiações e fábricas de bebidas e conservas. Metalúrgicas e fundições eram raras.



A crise de 1929 sobre a agricultura cafeeira e as mudanças geradas pela Revolução de 1930 alteraram os rumos da política econômica. Em 1931, Getúlio Vargas anunciou a determinação de implantar uma "indústria de base", que levaria o país a produzir insumos e equipamentos industriais e a reduzir sua importação, estimulando a produção nacional de bens de consumo. As medidas concretas para a industrialização, contudo, foram tomadas durante o Estado Novo, em 1937.



As dificuldades ao comércio mundial causadas pela Segunda Guerra Mundial favoreceram a estratégia de substituição de importações. Em 1943, foi fundada, no Rio de Janeiro, a Fábrica Nacional de Motores. Em 1946, começou a operar o primeiro auto-forno da CSN - Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (RJ). A Petrobras, que até hoje detem o monopólio da pesquisa, extração e refino de petróleo, foi criada em outubro de 1953. Em 1956, início dos anos JK (Governo de Juscelino Kubitschek), consolidou-se a implantação de indústrias de bens duráveis, sobretudo de eletrodomésticos e veículos. O Brasil entrava, definitivamente, na era da industrialização.



Todas essas alterações provocaram profundas mudanças na vida do trabalhador. De um lado, ele passou a se especializar em atividades que exigiam um maior aprimoramento técnico. Por outro, passou a correr maiores riscos, estando exposto a lesões e acidentes que colocavam em risco sua saúde e até mesmo sua vida. Esse novo cenário despertou o governo, empregadores e empregados para a necessidade de encarar a importância da prevenção de acidentes. Assim, o EPI começou a ganhar destaque como principal aliado em prol da preservação da vida do trabalhador e a evoluir notoriamente com o passar dos anos.



Diversificação de produtos



Luvas, calçados, óculos, aventais, protetores auditivos, máscaras respiratórias, capacetes, roupas de proteção, visores, cremes para a proteção da pele e cintos de segurança, entre outros equipamentos e produtos, são alguns dos EPIs mais utilizados na indústria. A falta de uso dos mesmos traz consequências sérias para a saúde do trabalhador.

Utilizá-los é a única forma de resistir a esses malefícios e prevenir possíveis doenças ao longo dos anos.



Porém, sem conscientização e, principalmente, a disponibilização do EPI correto para as atividades laborais, fica praticamente inviável a manuenção saudável do trabalhador. "Está havendo uma mudança de mentalidade, tanto por parte do empresário quanto do usuário, mas este é um trabalho que vem sendo feito há várias gerações, tamanho o grau de sua complexidade", ressalva Aprile, observando que a resistência ao uso existe, principalmente, em razão do desconforto que o equipamento pode exercer. "Esse fator, aliado ao pouco ou nenhum conhecimento, tem sido o principal agente contra a utilização dos EPIs".



Por isso, a evolução em busca de tecnologias inovadoras, que promovem a melhoria dos materiais, dando-lhes mais conforto, maleabilidade, design moderno e eficácia, traduz-se no aumento de sua utilização e consequente queda dos riscos e ocorrências de acidentes. "E demonstra, também, que o homem é o ser mais adaptável que existe no planeta, pois nenhum animal sobreviveria a certos tipos de exposição e nem suportaria executar algumas atividades. Porém, ele se adapta e acaba se acostumando com a sua realidade no meio ambiente de trabalho", analisa o diretor da ABS.



A utilização de EPIs começou a ser implantada no Brasil entre os anos 40 e 50, sendo sua maior parte importada da Europa. De acordo com Aprile, além das dificuldades com a importação, foi necessária uma grande adaptação dos equipamentos ao trabalhador nacional. "Entretanto, registros históricos mostram que, provavelmente, a segurança individual no Brasil começou a ser implantada já com o vaqueiro nordestino que, para enfrentar os desafios do sertão no Nordeste brasileiro, criou um traje composto por casaco de couro, calças, botas, luvas de couro, que são presas com uma tira na manga do casaco, e o chapéu de couro", conta.



A evolução do uso do EPI no Brasil também ocorreu em função do fato que, muitas empresas multinacionais, ao instalarem suas filiais no país, trouxeram, além do conhecimento, novas tecnologias e metodologias para utilização dos equipamentos. Por exemplo, a Duráveis Equipamentos de Segurança Ltda., que atua no mercado nacional há 49 anos, foi criada para atender às necessidades que o desenvolvimento industrial impôs ao mercado. Antecipar as tendências e e fornecer produtos em consonâncias com as normas nacionais e internacionais do setor também são diferenciais de suma importância. A empresa atesta que uma maneira de se manter atualizada com oque há de novidade no mercado em nível mundial, possibilitando no mercado em nível mundial, possibilitando acompanhar a evolução do setor, é participando de feiras e eventos internacionais.



A conscientização da necessidade do uso do EPI, tanto por parte dos empresários, quanto dos trabalhadores, impulsionou a evolução destes equipamentos. "Hoje, o trabalhador brasileiro frequenta as salas de aulas. Ele está em busca de novidades e quer aprender, o que demonstra o quanto está priorizando o seu papel no universo trabalhista. Por outro lado, o empresário está se conscientizando de que o EPI não é só mais um gasto e, sim, um investimento que impedirá que ocorram custos desnecessários com a ocorrência de acidentes em sua empresa e, sobretudo, problemas com impacto social e psicológico do acidente junto ao trabalhador. Estes fatores levaram o EPI a ocupar o lugar de destaque principalmente a partir dos anos 90, década que foi um marco importante para a história da Segurança Ocupacional no país", explica Aprile.



Eficiência comprovada








O C.A. - Certificado de Aprovação dos EPIs é um documento importante no universo da segurança do trabalho. Segundo o Artigo 167 da CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, o equipamento de proteção só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do CA do Ministério do Trabalho. O órgão responsável pela emissão do CA é o DSST - Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho, da Secretaria de Inspeção do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, que possui uma rede de laboratórios para a realização de ensaios em EPIs. A Divisão de Equipamentos de Segurança da Fundacentro possui um destes laboratórios e realiza testes em: luvas de borracha para eletricista, óculos de segurança, protetor facial, máscara de solda, cinturão de segurança , capacete de segurança, dispositivo trava queda, luva de proteção de tecido, luva de segurança de elos de aço, capa, macacão, blusa e avental para proteção contra intempéries e equipamentos de proteção respiratória.



Segundo José Damásio de Aquino, chefe da Divisão de Equipamentos de Segurança da Fundacentro, a procura pelos testes aumentou a partir da década de 90 com a abertura do mercado nacional e o surgimento de novos importadores de EPIs, que precisavam analisar seus produtos para verificar se atendiam ou não às especificações nacionais e, a partir disso, entrar com a solicitação do CA junto ao DSST. "Em função desta demanda, não foi possível dispor de tempo suficiente para dedicarmos à pesquisa de novos equipamentos e materiais. Essa será uma das áreas que vamos ampliar e retomar futuramente", esclarece ele.



No processo de análise de EPIs, a Fundacentro conta três tipos diferentes de interessados: o fabricante/importador, os fiscais do MTE e os usuários.

Conforme Damásio, os fabricantes e os importadores encaminham os EPIs para serem testados na entidade, a qual emite um relatório com os resultados. O fabricante/importador anexa o relatório aos demais documentos estipulados na Norma Regulamentadora n° 6 e solicita ao DSST a emissão do CA.



Durante o período de validade do CA, a fiscalização, através dos Auditores Fiscais do Trabalho, do MTE, a qualquer momento, pode apreender amostras dos EPIs para novos testes, visando conferir se os equipamentos continuam mantendo as mesmas qualidades e características apresentadas quando da emissão do CA. "A partir da apreensão do EPI abre-se um processo no DSST que pode levar à cassação do CA", alerta ele.


Já o terceiro interessado é representado pelos usuários, ou seja, as empresas que adquirem o EPIs e têm dúvidas quanto à qualidade dos mesmos ou adotam um programa de controle de EPI e, portanto, fazem a avaliação periódica deles. "Dentro desse grupo de usuários encontram-se, também, os sindicatos que podem fazer essas solicitações. Agora, com a revisão da NR6 e a inclusão da possibilidade de avaliação dos EPIs no âmbito do SBC - Sistema Brasileiro de Certificação, coordenado pelo membro Inmetro, outros laboratórios poderão fazer parte do processo de avaliação dos EPIs, o que, além de desafogar a entidade, tornará o mercado mais dinâmico", ressalta Damásio.

Conforto e Proteção
O grande desafio do profissional da área de Segurança Ocupacional não é só fazer com que o trabalhador utilize o EPI, mas, também, que encontre um equipamento que tenha um maior grau de proteção e que menos o incomode. É a partir daí, conforme Aprile, da ABS, que começam as pesquisas, o trabalho conjunto dos técnicos e fabricantes e a própria participação dos trabalhadores, de modo a ser encontrada uma solução que satisfaça a todos. "Muitas empresas possuem equipes técnicas, independentemente dos vendedores, que dão suporte aos clientes visando a melhoria de seus produtos e o aumento do grau de proteção ao trabalhador".
O diretor da ABS conta que, durante seus anos como técnico de segurança, muitas vezes apelou para o suporte do fabricante. "Um fato interessante aconteceu na Divisão Farmacêutica de uma empresa onde trabalhavam muitas mulheres. Elas reclamavam que os calçados de segurança eram muito pesados e causavam cansaço nas pernas. Ao explicar o problema ao fabricante, ele sugeriu um modelo de tênis de segurança com biqueira de PVC de alto impacto que, além de diminuir o peso, proporcionou um designer mais harmonioso para os pés femininos, garantindo o mesmo grau de proteção para as funcionárias", relata.




Conforme Aprile, a área médica auxilia bastante quando a questão é melhoria dos EPIs. "Em 1985 implantamos o uso do protetor auditivo numa empresa e houve muita resistência por parte dos trabalhadores. Pedimos para um enfermeiro do trabalho dar uma palestra sobre os benefícios do uso do protetor auditivo, bem como explicar a forma correta de utilização dos diversos tipos. Na época, o tipo plug estava começando a ser utilizado pelas empresas e ainda existiam muitas dúvidas quanto a sua eficácia. Com isso, os usuários passaram a entender melhor seu funcionamento e passaram a usá-lo sem maiores problemas", conta.



A necessidade foi, também, uma das principais alavancas para a evolução dos EPIs. Imagine só um soldador que utiliza toda uma parafernália para

se proteger - roupas, máscara e um protetor auditivo tipo concha - e ainda tem a influência do ambiente e das altas temperaturas a que é exposto. A evolução levou ao desenvolvimento de peças mais leves e acopladas, que facilitaram a utilização e deixaram o profissional mais à vontade para trabalhar.




Há, ainda, a questão da posição que o trabalhador acupa no posto de trabalho. Segundo Aprile, da ABS, no caso dos torneiros mecânicos é preciso o uso de um avental, mas não pode-se usar luva, pois a mesma pode ficar presa na máquina. Ele precisa, também, de um óculos confortável, que proteja seus olhos dos cavacos que saem das máquinas, e para completar a proteção, é necessária a utilização de um boné, que vai evitar que os cavacos passem por cima dos óculos e atinjam seu rosto quando o óculos escorrega por causa do suor. "A utilização do boné é uma amostra da evolução, pois não era assim antigamente. De repente alguém detectou o problema dos cavacos, achou a solução e transmitiu-a para todos os demais", diz, o que atesta que a troca de informações também é imprescindível para a evolução do setor.



"Certa vez, um fornecedor me contou que, além da luva de raspa, produzida com couro bovina, ele fabricava luvas de couro de tubarão com exclusividade para uma indústria. A indústria comprava este tipo de luva por apresentar uma vantagem muito grande com relação à luva de couro bovino, já que as fibras do couro de tubarão, ao contrário das de couro bovino, são trançadas, o que confere maior poder de resistência às luvas", comenta Aprile. E ele também informa que a participação do trabalhador também conta para a evolução e o uso correto do EPI. "É ele o principal envolvido e quem deve lutar para ter a sua saúde assegurada. Portanto, quanto mais participativo, melhor para a evolução do EPI", avalia.



Segundo Denise Grün, gerene regional de negócios da Divisão Tyvec® Roupas de Proteção, da Du Pont do Brasil S.A., o ideal é garantir proteção proporcionando conforto. "A evolução está caminhando para isso. Prova disso é a flexibilidade que os tecidos apresentam hoje em dia, como é o caso do Tyvec®, um não-tecido bastante maleável, o que lhe confere uma característica de confortabilidade", diz.



Ela acrescenta que a conscientização também é importante. "Até quatro anos atrás, o conceito de proteção da pele praticamente não existia. Hoje, a proteção atua como um todo, pois não há condições de proteger somente o aparelho respiratório e deixar de lado a pele, que consiste numa grande via de contaminação", ressalta.
Casos de dermatites ocupacionais comprovam esse fato. Nesse contexto, não só a utilização de vestimentas apropriadas, mas também o uso de cremes de proteção para pela têm uma atuação considerável, incluídos na NR 6 como EPI. Dessa forma, o creme para as mãos representa um item a mais a favor do trabalhador", confirma Maurício João Mazzulli, supervisor de vendas da Pomp Produtos Hospitalares e de Segurança do Trabalho Ltda.




Os cremes surgiram na Segunda Guerra Mundial. Segundo Mazzulli, a indústria bélica era muito ativa e no piso de fábrica o trabalhador esta prejudicando-se por causa dos óleos e graxas utilizados nas máquinas, os quais causavam irritação na pele e provocavam dermatites. Com isso, ocorria a diminuição da produção, já que o trabalhador tinha que se afastar do local de trabalho, o que fez surgir a necessidade de desenvolver um produto que o protegesse dos agentes nocivos destes produtos.

O primeiro creme foi elaborado à base de óleo de baleia e, com o passar do tempo, aconteceram as evoluções das fórmulas, que já foram à base de parafina e silicone e, atualmente, são à base de resinas.



"No Brasil, a utilização dos cremes começou na década de 70", relata Mazzulli, da Pomp, explicando que, apesar de ser um EPI, o creme não substitui a luva e, sim, é utilizado como uma proteção adicional. No entanto, pode ser utilizado sozinho em casos especiais, nos quais não há possibilidade de utilizar a luva, como em equipamentos rotativos, ou para micromanipulação de peças, que deixam o usuário exposto a agentes agressores.



Além disso, eles podem ser utilizados em conjunto, como, por exemplo, em tarefas em que o funcionário precise usar a luva para evitar que o suor das mãos manchem as peças, e ao mesmo tempo, necessite proteger-se dos óleos e graxas que possam, transpassar a luva e atingir a pele. "Uma vez aplicado na superfície da pele, o creme forma um filme de proteção química contra a penetração de substâncias agressivas, evitando a contaminação ou efeitos nocivos", explica Mazzulli.



Segundo ele, o objetivo básico do primeiro creme de proteção era impedir a penetração dos óleos e solventes. "Depois surgiram os água resistentes que, além de resistirem aos agentes químicos, não solubilizavam em contato com a água. Finalmente, o grupo de cremes especiais para a linha de pintura, para substências ácidas, ou em alguns casos, incorporam o conceito 3 em 1, ou seja, três famílias de cremes em um só produto, água, óleo resistente e pintura", diz.



Hoje o mercado tem a sua disposição uma gama variada de cremes. Para o supervisor da Pomp, além da evolução da formulação dos cremes, o grande diferencial é o atendimento ao cliente e a assistência técnica. "Essa também é uma consequência da evolução, pois o apoio técnico é muito importante para ajudar o fabricante a atender efetivamente as necessidades do usuário e, assim, possibilitar a evolução de seu produto", pondera.



Exigência X garantia de proteção

Para Damásio, da Fundacentro, é a partir da cobrança dos usuários que os EPIs vão melhorar a qualidade em termos de conforto e desempenho e o que levará o fabricante a melhoria contínua. "Ao ter seu EPI reprovado num teste, o fabricante vai promover a alteração deste material e fazer novas amostras. Com isso surgirão novas tecnologias e soluções", comenta ele, informando que, até 1992, o mercado nacional era fechado e a gama de EPIs nacionais era muito pequena. Com a abertura do mercado, vieram novos equipamentos, gerando, também, a necessidade de criação de normas específicas que são elaboradas, no caso do Brasil, pelo Comitê Brasileiro 32, da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. "Quem participa das comissões que elaboram essas normas são representantes de fabricantes, de usuários e de laboratórios, entre outros. As normas, que geralmente são elaboradas a partir de textos estrangeiros, devem conter especificações que atendam, no mínimo, à legislação e a realidade brasileira", explica ele.




De acordo com Jaime Cyrulnik, diretor técnico da SP Equipamentos de Proteção ao Trabalho Ltda, empresa que está há 27 anos no mercado, a globalização contribuiu sumariamente para a evolução dos EPIs. "Os fabricantes buscaram novas parcerias e, ao associarem-se com empresas estrangeiras, influenciaram na evolução. No nosso caso, tivemos um desenvolvimento muito amplo acerca da área de proteção contra quedas e no que se refere à fabricação de roupas para bombeiros e seus componentes, como luvas, capacetes e botas, incluindo, também, as vestimentas que são utilizadas por baixo da roupa. Antigamente, esses produtos eram importados e, hoje, já fabricamos tudo aqui no Brasil", destaca.



A evolução do setor de proteção contra quedas resultou em transformações como a do cinto de couro, que surgiu a partor dos modelos de arreios de couro usados nos animais e passou a ser fabricado com tecido sintético. E hoje é estruturado seguindo o mesmo estilo dos cintos utilizados pelos pára-quedistas.

"Os cintos antigos eram presos na cintura, e numa queda o trabalhador podia sofrer uma fratura. Já o cinto do tipo pára-quedista prende toda a parte do tronco humano, fazendo com que o corpo caia reto e não sofra possíveis deformações", salienta Cyrulnik, da SP Equipamentos.



O setor de proteção contra quedas exerce um papel relevante no universo prevencionista, já que a possibilidade de riscos de quedas existe em todas as áreas onde há atividades em que o trabalhador precise ficar suspenso, o que não ocorre somente em atividades executadas nas alturas, mas também, em subsolos e espaços confinados.




De acordo com o engenheiro F Gulin, diretor da Equipamentos Gulin, a evolução desse setor começou a ganhar dimensão no Brasil há cerca de 30 anos, principalmente depois dos incêndios que ocorreram nos prédios Andraus e Joelma, em São Paulo. A elaboração dos equipamentos de movimentação vertical sofreu, na ocasião, influência dos produtos que já existiam no exterior, como foi o caso dos escapes de emergência utilizados pelo Corpo de Bombeiros nos salvamentos das vítimas de incêndio. "Foram feitas inúmeras adaptações à realidade nacional e criaram-se diversos equipamentos de proteção contra quedas que, até hoje, são usados na construção civil, espaços confinados e plataformas petroquímicas", comenta ele.



Na década de 60, conforme ele, só existiam os pesados trava-quedas com cabos retráteis para a proteção dos trabalhadores no deslocamento vertical com risco de queda. "Na década de 70 introduzimos, no Brasil, os pequenos e leves trava-quedas para movimentação em cabo fixo de aço ou corda sintética. O sucesso dos novos trava-quedas foi tão grande que, em 1979, o Ministério do Trabalho determinou seu uso em todos os andaimes e cadeiras suspensas", conta Gulin.



Atualmente, a sofisticação da linha de equipamentos de proteção contra quedas chegou a tal ponto que surgiram os trava-quedas inteligentes que acompanham a movimentação vertical dos trabalhadores, inclusive em curvas laterais ou frontais, situação comum em indústria petroquímica.



As cadeiras suspensas também evoluiram e já utilizam o conceito de trava queda integrado, ou seja, caso rompe ou solte o seu cabo de sustentação, o trabalhador continuará sentado em uma posição confortável, à espera de resgate. "Para trabalho em estruturas especiais, finalmente surgiu o prático sistema de linhas horizontais de segurança (Linas de Vida), que são instaladas em apenas 10 minutos e dão total segurança nesse tipo de atividade onde, até então, só havia proteção com a perigosa ancoragem crítica", salienta o engenheiro Gulin. E completa, "a evolução desse seguimento é constante e sempre surgirão novas maneiras de melhorar o ambiente de trabalho", destaca.

Qualidade internacional


Em geral, a evolução deste mercado também recebe influência do controle que o ministério do trabalho exerce sobre o uso dos EPIs.


Para Cyrulnik, da SP Equipamentos, a fiscalização é uma grande ferramenta para impulsionar a evolução, pois leva as empresas a testarem novos materiais com o intuito de adequarem-se às normas e produzirem EPIs cada vez mais sofisticados e que supram as necessidades prevencionistas. Ele cita o exemplo das fibras para a fabricação de roupas de proteção e outros acessórios. "Hoje existem fibras sintéticas, como Kevlar®, o Nomex® e o Tyvek®, que levam o Brasil a produzir EPIs no mesmo nível de qualidade que os importados", salienta.



Em se tratando de não-tecidos, a DuPont do Brasil, empresa que trabalha com materiais destinados à proteção da Pele contra agentes químicos, é referência no mercado nacional. Denise comenta que, antigamente, nos Estados Unidos, eram utilizadas roupas produzidas a base de PVC, butil e Neoprene e, naquele tempo, não existiam testes que comprovassem a eficácia da roupa. "As análises eram meio empíricas. Para proteger-se da ação de um produto muito tóxico, o profissional buscava utilizar uma roupa que fosse o mais grossa possível, sem no entanto ter certeza de que ela funcionaria realmente.



"O desenvolvimento de alguns órgãos especiais, como a EPA - Environmental Protection Agency e a OSHA - Occupational Safety and Health Act, nos EUA, permitiu buscar métodos de análise que culminaram no desenvolvimento de alguns testes para comprovação da eficácia ou não de roupas para proteção química", informa a gerente regional da DuPont do Brasil.



Conforme Denise, um dos testes mais enfático desenvolvido em relação à eficácia do tecido é o de permeação, que acabou com as dúvidas sobre como a pessoa poderia se contaminar, ao longo do tempo de exposição, sem que houvesse a penetração do líquido. "Esta era a visão macro do problema. Com os testes foram levantadas informações de que os agentes químicos têm a propriedade de efetuar a permeação através do tecido, ou seja, as moléculas interagem com o tecido e passam para o outro lado em nível molecular, sem que o usuário perceba, fazendo com que a contaminação adentre a pele e atinja a parte sistêmica, provocando doenças como o câncer", explica ela.



A gerente regional da DuPont do Brasil destaca que este teste foi realizado, pela primeira vez, há cerca de 20 anos e constitui um grande marco na área de não-tecidos, levando as empresas a desenvolvimento novos materiais.

Denise destaca o pioneirismo da DuPont ao implementar alternativas de materiais como Tyvek® e o Tychem, os quais garantem a absoluta proteção do usuário mesmo quando expostos a produtos extremamente tóxicos. "Hoje, o Tyvek® não é mais um material, e sim, uma forte marca que atua como um guarda-chuva onde, abaixo dele, estão todos os produtos oferecidos pela DuPont ao mercado, como a linha tychem, para produtos líquidos e gasosos, e a kapler, também para produtos químicos", complementa ela.



Outra novidade é que a empresa não trabalha mais como fornecedora de matéria-prima e, sim, só com produtos acabados. "Como a base da DuPont é extremamente voltada para a segurança do trabalhador, a empresa resolveu ser responsável pela roupa completa, garantindo, assim, sua efetiva segurança, uma vez que a vestimenta envolve outros detalhes, como a costura do tecido. Além disso, somos usuários de nossos próprios produtos, o que aumenta ainda mais nossa responsabilidade quanto à eficácia do EPI", salienta Denise.



Além disso, a Dupont criou a fibra Aramida Kevlar®, uma fibra de baixo peso com excelente resistência mecânica que, além de ser utilizada na aplicação de blindagem de automóveis e no setor de telecomunicações, entre outros, também é usada para a fabricação de EPIs.



Conforme Leilane Silva, líder de segmento Kevlar®, da DuPont, além da resistência térmica e durabilidade, o Kevlar® proporciona excelente resistência a cortes, sendo ideal para a confecção de EPIs, tais como: luvas e punhos de proteção, aventais, mangotes e perneiras utilizadas em indústrias automobilísticas, de vidro, aço, siderúrgicas, entre outras.



Na maioria dos processos industriais, os trabalhadores necessitam de proteção confiável contra cortes, abrasão e calor e as mãos são particularmente vulneráveis. Conforme ela, a substituição pela fibra Kevlar® proporcionou um alto nível de proteção combinada contra o calor e o corte, superiores às luvas similares de algodão e couro. "Dependendo de sua construção, as luvas de Kevlar® podem proporcionar seis ou sete vezes mais proteção contra cortes quando comparadas às luvas industriais de couro e de 2 a 3 vezes mais que as de algodão. Já em relação ao calor, podem suportar temperaturas de até 250°C, em trabalhos contínuos e até 700°C, em pequenos períodos. Além disso, elas não encolhem quando expostas a altas temperaturas", informa Leilane.



De acordo com Cesar Augusto de Souza, supervidor de vendas da Seiki Indústria e Comércio de Confecções Ltda., no campo das luvas de proteção, o design efetivamente não sofreu alterações. A evolução ocorreu em torno da tecnologia do fio utilizado para a sua confecção. "Ultimamente, é o Kevlar® o fio que está se destacando pela sua alta tecnologia e seus benefícios", ressalta.

Personalização


Muitas vezes, os EPIs precisam suprir algumas necessidades específicas do usuário. E este fator também promoveu algumas mudanças no setor de luvas. "Diante da necessidade do emrcado, com o tempo foram criadas luvas para atividades específicas, como, por exemplo, para uso em frigoríficos - fabricadas com fio de aço que protege contra risco de corte. O departamento de desenvolvimento de produto é muito importante, já que os clientes compram soluções e com uma equipe de vendedores técnicos, assistente de vendas, supervisores e gerente, conseguimos suprir todas as necessidades do mercado", comenta Souza, da Seiki.




A personalização dos EPIs também vale para outros setores. É o caso de trabalhadores que usam lentes corretivas e precisam de óculos de proteção com grau e que necessitam de calçados ortopédicos ou com palmilhas ant-stress. "A empresa tem que estar atenta a esses detalhes. Ao fornecer o EPI, ela deve ter uma ficha de controle pessoal para cada trabalhador - que serve, também, como um termo de responsabilidade - na qual estão anotadas todas as suas peculiaridades e que deve ser assinada por ele toda vez que receber um EPI novo e adequado às suas funções. Além disso, o EPI tem um tempo de vida útil que deve ser obedecido e devidamente descartado quando vence", salienta Aprile, da ABS.



Para Denise, da DuPont, a especificidade ajuda a atender a uma necessidade do cliente. "Como trabalhamos com uma gama







completa de materiais em nível de proteção, temos condições de desenvolver vestimentas especiais que atendam a essas necessidades. Adaptamos nosso material a uma modelagem específica, fazemos uma análise conjunta com o cliente e chegamos ao que ele precisa para sua atividade", exp´lica Denise, observando que não existem testes obrigatórios para obtenção do certificado de aprovação para roupas de proteção no Brasil: o fabricante assina um termo de responsabilidade atestando que a roupa é eficiente para usos específicos e está apta para uso. "Estamos atuando junto ao Ministério do Trabalho para conseguirmos desenvolver esses testes aqui também", informa.



Já Souza, da Seiki, complementa que a qualidade da matéria-prima utilizada na confecção do EPI é primordial para garantir o custo-benefício do cliente e zelar pelo bem estar do usuário. "As luvas têm que oferecer perfeita aderência, flexibilidade e segurança. Somente assim proporcionarão maior eficiência no trabalho, pois conservarão o tato e a mobilidade das mãos", exemplifica ele.



Contudo, para Aprile, da ABS, o avanço tecnológico nunca será o suficiente para suprir a necessidade de proteção do homem. "Por mais que as empresas invistam em pesquisas, sempre acontecerão fatos novos nos laboratórios, que trarão à luz novas técnicas para a formulação de EPIs cada vez mais eficientes e arrojados. É uma evolução contínua", aponta.



Proteção respiratória

A evolução dos equipamentos de proteção respiratória merece um capítulo à parte na história global da Segurança Ocupacional. Seus antecedentes registram que o reconhecimento da necessidade de proteger as vias respiratórias dos trabalhadores é um fato muito antigo.




Plínio (23 - 79 A.C.) menciona o uso de bexiga animal como cobertura das vias respiratórias sem vedação facial para proteção contra inalação de óxido de chumbo nos trabalhos dentro das minas. Leonardo da Vinci (1452 - 1519)=, antecipando alguns séculos da história, recomendou o uso de um pano molhado contra agentes químicos, caso ocorrece alguma querra química. No período em que a Europa foi atingida pela peste negra, por volta de 1656, foi inventada uma espécie de máscara parecida com um bico de papagaio, onde eram colocadas ervas aromáticas, cujo odor espantava os mosquitos que transmitiam a doença. Bernardo Ramazzini (1633 - 1714) apresenta uma visão crítica sobre a inadequada proteção respiratória dos minieiros de seu tempo que trabalhavam com arsênico, gesso e calcário, de trabalhadores que manipulavam tabaco e cereais em grãos e de cortadores de pedra.



Em 1700, no início da revolução industrial, apareceu a primeira descrição do ancestral da máscara autônoma de circuito aberto e fechado e da máscara de ar natural. Durante sua fase mais intensa, entre 1800 - 1850, começou-se a fazer diferença entre os contaminantes particulados e gasoso, anteriormente reconhecidos como "poeiras".



Segundo João Antônio Munhoz, do Departamento Técnico da Air Safety Indústria e Comércio Ltda., o desenvolvimento da proteção respiratória está muito ligado à atividade de mineração, principalmente aos trabalhos nas minas de carvão. É que, no fundo das minas surge, devido à decomposição de matéria orgânica, o gás metano, que é esfixiante e, em combinação com o ar atmosférico, forma o temido "grisu", um composto altamente explosivo. Em minas de carvão também é frequente a presença de enxofre, que forma o gás sulfídrico, altamente tóxico e mortal em altas concentrações. A falta de oxigênio causado pela distância que as galerias seguem a partir da entrada também representa um sério problema para os operários que atuam no interior das minas.



Com a evolução técnica do proteção respiratória, o EPI passou a ser adotado em ambientes fabris onde ocorriam escapes de gases. "As fábricas, que antes processavam materiais naturais e geravam poucos gases e partículas geralmente grossas e de pouco risco na inalação, passaram a processar substâncias cada vez mais complexas, que geravam gases venenosos e partículas muito mais finas e tóxicas do que as normalmente encontradas na natureza", observa Munhoz, da Air Safety.



Conforme ele, mesmo no início do século XX ainda havia pouca preocupação social com o trabalhador, e um grande número de pessoas adoecia após anos de trabalho, muitas vezes, doenças desconhecidas que raramente eram atribuídas ao ambiente em que trabalhavam.

"Os avanços mais rápidos ocorreram durante a I Gerra Mundial, com as máscaras de uso militar. Os alemães geravam aerossóis altamente tóxicos no campo de batalha, forçando o desenvolvimento de filtros altamente eficientes contra particulados. Um desses filtros, desenvolvido em 1930, usava lã animal impregnada de resina, cuja eficiência atingia cerca de 99,99%. Atualmente, os filtros contra aerossóis utilizam fibras mais baratas e acessíveis, com baixa resistência à respiração e com boas propriedades contra o entupimento superficial. Também começaram a surgir os cilindros de aço mais leves, que resistiam a maiores pressões e poderiam armazenar, assim, uma quantidade maior de ar respirável comprimido. Além de serem carregados nas costas. Apesar de apresentarem problemas com válvulas e registros, já eram equipamentos que podiam ser usados pelos bombeiros e equipes de salvamento com maior grau de confiabilidade", conta Munhoz, da Air Safety.




A Segunda Guerra Mundial trouxe novas técnicas e novos materiais. Muitas doenças já eram diagnosticadas como decorrentes do trabalho em ambientes contaminados, e algumas medidas de saneamento e precaução passaram a ser adotadas. "Do pós-guerra até os dias de hoje, a indústria desenvolveu uma enorme variedade de materiais que trouxe problemas ambientais, possibilitou o desenvolvimento de doenças e determinação de suas origens, mas que também impulsionou as técnicas e equipamentos para avaliação de ambientes e promoveu o desenvolvimento dos EPIs mais sofisticados e eficazes", declara Munhoz.



No Brasil, equipamentos para proteção respiratória vêm sendo utilizados há muitos anos. Segundo o representante da Air Safety, antigamente eram bastantes simples, porém com o tempo foram surgindo equipamentos mais modernos, e a indústria nacional também passou a se preocupar mais com a qualidade, eficiência e conforto dos equipamentos que produzia.



As máscaras contra gases, também conhecidas como respiradores, constituem-se como importantes componentes da segurança em atividades do dia-a-dia de uma indústria, protegendo os trabalhadores das partículas ou gases, ou ainda, atuando conjuntamente. "Dependendo dos agentes químicos ou biológicos presentes no ar, um respirador semifacial pode não ser suficiente, pois os olhos são muito sensíveis a estes produtos, além de serem pontos de penetração de bactérias. Para estes casos, pode ser adotado uma máscara facial inteira, com adição, inclusive, com um visor para proteção dos olhos", alerta Munhoz.



De acordo com José Antônio Puppio, diretor da Air Safety, alguns tipos de respiradores são abastecidos com linha de ar comprimido, o que oferece proteção extra ao usuário, que pode respirar o ar proveniente de uma fonte abastecedora à distância. "Os melhores respiradores, principalmente para uso em combate a incêndios ou em grandes vazamentos de gases, são as máscaras autônomas de ar comprimido. O cilindro, que é colocado nas costas do usuário, contém o ar comprimido a sua autonomia pode chegar a uma hora de duração, fornecendo ar respirável com pressão positiva", informa.



Atualmente, as máscaras contra gases são produzidas com uma variedade de materiais, como o silicone, e de diversos tamanhos e formas. As máscaras de uso militar mais modernas são equipadas com tubos de sucção por onde os soldados podem ingerir líquidos e permitem a adaptação de lentes corretivas. "Os novos respiradores de defesa química também são dotados de menbranas de comunicação, acessórios para equipamentos de comunicação, acessórios para equipamentos de radiocomunicação e protetores de borracha para a cabeça. No entanto, mesmo com os avanços da moderna tecnologia, as máscaras contra gases continuarão a ser aperfeiçoadas para defesa contra efeitos químicos, biológicos e nucleares", observa Puppio.

Muitas empresas multinacionais operam ativamente para alavancar a evolução dos EPIs no Brasil. "Hoje, nosso know-how tecnológico em termos de EPIs para proteção respiratória é global", ressalta Osny Ferreira de Camargo, gerente técnico de soluções para saúde ocupalional 3M. Ele informa que a empresa começou a atuar nessa área por volta de 1950, com uma máscara simples, fabricada com um não tecido e provida de dois elásticos, que possibilitava a colocação sob a face e permitia que o usuário respirasse um ar purificado. "Era um equipamento rudimentar e descartável que funcionava em ambientes com poeiras grosseiras em suspensão. Porém, ele se tornou um conceito revolucionário na época", garante ele.




Conforme Osny, a evolução de uma fase para outra dentro do histórico das máscaras levou cerca de 20 anos e contou com três momentos importantes: o surgimento da máscara sem manutenção, conhecidas também como descartáveis; a incorporação de filtros às máscaras; e a criação das válvulas de exalação, o que acrescentou um detalhe especial nas máscaras respiratórias, uma vez que ela deve apresentar eficiência quanto à retenção de contaminantes e, por outro lado, deixar o ar sair, respeitando as suas fases do processo respiratório, que são constituídas pela inalação e exalação.



Além disso, segundo o gerente da 3M, uma outra evolução que ocorreu no âmbito da máscara sem manutenção foi o surgimento do respirador dobrável. "A estrutura da máscara dobrável permite que o operário dobre-a e a guarde no bolso quando sai do local de trabalho. É um conceito mais prático, que, porém, pode apresentar alguns riscos caso o operário esqueça de colocá-la novamente ao voltar ao posto de trabalho", alerta ele.



Os filtros foram os grandes personagens na história da evolução da proteção respiratória. A melhoria do conceito permitiu que a estrutura da máscara se aperfeiçoasse, possibilitando que fossem acoplados filtros que melhoraram sua performance. "Surgiram os filtros de microfibra de polipropileno com alto poder de filtração. Depois vieram os filtros de carvão ativado que são utilizados dentro desta mesma estrutura e filtram gases e vapores. Outro advento importante foi o da eletrostática que, além de aumentar o poder de filtração dos filtros mecânicos, auxilia na captura de partículas tóxicas e as retém na manta filtrante. Além disso, existem os filtros recambiáveis, que possibilitam que o operário utilize a mesma peça facial e faça somente as trocas dos filtros de acordo com o ambiente em que vai trabalhar. A 3M comercializa este tipo de filtro há aproximadamente 12 anos", explica João Corder, do setor de serviço técnico da 3M.



Osny, também da 3M, destaca que todas essas transformações traduziram-se em conforto e amenizaram os sintomas de stress e cansaço que o ambiente de trabalho proporciona ao trabalhador. "Muitas vezes, o operário incorpora as características ambientais do local de trabalho e o uso de EPIs pode amenizar esses impactos. Existem tipos de atividades em ambientes mais agressivos que o operário precisa fazer até três trocas de máscara, tamanha é a incidência de partículas no local. Por isso, os estudos visando não só a melhoria dos EPIs, mas também das condições do ambiente de trabalho nas empresas são imprescindíveis para a evolução do mercado", avalia ele. E acrescenta que a necessidade do cliente também contribuiu para que o fabricante busque tecnologias que atendam as suas expectativas.



Além disso, a eficiência do respirador ressalta-se ainda mais quando ele é utilizado corretamente. Para Corder, da 3M, a postura do usuário também está evoluindo em consonância com os equipamentos. Um fator considerável tem sido a aplicação de treinamentos em usuários de respiradores. "Muitas inovações são oriundas das requisições feitas pelo trabalhador. Hoje ele é muito exigente e interage com as informações, o que requer maneiras mais dinâmicas de supri-lo no dia-a-dia. Neste contexto, o treinamento tem sido um excelente canal de comunicação, não só por ensiná-lo a utilizar o EPI adequadamente, mas, também, porque o coloca em contato com todas essas informações que adquirimos ao longo do nosso trabalho", ressalta ele.

Para Munhoz, da Air Safety, o fabricante de equipamentos para proteção respiratória tem o dever de procurar desenvolver sempre o melhor equipamento para o usuário. "Por isso, toda empresa deve ter um departamento para desenvolvimento e pesquisa que atue tanto no mercado nacional quanto no internacional para se manter atualizado e em sintonia com as tendências do mercado. Além disso, fazer parte de entidades ligadas ao setor é imprescindível. A Air Safety, por exemplo, é mantenedora da ISRP - Sociedade Internacional de Proteção Respiratória no Brasil e seus engenheiros estão sempre reciclando e aprimorando seus conhecimentos", salienta.




Ainda segundo o representante da Air Safety, o desenvolvimento de equipamento de proteção respiratória é algo dinâmico que não vai parar nunca. "Sempre estaremos buscando materiais melhores em mais eficientes. Ainda não temos condições de avaliar comos erá a proteção respiratória no futuro, mas, certamente, será melhor e mais adequada que a que existe hoje", conclui.

Artigo publicado da Revista Meio Ambiente Industrial, Ano VI - Edição 36 n°35 - Março/Abril de 2002. (www.meioambienteindustrial.com.br)

3 comentários:

WebMedia Group Portugal disse...

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guga disse...

Parabéns ao criador dessa matéria, muito bom e me foi muito útil.
valeu mesmo.

Anônimo disse...

Legal, é realmente muito interessante e completo.